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ANTÓNIO LUIS MOITA

 

António Luís Pinhão de Jesus Moita nasceu em Lisboa em 1925.

 

De  Teoria do Girassol, 1956:


DÁDIVA

Foi o cansaço da guerra? Foi a noite a madrugar?
Foi o teu cabelo solto? Foi a curva do teu seio?
Fosse o que fosse, vibrava, maduro, neste receio,
como um fruto muito doce de perfume secular.

Tu dormias, tão serena, tão alheira no teu sono,
que, decerto muito longe, minha mão te conduzia.
Tu dormias... E a minh´alma, perscrutando-te , pedia...
Pois acaso o velho fruto estava em ti ao abandono?

Estava em ti sem que tivesse qualquer forma definida!
Eu olhava-te e sabia: estava em ti, a germinar!
— Só não sei que nome tinha: se era morte ou era vida,
céu, inferno, pesadelo, bruma, espírito, luar...

 

PRESENÇA

Aqui estou. Aqui estou: pedra com asas,
carne com alma, pântano com luz!
Aqui estou, desde o início da viagem,
sem saber quem tu és, onde te pus...

Aqui estou, desde quando tu desceste
e poisaste em meu ombro, inesperada,
ó pomba, ó solidão, ó noite agreste,
ó branca, ó sábia, ó livre madrugada!

Para sempre aqui estou, feito de espanto,
virgem após mil noites de loucura,
puro apesar de ter-te tido tanto!

Ah, feminina, instável criatura!:
—Dás-te a quem, cego te não pensa — enquanto
negas teu corpo à mão que te procura...

 

De  Sal:

 

PEQUENA METÁFORA DA ARANHA E DA MOSCA

Invisíveis fios de oiro à luz do sol sem vento
a solitária aranha preparou.
Como que dorme, agoara. Aguarda o alimento:
um pequenino insecto desatento:
um impensado voo.

A mosca vem. Zumbe no ar. Esvoaça,
desprevenida, rápida, contente.
A solitária aranha sente a caça:
comprime-se n canto. E a mosca passa
mesmo ao lado da morte, velozmente.

Regressa, logo após. Mergulha. Evita
uma vez mais a morte certa. A teia
treme. A aranha freme. A morte grita.
A mosca — essa — permanece alheia.

Ziguezagueia, impávida. Descreve
três círculos concêntricos no espaço.

 

CONVERSO COM A MORTE

Converso com a morte que me diz
que não existe e que os humanos olhos
só vê em quando cegos.

                                        (Pudesse eu
acredita-la como ao sol que vejo
entre nuvens e anos! Soubesse eu
desfiá-la nos dedos como à tua
transitória presença!)

                                        Sim, converso
com a morte certeira que me rasga
diariamente um nada e me antevê
lapidado, redondo, cristalino,
como antes de nascer desenganado.

 


Página publicada em agosto de 2016      


        

 


 

 

 
 
 
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