MARIA DA SAUDADE CORTESÃO
Nasceu no Porto. Cedo acompanhou no exílio seu pai, Jaime Cortesão. Publicou no Brasil o livro O Dançado Destino, Prémio Fábio Prado de Poesia. Traduziu Murder in the Cathedral , de T. S. Eliot, A Midsummer Night's Dream, de Shakespeare, e Calígula , de Albert Camus. Publicou também trdauções do italiano , e poemas em revistas e antologias no Brasil e na Itália.
Casada com o poeta Murilo Mendes, passou a chamar-se Maria da Saudade Cortesão Mendes. “Mulher toda sal e espuma/filha e neta de altos entes/companheira de arte-vida...”, assim a definia o grande poeta brasileiro.
Obra poética: O Desdobrar da Sombra seguido de Fragmentos de um Labírinto; Pássaro do Tempo reúne seis livros, que vão desde O Dançado Destino, seu livro de estreia (Prémio Fábio Prado de Poesia, São Paulo, 1952) até No Tempo, onde há poemas já de 2002.
PRIMAVERA
A Musa que passava
Não era a que sabias.
Vinha em lua minguante
A espaços vestida
Por espelhos azuis
E narcisos de frio.
Que remanso tão meigo
Em seus peitos havia!
Que miosótis de leite
Em suas veias tíbias,
Três tangentes tocavam
O seu coração dúbio.
Não lhe soubeste o corpo —
Terra da madrugada
Que se dava ferida,
Nem os seus cursos de água.
Olhavas tão ao longe
Enquanto o amor te olhava.
Extraido de POEMAS DE AMOR DE POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS, com 6 desenhos de ALDARY TOLEDO.
Antologia de 100 exemplares publicada por Pedro Moacir Maia, em Salvador, Bahia, Coleção Dinamene, em 1950.
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