Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

NUNO BRITO

 

Nasceu no Porto, Portugal, em 1981.  Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde fez a pós-graduação em História Medieval e do Renascimento e o curso de formação contínua em Teoria da Literatura. Frequentou o Instituto de Estudos Medievais em Roma.

Prêmio no Concurso Literário da Faculdade de Letras UP (Poesia).

Publicou a obra de poesia “Delírio Húngaro em 2009.

 

Nuno Brito. 
Antologia. Poesia. 
Brasília: Thesaurus, 2011. 74 p.
Edição de 260 exs. ISBN 978-85-64494-19-0

 

Delírio Húngaro

 

I.

 

Tal como a Morfina, tiro a dor ao homem

Quem me olha nos olhos nunca mais será livre

Sou a mulher mais bela de todas as mitologias

Sou o paraíso em vida — o mais perigoso de todos,

Sou loucura criadora

Patrícia, a Irmã de Deus

Os meus filhos são todas as coisas, todas as possibilidades

minhas filhas

Induzo os mais complexos suicídios,

Dou a vida e tiro a vida e não acho isso bem nem mal porque sou

uma flor e as flores não julgam — são indiferentes e tristes

Aconselho os românticos alemães a pegarem nas suas

espingardas e a lutarem por causas inúteis. Meto-lhes pólvora

nas armas,

Provoco-lhes os Maiores prazeres

Sou feita de carne e não de luz -
Sou Nossa Senhora do Polo Norte

a ver o sol pingar sobre o gelo:
-------------------------------------

 

II.

 

Sou o sonho de um camelo deficiente,

o delírio das gémeas siamesas

o pesadelo de quatro girafas recém-nascidas

A paralisia é o contrário de Deus — dizias

Por baixo das minhas saias, afago-te a cabeça —

Sou as cinzas de um ditador a voar no bico de um corvo

todos os vendedores de marmelada na fronteira do Iraque

Por baixo das minhas saias — Amo-te como uma perdida

 

 

III.

 

Sou a possibilidade — na minha boca os bois lavram os campos,

Deixam as marcas carolinas das suas patas

O arado escreve na minha língua uma rima de Petrarca

Em letra carolina da mais perfeita caligrafia

Escrevo que te adoro em fluorescente métrica nova

As fadas papistas de tule Lambuzam-se de geleia e compotas

Sonhos: os mais doces, por exemplo

África partiu-se ao meio

na minha boca África inteira

Link, link, link, link

 

 

IV.

 

O medo de ficar sozinha, com a deusa da fertilidade a roer-me o

útero

Os desejos mais fundos — de um operador de gruas

A boca cheia de neve

Os cabelos a arder ao som da música —

ruivos — os phones !

As nuvens do sonho são menos bonitas

Flocos de neve em Bruxelas, os anjos aquecem-se

Percorro todos os dias uma auto-estrada de prata que vai até ao

centro da tua alma

O prazer está em cada átomo,

em cada átomo - o universo

Os pasteleiros batem a massa em toda a Hungria

na Alta Hungria e na Baixa Hungria

Amanha os meninos húngaros, os roais gulosos —

os pasteleiros húngaros, os mais tristes

— Olha para mim nos olhos

tenho os olhos tristes, dizias:

Os mais tristes de todos

 

 

Leituras de Domingo

 

Vi naquele dia 500 bispos nus a correr pela praia. Mãe!! Mâee!!

Os bispos vinham lá de cima do tempo futuro, saltando para trás

a correr como sapos.

Houve uma altura em que caí num poço cheio de água

Quando ia a cair reparei que o poço não tinha água nem tinha

fundo.

Continuei a cair durante vários meses e fui sair do outro lado do

mundo.

Encontrei lá uma coisa muito estranha!

Uma mãe! Uma mãe igual a ti que me disse que também era

minha mãe. Depois explicou-me que um homem decente tem

que ter pelo menos mil mães que olhem por eles.

Os califas de Bagdade tinham no Harém do seu palácio 5.000

mães, todas elas suas que os amamentavam até eles serem já

velhos e lhes contavam histórias bonitas antes de adormecer.

Mas que raio vem a ser isto tudo?

Onde estão os moralistas com voz de corneta que nunca mais

aparecem para colocar um fim a toda esta situação?

Onde estão os apocalipses prometidos pelos falsos profetas?

Mãe!! Explica-me o mundo, pelos livros não chego lá.

 

 

Página publicada em junho de 2011

 

 

 

 

 


Voltar para a Página de Portugal Voltar para o topo da Página

 

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar