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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



GASTÓN FIGUEIRA

 

(Uruguay/ Uruguay)

 

Poeta uruguaio amigo de muitos poetas brasileiros; tradutor de poemas de Gilberto  Mendonça Teles. 

Autor de “Crucifixión de la luz” (1943), “Isla sin nombre” (1950). 

 

 

Tradução de Solon Borges dos Reis 

 

 

Como dois amantes pudicos e ardentes,

a Floresta e o Amazonas,

para amarem-se em segredo,

em sua alcova sombria,

apagaram a lâmpada um dia...

 

 

A IMENSA RONDA

 

Crianças de toda a América:

Sede sempre como irmãos,

Fazei uma imensa ronda,

Uni, uni, uni vossas mãos.

Crianças das três Américas:

Cantai os mais doces cantos,

Crianças de toda a América:

Sede sempre como irmãos.

 

Crianças de todo o mundo:
Sede sempre como irmãos!

Fazei uma imensa ronda,

Uni, uni vossas mãos.

Crianças do mundo todo:

Cantai os mais doces cantos,

Cantos de paz e concórdia,

Cantos puros como nardos.

Crianças de todo o mundo:

Sede sempre como irmãos!

 

 

BALADA DO POETA VAGABUNDO

 

Levo pela minha estrada larga

uma balada nos lábios.

Um sorriso nos olhos

e o coração na mão.

Le3vo pela minha estrada larga

uma balada nos lábios...

 

— A recordação traz uma dor?

A dor, esqueço-a nos meus cantos.

Levo pela minha estrada larga

a balada que mais amo.

O eco canta, às vezes,

com os seus lábios invisíveis.

 

— Dança a chuva ou dança o vento?

— Está a arde ensangüentada?

Como o sorriso nos olhos,

sigo o meu caminho sonhando.

Levo pela minha estrada larga

uma balada nos lábios...

 

E não importa que te acerques,

solidão do desencanto.

Não hei de te ver porque levo

o coração na mão,

o sorriso nos olhos

e a balada nos lábios...

 

Como é bom ir pela estrada

com a balada nos lábios,

o sorriso nos olhos,

e o coração na mão!

 

 

MÃE

 

Minha mãe, que tão distante estás,

como te lembro!

Parece-me ver-te de manhã, cedinho,

rumo da igreja, envolta num chalé,

levando para sinal,

nas páginas do teu missal tão pequenino

as cartas que te escrevi...

Quando eu era ainda menino

me ensinavas a rezar

ante uma imagem de Cristo.

E agora eu creio ver-te

todas as noites, no teu velho quarto,

rogando àquela mesma imagem

que vale, com doçura pia,

pelo filho que, um dia, abandonou o lar

com sede de distância e ânsia de vagar...

Quando eu era pequen,

cantavas para mim.

Deixa que agora, mãe, eu cante para ti,

longe, sim, de tão longe, a canção da saudade.

 

 

MOMENTO

 

Bem sei, Amazonas,

que a tua beleza é tão grande,

tão rutilante e tão misteriosa,

que não há voz que a possa cantar.

Se é possível bendizer a Deus

ou a Tupã.

 

Diante de ti,

minha alma como um pássaro novo,

se pôs a cantar...

Amazonas, eu te canto,

mas, sobretudo te guardo

no fundo do meu coração,

para poder, assim, iluminar

com a recordação da tua beleza

os meus momentos mais opacos de tristeza.

 

 

 

JOIAS DA POESIA HISPANO AMERICANA,  org.  ORICO, Osvaldo.  Lisboa: Livraria  Bertrand, 1945.  229 p.  12x19 cm.  “ Manuela González Prada “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Obs. Não se trata de uma edição bilíngue, textos apenas em português.

 

 

BALADA DO QUE EU QUISERA SER

 

Marinheiro,. marinheiro!

Apalpar todas as pétalas

dessa rosa sempre fresca

que é o Universo.

 

Marinheiro, marinheiro!

Ver a luz de oiro do sol

e a luz de prata da lua

brilhando nos sete oceanos.

 

Marinheiro, marinheiro!

Irmão das aves errantes,

e das castas madrugadas,

irmão da rosa dos ventos...

 

Marinheiro, marinheiro

de cantares sempre novos,

de coração sempre alegre,

com uma noiva em cada porto!

 

RITO

 

Aurora americana, grito de cores

na praia pontilhada de coqueiros.

Conversa de um papagaio

na choça dourada que desperta.

Conversa da água azul. Fala de um milhão de pássaros.

O novo dia desenha suas tatuagens indígenas,

amarelas e vermelhas

na pele azul do espaço.

Sentado na areia, bebo água de coco

lentamente,

religiosamente,

como se praticasse um rito:

minha comunhão matinal com o Trópico.

Aqui está minha alegria,

aqui nesta ilha

de casitas multicores,

dispersas num bosque

de loucos coqueiros,

com seus largos e verdes chapéus.

