Henrique Levy, fotogr. no perfil do Facebook , 5.04.2015
HENRIQUE LEVY
Henrique José de Aguiar Fonte Leandro dos Santos Levy nasceu em Lisboa, a 6 de junho de 1960.
É um poeta, romancista e professor português.
Henrique Levy passou a sua infância em terras africanas, São Tomé e Príncipe e Moçambique, regressando a Portugal na década de 70.
Licenciou-se em Língua e Cultura Portuguesas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) e tornou-se Mestre em Estudos Portugueses com uma tese sobre Florbela Espanca, na Universidade Aberta (1999).
Iniciou a sua atividade profissional no Oriente, em Macau, como professor de Português língua não materna. Prosseguiu a sua carreira docente na FLUL; em Turim, na Itália, como Leitor de Português; na Universidade Autónoma de Lisboa - Camões (1992-2012).
Tendo "peregrinado" por vários países da África Austral, da Ásia e da Europa, assentou finalmente raízes nos Açores, onde casou no dia 25 de abril de 2017.
Estreou-se literariamente com o livro de poesia Mãos Navegadas (1999), inteiramente dedicado à poetisa calipolense Florbela Espanca [1894-1930] e configurando, entre outras, a temática do «amor vivo», tangível e feito descoberta ou navegação; a que se seguiu o volume Intensidades (2001), com tradução italiana, e ousando outros rumos da arte de amar.
Leia a biografia completa em:
http://literaturaliteraturaliteratura.blogspot.com/2015/03/entre-intensidade-e-o-silencio-da-alma.html
O PRISMA DE MUITAS CORES. Poesia de Amor portuguesa e brasileira. Organização Victor Oliveira Mateus. Prefácio Antônio Carlos Cortes. Capa Julio Cunha. Fafe: Amarante: Labirinto, 2010 207 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
Mambré
Nada para mim!
Salvo o que os meus servos comeram
e aparte dos meus aliados, Aner, Echkol
e Mambré;
Génesis, 14,24.
o amor suspira os corpos enlaçados
noivos desistem receosos
entregam lágrimas à ardente presença de Mambré
lama dos caminhos escavados saboreiam
na perfumada flora do outono
triste o branco véu procura
no celeiro de trigo o mar
lugar onde a virilidade jovem salpica a seda
em volúpia tangida de flores aos pedaços
que pelas mãos do noivo escorrem
agora se ele lhe pedisse ficava nua
ó noite das noites de tristeza e repulsa
quando da janela do amor humano
o temor se solta à chuva pesada
de um burel negro de lã
— só o esplendor dos retratos gloriosos salva a ruína
— no lugar vazio dos orientais minaretes
amei sem grande clamor o que trazes abandonado águas dissipadas nas mãos do inverno desejo gritar
permanece pálida e fiel a noiva
aureolada do trigo nos celeiros
despida deificada pelo fogo
submerso no silêncio das mãos
na véspera dos corpos arrefecerem
manchados pelo veneno da ternura
que vence o medo e perfuma
o sangue das raízes finas
as violentas árvores secam
o mar cheio
reclama rouco o adeus
ao rosto do noivo
adormecido no limite
de repetidas ausências
— vem maldade das cidades
dizer que a candura conheceu Mambré
caudal dos olhos que desafia a vida
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Página publicada em janeiro de 2021
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