ESTEVÃO RODRIGUES DE CASTRO
Estêvão Rodrigues de Castro ou, na forma latinizada, Stephanus Rodericus Castrensis (Lisboa, 1559 - Florença, 1638), foi um médico, filosofo e poeta português, cristão-novo, que viveu e atuou em Florença e em Pisa. Teve sua formação acadêmica inicial no Colégio das Artes da Companhia de Jesus de Coimbra. Estudou medicina na Universidade da mesma cidade, sendo aluno de grandes médicos da época, como Tomas Rodrigues da Veiga. Sua atuação enquanto poeta foi ressaltada por conta dos estudos de Teofilo Braga sobre a poesia em Portugal, onde Castro aparecia como representante da "Escola de Camões". Contudo, sua maior importância reside em sua produção médica e filosofica. Desde que chegou em Florença em 1609, se aproximou dos intelectuais galileanos, foi feito médico particular (Arquiatro) dos Grãos-Duques, atuou como conselheiro do grande Magistrado Sanitario de Florença na época da peste de 1630-33 e foi professor de medicina teorica na Universidade de Pisa. Na sua obra De meteoris microcosmi (1621), e em outras obras, como aquelas sobre a peste usadas pelo Magistrado florentino na época da referida epidemia, Castro sustenta, por uma nova formulação teórica, que o principio material constitutivo das coisas (Archeus) seria uno e indivisível.
O autor é tido por alguns estudiosos como sendo o inspirador do atomismo de Galileu Galilei.
AUSENTE, PENSATIVO, SOLITÁRIO
Ausente, pensativo, solitário,
como se vos tivera ali presente,
dou e tomo as razões ousadamente
firme em amor, em pensamento vário.
Quando venho ante vós com temerário
fervor renovo n´alma juntamente
quantos cuidados tive estando ausente,
que tudo em tal aperto é necessário.
Uns aos outros se impedem na saída
e querem cometer e não se abalam,
e vou para falar e fico mudo.
Porém, meus olhos, minha cor perdida,
meu pasmo, meu silêncio, por mim falam,
e não dizendo nada, digo tudo.
Página publicada em junho de 2020
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