Foto extraída de https://www.escritores.org/biografias
MAURIZIO MEDO
El poeta Maurizio Medo nació en Lima, Perú, en 1965.
Como periodista cultural es codirector del boletín de Latin American Write Institute (LAWI), New York, Brújula Internacional, y editor de la revista AQPCULTURAL.
Obtuvo el Premio Nacional de Poesía Martín Adán en 1986.
BIBLIOGRAFÍA
Travesía en la Calle del Silencio (1988); Cábalas (1989); En la Edad de la Memoria (1990); Contemplación a través de los espejos (1992);
Caos de Corazones (1996); Trance (1998); Limbo para Sofía (2004)
El Hábito Elemental (2005)
TEXTOS EN ESPAÑOL - TEXTOS EM PORTUGUÊS
PAÍS IMAGINÁRIO. ESCRITURAS Y TRANSTEXTOS – POESIA EN AMÉRICA LATINA 1960-1979. Selección y notas: Mario Arteca, Benito del Pliego, Maurizio Medo. Edición Maurizio Medo. Madrid: Bolombolo, 2014. 631 p. (Colección Once) ISBN 978-84-1614902-5 Inclui apenas dois poetas brasileiros: Virna Teixeira e Delmo Montenegro. Ex. bibl. Antonio Miranda
[Se você ainda não leu a primeira parte deste Editorial — Editorial n. 47:
PAÍS IMAGINÁRIO – POESIA DA AMERICA LATINA 1960-1979 – (I) UMA VISÃO E DEMONSTRAÇÃO DOS RUMOS DE NOSSA POESIA, aqui está o link:
http://www.antoniomiranda.com.br/editorial/pais_imaginario_I.html
TRANCE
1.
Las voces son fantasmas que desafinan mi memoria como
una guitarra magullada
por el ruido de bocinas y motores
que rugen detrás del bus que te conduce de regreso.
Sonrío obligado por quien comparte mi asiento en este viaje
— imaginando no verla nunca más.
El aire envenena con olores de orines y frituras.
Me aturden los adioses, promesas de retorno y cerimonia,
pues ningún amor es puro si se nombra.
2. Algunos miran de nariz por la ventana esperanzados
en la pronta aparición de un espejismo
(¿No es esse el amor?)
Otros aplastan el culo contra el vidrio apremiados
por la urgencia de llegar
(¿No es ese el amor?)
Pero las palomas cubren de inmundicia toda idilica visión
(¿De qué cielo se vienen?)
3. Charcas de agua, ramas, latas,
restos de un perro,
son eventos prodigiosos para una imaginación estéril
y son también
la primera intuición de la ciudad,
o como nadie debe ni puede intuirla:
Porque es una feria que trafica
con besos menos dulces de su boca.
Porque su boca abrióse
en huelgo siniestro dejando
sólo un círculo de vaho en el espejo.
(Y ese algo inmenso y muy muerto,
el huelgo siniestro, el espejo,
se abismaron en la huesa
de una lágrima de escarcha.)
Sólo quedaron los peldaños mellados
como la dentadura de um púgil en KO,
los inquilinos apostados en cada peldaño
resmungando fragancias de burdel.
Entre sus qué tal, como está, ya nos vemos,
apenas con un “permiso”
u outro tonto murmullo entrecortado.
Envuelto en llamas, tatuado con besos
de labios intuidos quién sabe em qué premoniciones.
Sé qué sangre encontrar é al girar las cerraduras
donde no soy más que una ausencia
quien viene, o vuelve, a deshacer los rastros
de su secreta venida.
Porque soy también un poco como el mar
que desfallece
en la contradicción de morir
y empezar a nacer
en otra paz,
en otro encono,
amorrado,
fatal,
solitario,
y para siempre
salvaje.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de ANTONIO MIRANDA
TRANSE
1. As vozes são fantasmas que desafinam minha memória como
uma guitarra machucada
pelo ruído de buzinas e motores
que rugem atrás do ônibus que te traz de volta.
Sorrio obrigado por quem compartilha meu assento nesta
viagem
— imaginando não vê-lo nunca mais.
O ar envenena com odores de urina e de frituras.
Os deuses atordoam, promessas de regresso e cerimônia,
pois amor nenhum é puro se não o nomeamos.
2. Alguns com o nariz pela janela com esperança
no pronto surgimento de um espelhismo.
(Não é isso o amor?)
Outros aplastam as nádegas contra o vidro difícil
pela urgência de chegar
(Não é isso o amor?)
Mas as pombas sujam qualquer idílica visão
(De que céu vêem?)
3.
Poças de água, ramos, latas
restos de um cão,
são eventos prodigiosos para uma imaginação estéril
e são também
a primeira intuição da cidade,
tal como não deve nem pode intuí-la.
Porque é uma feira que trafica
com beijos menos doces que o sal.
Porque antevi algo imenso
e bem morto dentro de sua boca.
Porque sua boca se abriu
em folga sinistra deixando
apenas um círculo de humidade no espelho.
(E esse algo imenso e bem morto,
a folga sinistra, o espelho,
abismaram-se na profundo abismo
de uma lágrima de geada.
Restauram apenas degraus malhados
como a dentadura de um boxeador em KO,
os inquilino dispostos em cada degrau
exalando fragrâncias de bordel.
Entre os seus que tal, como estás, já nos veremos,
apenas com uma “permissão”
em outro tonto mergulho agitado.
Envolto em chamas, tatuado por beijos
de lábios intuído quem sabe em que premonições.
Sei que sangue encontrei ao girar as fechaduras
onde não sei mais que uma ausência
que vem ou volta, a desfazer os rastros
de sua secreta vinda.
Porque sou também um pouco como o mar
que desfalece
na contradição de morrer
e começar a nascer
em outra paz,
em outra amargura,
bravo,
fatal,
solitário
e para sempre
selvagem.
Página publicada em julho de 2020
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