Aqui, nesta grande praia, é donde zumbe

a colmeia de minha alegria.

Aqui está minha poesia

nesta natureza pródiga,

nesta paz matinal,

nesta eterna primavera

cantada pela voz menina dos pássaros,

soli este céu azul.

Aqui está minha alegria,

em teus braços, mulher humilde e linda,

da cor da rapadura,

morena simples, boa e pura,

doce morena de olhar santo,

que sabes dar à vida outra luz e outro encanto.

 

 

 

 

FIGUEIRA, Gaston. Mi deslumbramento en el Amazonas. Buenos Aires: Cabaut Cia, 1935.  146 p.  12,5 x 17 cm.    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

  CANCIÓN DE PARA

Quien toma el tacacá,
quien bebe ti assahy,
Si no fuero de acá,
no sale más de aquí,
dice la dulce canción de Pará...
Yo, que a ti he llegado,
¡oh hermosa ciudad!
y siento tu embrujo
tenaz
en esta mañana
verde y azul,
en esta mañana
que es cual bosque lleno
de lianas de luz;

yo, que a ti he llegado
Pará,
y voy por tus calles
antiguas y nuevas
¡llenas de mangueiras!
¡llenas de mangueiras!      
aquí me quisiera
por siempre quedar. . .

¡Dadme un bebedizo
que nunca, que nunca
me deje marchar!
Dadme el assahy,
dadme el tacacá.
Yo creo,
Pará.
en eso que dice
tu dulce cantar:

Quien toma el tocará,
quien bebe el assahy,
si no fuera de acá,
no sale más de aqui.
 

 

EL POEMA DE LA POROROCA

Allá,

frente al cabo de Macapá,

en noches de luna nueva o luna llena,

ven las selvas desde hace miles de años,

una lucha feroz, que siempre recomienza.

La fuerza de la marea

vence al río. Corre una ola inmensa

bramando locamente. Y luego es otra

rápida ola

y luego, otra.

Avanzan terribles,

golpeando islas y mordiendo costas,

embistiendo con todo, derribándolo todo.

No conocen obstáculo. El océano

quiere vengarse de las veces que el gran rio

lo venció,

lo repelió

y hasta le dió su color y su sabor.

¡Lucha gigantesca del río y del mar!
¡Flujo y reflujo lunar!

Hay caboclos que junto a sus canoas, resguardados en tierra resignados esperan

oyendo aquel fragor que se extiende en dos leguas.
Voz gigantesca que el indio llamó pororoca.
¿Es el abismarse de una gran catarata ignota?

En la selva

donde la claridad lunar

sólo entra si un árbol caído la deja filtrar,

los pájaros revuelan desesperados junto a sus nidos

y lanzan ígneas luces los ojos de las serpientes.

Y la Luna —aliada del Atlántico—

con sus ojos blancos, es el gran testigo

de la lucha, allá,

frente al cabo de Macapá,

de esa lucha gigantesca en que ruge, desatado,

un odio milenario.

 

 

 

YACY

 

La Luna amazónica se llama Yacy.

Nunca cosa más linda en el mundo yo vi.

Cuando boga en las aguas de un igarapé.

es Yacy una blanca igarité.

Si en un igapó su pureza mece,

una gran Victoria Eegia me parece.

Si en un paraná

sonríe voluptuosa y clara,

Yacy es como una luminosa Yara.

A veces la he visto

durmiendo junto al bambual:

¿No es la más hermosa hija del garzal?

Cuando brilla en el bosque, Yacy

¿no es un gigantesco bogary?

Y en la selva azul del cielo

¿no es acaso una ninfa ecuatorial

—de todas la más bella—

bañándose en una gran cascada de estrellas?

Luna del Amazonas,

espléndida Yacy:

pon en mi alma un rayo

de tu luz. Así,

como una bendición lo he de llevar

para esta dolencia dulce de soñar...

 

 

 

CURUPIRA

 

                ( Habla una madre, india )

 

No vayas, hijito,
a jugar al mato.
Curuplra hoy debe
estar enojado.

 

Temprano, temprano vinieron los hombres,
vinieron los hombres y cortaron árboles,
muchos, muchos árboles.
Mordían las hachas los troncos altísimos.
Los troncos gritaban, gritaban los pájaros.

 

No vayas, hijito,
a jugar al mato.
Curupira hoy debe e
star enojado.

 

Tú sabes quién es Curupira.

Es el dios que defiende la selva,

es el dios que defiende los árboles.

Y a aquellos que llevan

la muerte a su reino,

los pierda en las sendas...

 

No vayas, hijito,
a jugar al mato,
que aún Curupira,
ansioso de vengarse,
debe estar escuchando
los gritos de las hachas,
los gritos de los árboles,
los gritos de los pájaros...

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2008; atualizada em julho de 2015. Ampliada em maio de 2019.

 


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