MAYRA SANTOS-FEBRES
Puerto Rico, 1966. Poeta e romancista. Professora visitante em Harvard e Cornell University e na Universidad de Puerto Rico. Publica poesias desde 1984 em revistas e jornais internacionais como Casa de las Amèricas de Cuba, Página doce de Argentina, Revue Noir da França e Latin American Revue of Arts and Literature de Nova Iorque. Publicou os poemáios Anamù y manigua, livro selecionado como um dos melhores do ano pela crìtica de seu país, e El orden escapado, que ganhou o prEmio da Revista Tríptico de Puerto Rico. Outros títulos: Tercer Mundo (2000) eInstrumentos de medición, poesía (1991), Boat People (2005).
Páginaweb: www.mayrasantos-febres.com
TEXTO EM ESPAÑOL / TEXTO EM PORTUGUÊS
HEBE
luz/sudor
vaivén de carnes/
huevos de tipo joven y prensado/ ondulando allá
abajo
zipper/basura/papeles de periódicos/ y latas
nadan en ondas de luz//
sonido de huevos madurándose /entre tripas de mujeres con rolos
/ comprando detergentes
pelos del pecho/ piernas /rozando cuanta fibra de algodón
todo ondula como debajo del agua/todo muerto ya/y
recien nacido/ descomponiéndose para que nazcan selvas
de huevo/ y selvas de más cosas ondulando/
una selva de huevos/
Caribe.
POESIA SEMPRE – Revista Semestral de Poesia – Ano 2 Número 3 – Rio de Janeiro Fevereiro 1994 - Fundação Biblioteca Nacional. ISSN 0104-0626 Ex. bibl. Antonio Miranda
Sale a darle clemencia al universo,
a su lado
se coagula toda bruma en paralela negritud:
mi abuela
reordena el caos nómada
de todas las mañanas
cuando todavía no bullen
sus deliberadas tetas opíparas
de querer atraper el escándalo
y volverlo hojas secas para barrer.
Mi abuela me ve pasar
por su pupila izquierda,
me recomunica toda la sabiduría
adquirida em mi niñez
entre tabla y tabla de multiplicar
(2x1 = 2 el té de gengibre
alivia el aire en la barriga
2x2 = 4 que sólo son espíritus encajados
2x3 = 6 el mal de amor se cura
con semillas de caoba
2x4 = 8 guardados donde más
le duele a una el amor)
por eso es que la pubis de mi abuela
es raíces de caobo
por eso es que los mozambiques del
barrio
anidan en sus greñas de carbón
y tanto se restriegan en ellas
que se han transubstanciado
en proteínas.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de Antonio Miranda
HEBE
luz/suor
vai-e-vem de carnes
ovos do tipo jovem e imprensado/ ondulando além
abaixo
zipper/ lixo /papéis de jornais/ e latas
nadam em ondas de luz//
som de ovos amadurecendo/ entre tripas de mulheres em rolos
/ comprando detergentes
pelos do peito/ pernas /roçando quanta fibra de algodão
tudo ondula como debaixo d´água/tudo morto já/e
recém nascido/ decompondo-se para que nasçam selvas
de ovo/ e selvas de mais coisas ondulando/
uma selva de ovos/
Caribe.
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Sai a dar clemência ao universo,
a seu lado
coagula toda bruma
em paralela negritude:
minha avó
reorganiza o caos nômade
de todas as manhãs
quando ainda não fervem
suas deliberadas tetas opíparas
de querer fisgar o escândalo
e virar folhas secas para varrer.
Minha avó me vê passar
por sua pupila esquerda,
me devolve toda a sabedoria
adquirida em minha infância
entre tabuada e tabuada de multiplicar
(2x1 = 2 o chá de gengibre
alivia o ar na barriga
2x2=4 que apenas são espíritos encaixados
2x3=6 o mal de amor se cura
com sementes de mogno
2x4=8 guardados onde mais
dói-lhe a uma o amor)
por isso é que púbis da avó
é de raízes de mogno
por isso é que os moçambiques* do
bairro
aninham em madeixas de carvão
e tanto se esfregam nelas
que se transubstanciaram
em proteínas.
*pássaro de Puerto Rico.
Página publicada em abril de 2011; ampliada em dezembro de 2017
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