GONÇALO SALVADO
Nasceu em 1967, em Lisboa. Publicou quatro livros de poesia: Quando, 1996; Embriaguez, 2001; Iridescências, 2002 e Duplo Esplendor, 2008. Como antologiador, publicou, em 1999, a transcriação: Camões Amor Somente, e foi co-autor de Cerejas - Poemas de Amor de Autores Portugueses Contemporâneos, 2004 , e de Tarde Azul Poemas de Amor de Saul Dias, Desenhos de Julio, de 2008.
De
IRIDISCÊNCIAS
Castelo Branco, Portugal: Sirgo, 2002
ISBN 972-98694-4-8
Ardem as horas mais que no passado.
Agora sabemos que era a nós
a quem o fogo esperava.
*
Cântaro de chamo.
Como negar-te a água,
o frêmito da frescura
se à própria terra te entregas
numa nudez acesa?
*
Que lira compulsiva
queima de silêncio
o coração?
*
Contra nós se hastearam muitas bandeiras
Mas o próprio vento se negou a agitá-las.
De
DUPLO ESPLENDOR
Desenhos de Manuel Cargaleiro
Castelo Branco, Portugal: Edições Afrontamento, 2008
ISBN 978-872-36-0983-7
NUDEZ
E era a terra
vastamente seca,
longamente nua,
que a ti se abria.
E eras tu, amor,
por mim despida,
o único verde
que a cobria.
EMBRIAGUEZ
Toda a noite bebi vinho.
Mas foi o teu corpo
que me embriagou.
ARAGEM
Como aragem perfumada
a mim te entregas, minha amada.
E não sei se existes ou se te sonho:
meu desejo te nomeia
pura brisa de folhagem.
Que aroma me envolve quando te despes?
Esta fragrância que me inebria
vem do teu corpo ao desnudar-se
ou da luz rosada que amanhece?
Página publicada em novembro de 2009
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