CARLOS ALBERTO GARIBALDI
Poeta do Uruguai. Nascimento: 1909. Morreu em 15.06.1971.
TEXTO EN ESPAÑOL - TEXTO EM PORTUGUÊS
RECONOCIMIENTO
Ahora que estoy em lo alto de un pensamiento,
y que mis palavras ruedan por los hombros pálidos del otoño
y que un brazo triste se curva melodioso hacia mi alma,
es que te canto y recuerdo, madre, desde adento de muchas
angustias.
Yo no te busco en el fondo de los ataúdes,
ni en las lejanas colinas de tinieblas,
ni en los abismos rodantes del recuerdo,
una sonrisa apenas en el crepúsculo
de alguna mujer perdida entre la niebla,
el ruido familiar de um caminante nocturno,
o las aguas del mar de lejanos cantos,
o el vuelo de los pájaros felices,
me traen tu imagen lenta y tu ser assombrado.
Aunque el perfil del invierno secuestre pinos y lámparas vacilantes,
reconocería mi jornada de dolor entre miles,
y todas las mañanas, al alba, borra mi pie las huellas
de recuerdos y terribles secretos.
Soy el único depositario de tu amarga sonrisa,
y de tu frente pálida,
y de tu mirada triste de un país del norte.
Sólo respira a tu lado el infantil engano,
y ya elegiste flor blanca para el libro abierto a medianoche,
el olvidado en apariencia, de hojas grises y cantos despiadados.
El ojo a veces no lo encuentra en lo oscuro,
mientras gemem implacáveis moribundos no frio noturno;
sólo yo sé su ubicación exacta y descubro su mirada entre la
sombra.
Cuando vuelvo de caminos submarinos,
con ojos de agua de mar miro tu rostro;
apenas fragmentos dorados de las profundas aguas
entre tu mano y mi mano, vacilantes.
Hay aqui en mi pecho un peso helado que me hiere;
pájaros lejanos me dicen canciones de invierno,
y tú, alta, bela, en la soledad,
cantas para mí palavras imposibles.
TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução: Antonio Miranda
RECONHECIMENTO
Agora que estou nas alturas de um pensamento,
e que minhas palavras rodam pelos ombros pálidos do outono
e que um braço triste curva-se melodioso até a minha alma,
é que te cano e relembro, mãe, de dentro de muitas angústias.
Eu não te busco no fundos dos ataúdes,
nem na distantes colinas das trevas,
nem nos abismos circulantes da lembrança;
apenas um sorriso no crepúsculo
de alguma mulher perdida na névoa,
o ruído familiar de um caminhante noturno,
ou as águas do mar de cantos distantes,
ou o voo dos pássaros felizes,
me trazem tua imagem lente e teu ser assustado.
Mesmo que o perfil do inverno sequestre pinheiros e lâmpadas
vacilantes,
reconheceria minha jornada de dor entre milhares,
e todas as manhãs, a alvorada, apaga meu pé de pegadas
de lembranças e segredos terríveis.
Sou o único depositário de teu amargo sorriso,
e de tua face pálida,
e de teu olhar triste de um país do norte.
Apenas respira ao teu lado o infantil engano,
e já elegeste a flor branca para o livro aberto à meia-noite,
o esquecido em aparência, de folhas cinzentas e cantos impiedosos.
O olho às vezes não encontra no escuro,
enquanto gemem os implacáveis moribundos no frio noturno,
apenas eu sei do sua localização exata e descubro seu olhar na
sombra.
Quando regresso de caminhos submarinos,
com olhos de água do mar miro teu rosto;
apenas fragmentos dourados das água profundas
entre tua mão e minha mão, vacilantes.
Hoje aqui em meu peito um peso gelado que me fere;
pássaros distantes me dizem canções de inverno,
e tu, alta, bela, na solidão,
cantas para mim palavras impossíveis.
Página publicada em maio de 2019.
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