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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

JOSÉ MONTEIRO DOS SANTOS

tem 66 anos, casado.

Cego desde os 50 anos, facto que o obrigou a interromper a sua vida profissio­nal de motorista que exerceu durante 29 anos, dos quais, 14 no serviço de transportes internacionais.

A sua primeira obra editada "Memória, Poesia e Saudade", foi a sua iniciação no mundo das letras.

 

 

 

 

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Fui sempre assim, não o nego, A
inda antes de ser cego,
Quando a vida era um jardim!
Como árvores no Outono,
Nua, descendo do trono,
Seu ciclo chegou ao fim...

 

Um dia, quando o Futuro
Me avisou que ia ser duro,
Não queria acreditar!
Mas prometeu e cumpriu,
Pois do rumo não fugiu
E eu não o pude parar...

 

O amanhã chegará;
De novo, o sol nascerá,
Para voltar a ser hoje...
P'ra uns, esperança e frescura;
Outros, saudade e ternura,
Do que para longe foge...

 

Quando esse dia chegar,
Como a árvore, tombar,
Está cumprida a missão!
Serei o que Deus quiser:
Como não posso escolher,

 Chegou o fim da estação...

 

 

 

PALAVRAS

 

Letras, sílabas, palavras...
Mistura maravilhosa,
que dá vida e também morte
e nos levam ou trazem
a tristeza ou a alegria...
Palavras são o Destino,
que nos cabe dia-a-dia...

 

Palavras, tudo palavras...
Reflexo do pensamento,
punhais ou gotas de esp´rança
ou ilusões de momento...

 

São as imensas palavras,
ditas por ti ou por mim,
que, juntas com as demais,
constroem ou desmoronam
o caminho que trilhamos,
vida fora, até ao fim!

 

 

 

A MINHA ALDEIA

 

Esta minha antiga aldeia foi lugar de resineiros, terras com várias culturas, a maior a dos pinheiros...

 

Agora tudo mudou e até mesmo o seu bom povo; Muitos já nem se conhecem, chega sempre alguém de novo.

 

Não há adegas nem eiras; e, falando em seu ribeiro, a água que nele corre, também já mudou de cheiro!

 

Já não tem caminhos 'streitos, agora são tudo estradas; do que fora antigamente, são tudo águas passadas...

 

Das terras de regadio, das vinhas e olivais Ficou apenas o rio, que corre triste e aos ais!

 

Cada qual tem seu emprego, já ninguém cultiva nada, mas só o emprego não chega, com a terra desprezada.

 

E preciso mudar algo, não é boa a situação: A indústria não nos dá tudo, só da terra vem o pão!

 

 

 

 

Página publicada em março de 2020

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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