DESPEDIDA
Como um pião é a vida, companheiros.
A vida gira como tudo gira,
e tem cores como as do céu. A vida,
a vida é um brinquedo, companheiros.
De trabalhar brincamos muitos anos,
de estar tristes ou alegres, muito tempo.
A vida é o pouco e o muito que nós temos;
a moeda do pobre, companheiros.
De gastá-la brincamos muitos anos
entre risos, trabalhos e canções.
Assim vivemos dias e compartimos noites.
Mas vem chegando o inverno que esperou tantos anos.
Quando o sol se levanta a despertar a vida
e penetra umidades e delírios noturnos,
quisera novamente estar junto a vocês
com minha antiga moeda a brilhar entre as mãos.
Mas vem chegando o inverno que esperou tantos anos.
Adeus, adeus, adeus, saúda-os um irmão
que gastou a moeda de um tempo já passado.
Adeus, já chega o inverno que esperou tantos anos.
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AQUÍ LIBER FALCO. Xilografías de Clarina Vicens. Montevideo Talleres Gráficos Villaamil, 1972. s.p. ilus. col. 22x30 cm. capa dura “carpeta con una selección de poemas realizada por Olga Montero y grabados en madera impresos de los tacos originales de Clarina VIcens, edición de mil ejemplares, firmados por la autora.” Col. Zenilton de Jesus Gayoso Miranda (EA)
TEXTOS EN ESPAÑOL
TRADUCCIONES AL PORTUGUÉS
por ANTONIO MIRANDA
INFANCIA
Vivías en una casa grande,
graneles pájaros asomaban a tus ventanas.
Y como si todo hubiese muerto ya,
y como si todo por primera vez,
por vez primera todo, se aprestara a vivir
cada mañana, de nuevo y siempre,
descubrías las cosas y los seres del mundo,
de nuevo y siempre, cada mañana .siempre.
Mas, el tiempo pasó.
Pasaron días y días; tiempo y tiempo.
Y vino y sobrevino la noche.
INFÂNCIA
Vivias numa casa grande,
grandes pássaros apareciam em tuas janelas.
E como se tudo já estivesse morto,
e como se tudo pela primeira vez,
pela primeira vez tudo se adiantara a viver
da manhã, de novo e sempre,
descobrias as coisas e os seres do mundo,
de novo e sempre, cada manhã sempre.
Mas, o tempo passou.
Passaram os dias e dias; tempo e tempo.
E veio e sobreveio a noite.
REGRESSEI A MINHA CASA
NA NÉVOA DA TARDE TRISTE
ANDEI PELAS RUAS
JUNTO AOS MURO VELHOS
NINGUÉM O VIU
E MEU CORAÇÃO CHORAVA
MEU CORAÇÃO ÀS VEZES SE DESVESTE
IRMÃO
NA NÉVOA DA TARDE TRISTE,
DESNUDAI VOSSA ALMA:
POIS O CORAÇÃO É VELHO E SÁBIO
E O CORAÇÃO EXISTE
JUVENTUDE
Era alegre a tarde
e alegre era a vista
Tudo era alegre e bom
E encima estava o céu
Escuro às vezes, pálido às vezes
Ausente às vezes estava o céu
Mas era azul e branco e bom
E era o céu.