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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MANUEL SCORZA

 

 

Manuel Scorza ( Lima, 09 de setembro de 1928 - Madrid, 27 de novembro em 1983) foi um romancista e poeta Peruano da geração dos anos 50, pertencente ao Indigenismo ou Neoindigenismo peruano em conjunto com seus companheiros Ciro Alegría e José María Arguedas.

 

Publicações em língua portuguesa (e original):

 

 

A guerra silenciosa -Bom dia para os defuntos - Redoble por Rancas (1970)

Garabombo o Invisivel - Historia de Garabombo el Invisible (1972)

O Cavaleiro Insone - El Jinete Insomne (1977)

Cantar de Agapito Robles -  Cantar de Agapito Robles (1977)

A tumba do relâmpago - La Tumba del Relámpago (1979)

 

Menos conhecida é a poesia do grande narrador peruano que agora traduzimos, apenas para dar uma amostra de sua obra poética.

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  -  TEXTOS EM PORTUGUÊS

Tradução de Antonio Miranda

 

 

 

SCORZA, Manuel.  Poesia.  Lima: Secretaria Municipal de Educación y Cultura, Municipalidad de Lima Metropolitana, 1986.  99 p.  12x16 cm.   Minilibros 5   

 

 

ALTA ERES, AMÉRICA

 ALTA ÉS, AMÉRICA

 

Alta eres, América,
         
Alta és, América

pero qué triste.
         
mas que triste!

 

Yo estuve en las praderas,
         
Eu andei pelas prados,

viví con piedras y espinas,
         
vivi com pedras e espinhos,

dormí con desdichados,
         
dormi com desgraçados,

sudé bajo la nieve,
         
suei dentro da neve,

me vendieron en tristísimos mercados.
         
fui vendido em tristíssimos mercados.

¡En tu árbol  
         
Em tua árvore

sólo he visto madurar gemidos!
         
vi apenas amadurecer os gemidos!

 

Bella eres, América,
         
Bela és, América,

pero qué amarga,
         
mas tão amarga,

qué noche, qué sangre para nosotros.
         
que noite, e que sangue para nós.

Hay en mi corazón muchas lluvias,
         
Em meu coração existem muitas chuvas,

largas nieblas, patio amargo;
         
névoas imensas, pátio amargo;

la pura verdad, en estas tierras,
         
a pura verdade, por estas terras,

uno a veces es tan triste   
         
a gente às vezes é tão triste

que con sólo mirar envenena las aguas.
         
que basta mirar para envenenar as águas.

 

Alta eres, bella eres,
         
Alta és, bela és,

pero yo te digo:
         
mas eu te digo:

no pueden ser bellos los ríos
         
não poder ser belos os rios

si la vida es un río que no pasa;
         
se a vida é um rio que não passa;

jamás serán tiernas las tardes
         
jamais serão suaves as tardes

mientras el hombre tenga que enterrar su sombra
         
enquanto o homem tenha que enterra sua sombra

para que, no huya agarrándose la cabeza.
         
para não ter que fugir agarrando a cabeça.

 

Entonces,
         
Então,

¿de dónde trajeron los poetas
         
de onde os poetas trouxeram
la guitarra que tocaban?
         
o violão que tocavam?

Yo te conozco,
         
Eu te conheço,

dormí bajo la luna sangrienta,
         
dormi sob a lua sangrenta,

despintaron mis ojos las lluvias,
         
despistaram meus olhos as chuvas,

quédeme al fin moribundo:
         
afinal fiquei moribundo:

el cruel atardecer
         
o entardecer cruel

me dio su enredadera de pájaros violentos;
         
deu-me seu emaranhado de pássaros violentos;

en salvajes llanuras
         
em selvagens planícies

destejí con mis manos implacables tinieblas,
         
desteci com as mãos implacáveis trevas,

en las casas entré y en las vidas,
         
nas casas entrei e nas vidas,

pero jamás vi una sonrisa habitada.
         
mas nunca vi um sorriso habitado.

 

Pregunté por la Alegría.
         
Perguntei pela Alegria.

No respondió nadie.
         
Mas ninguém respondeu.

Pregunté por la Felicidad.
         
Perguntei pela Felicidade.

No respondió nadie.
         
Mas ninguém respondeu.

Pregunté por el Hombre.
         
Perguntei pelo Homem.

No respondió nadie.
         
Mas ninguém respondeu.

Tu corazón estaba oscuro al fondo de la noche.
         
Teu coração estava escuro lá no fundo da noite.

¿Qué quieren, pues, que cante?
         
Que querem, então, que eu cante?

Ya se quemó el pez en las sartenes,
         
Já se queimou o peixe nas frigideiras,

ya caímos en la trampa.
          já caímos na armadilha.

Por favor, abran las ventanas.
         
Por favor, abram as janelas.

Aquí el pájaro no es pájaro sino pena con plumas.
         
Aqui o pássaro não é pássaro senão pena com plumas.

 

 

EL DESTERRADO

          O DESTERRADO

 

Cuando éramos niños,
         
Quandon éramos crianças,

y los padres
         
e nossos pais

nos negaban diez centavos de fulgor,
         
nos negavam dez centavos de fulgor,

a nosotros

 

 

nos gustaba desterrarnos a los parques,
         
gostávamos de desterrar-nos nos parques,

para que vieran que hacíamos falta,
         
para que vissem que fazíamos falta,

y caminaran tras su corazón
         
e caminhassem por seu coração

hasta volverse más humildes y pequeños que nosotros.

          até tornarem-se mais humildes e pequenos do que nós.

 

Entonces era hermoso regresar.
         
Então era lindo regressar.

 

Pero un día
         
Mas um dia

parten de verdad los barcos de juguete,
         
partem de verdade os barcos de brinquedo,

cruzamos corredores, vergüenzas, años,-
         
atravessamos corredores, vergonhas, anos, -]

y son las tres de la tarde
         
e sendo três da tarde

y el sol no calienta la miseria.
         
e o sol não esquenta a miséria.
Un impresor misterioso
         
Um impressor misterioso
pone la palabra Tristeza

          coloca a palavra Tristeza

en la primera plana de todos los periódicos.
         
na primeira página de todos os jornais.

 

Ay, un día caminando comprendemos
         
Ai, um dia caminhando vamos entender

que estamos en una cárcel de muros que se alejan. . .
          que estamos numa prisão de muros que se afastam...

 

 

Y es imposible regresar.
    
E que é impossível regressar.

 

 

 

Página publicada em abril de 2013


 

 

 
 
 
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