HOMERO MARTINEZ ALBIN
(1891-1935)
Montevideo, Uruguay.
TEXTO EN ESPAÑOL - TEXTO EM PORTUGUÊS
PAISAJE EXPRESIVISTA
Nos tende su mano
fluente y dorada
la tarde invernal.
Rumías, manso buey tendido.
Tus pupilas — faros del instinto —
calientan al son aterido.
La higuera es gris.
Esqueleto nudoso.
Y la arboleda de eucaliptos
se ciñe estremecida una estela violeta.
Tambores del ferrocarril.
Ulular agudo rasgante:
Enfrías la seda del aire
con tu hoja de acero.
El crepúsculo — guerrero cansado —
alza en vano su escudo:
le clavaste una flecha alarido tremante.
Así fue desangrandose
serenamente al Sol.
El abanico de pinos
— incensário de cristal —
espolvoreó su ritmo ágil.
Tónica onda de resina.
Oh, aquel álamo rígido y frío,
desnudo,
en la desnudez de ópalo,
del cielo desnudo!
TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução: Antonio Mianda
PAISAGEM EXPRESSIVISTA
Estende sua mão
fluente e dourada
a tarde invernal.
Muges, manso boi estendido.
Tuas pupilas — faróis do instinto —
esquentam ao sol tiritando.
A figueira é cinzenta.
Esqueleto nodoso.
E o bosque de eucaliptos
se atém estremecida uma estela violeta.
Tambores da estrada de ferro.
Ulular agudo e lacerante:
Esfrias a seda do ar
com tua folha de aço.
El crepúsculo — guerreiro cansado —
ergues em vão o escudo:
cravaste uma flecha alarido trêmulo.
Assim foi dessangrando-se
serenamente ao Sol.
O abano de folhas
— incensário de cristal —
polvilhou seu ritmo ágil.
Tônica onda de resina.
Ó, aquele álamo rígido e frio,
desnudo,
na nudez de opala,
do céu despido!
Página publicada em maio de 2019
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