MENDINHO
( Portugal )
Jogral desconhecido, autor de uma única cantiga de amigo, de tal forma inspirada, porte, que tem sido destacada pelos críticos com as melhores de nossos cancioneiros.
Reckert e Macedo, analisando-a detalhadamente, observam como se entrelaçam na cantiga a referencia concreta ao santuário ainda existente num ilhéu da Ria de Vigo, só acessível por terra na maré baixa, e a interpretação simbólica das ondas crescentes como o pânico que se apossa da amiga e como a paixão amorosa que a levou até a ilha.
VIEIRA, Yara Frateschi. POESIA MEDIEVAL. LITERATURA PORTUGUESA. São Paulo: Global, 1987. 208 p. (Coleção literatura em perspectiva. Série Portuguesa) Ex. bibl. Antonio Miranda
[30] Sedia-m´eu na ermida de San Simiom.
e cercarom-mi as ondas, que grandes som:
eu atendend´o meu amigo!
eu atendend´o meu amigo!
Estando na ermida ant´o altar,
[e] cercarom-mi as ondas grandes do mar:
eu atendend´o meu amigo!
eu atendend´o meu amigo!
E cercarom-mi as ondas, que grandes son,
non hei [i] barqueiro, nem sei remar:
eu atendend´o meu amigo!
eu atendend´o meu amigo!
E cercaro-mi as ondas do alto mar,
non hei [i] barqueiro, nem sei remar
eu atendend´o meu amigo!
eu atendend´o meu amigo!
Não hei [i] barqueiro, nem remador:
morrerei fremosa no mar maior:
eu atendend´o meu amigo!
eu atendend´o meu amigo!
Non hei [i] barqueiro, nem sei remar;
morrerei fremosa no alto mar:
eu atendend´o meu amigo!
eu atendend´o meu amigo!
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Página publicada em abril de 2023
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