JUAN OJEDA
(1944 - 1974)
Juan Ruperto Ojeda nasceu em Chimbote, norte de Lima, em 1944, e morreu tragicamente em Lima, em 1974. Obteve Menção Honrosa no concurso El Poeta Joven dei Peru, em 1965. Sua breve, porém intensa, obra poética se encontra em: Ardiente sombra (1963), Elogio de los navegantes (1965), Eleusis (1972), Arte de navegar (1963-1973), que tem mais de uma edição, e Epistola dialéctica
(1997). Ardiente sombra é uma comovente e deslumbrante elegia ao poeta Javier Heraud.
TEXTOS EM ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
ELOGIO DE LA INFANCIA
A Júlio Nelson
Porque será la tierra en sus dones primevos:
herbajes fecundos, el ruído del tordo en los riscos,
y agua sanando, sanando. Vivimos
esperando un objeto de presagios, la razón
de una edad nueva, el tiempo de las vides tiernas,
no tierra árida, no oscuros promontórios.
¿Quiénes murmuran allí, en esos huesos blancos?
Hendimos las raíces en un desierto de osamentas,
mansiones recamadas de ámbar, pedrería
en las escalinatas, dorado acanto
sobre los capiteles. Oh ciudades, estas son las ruinas.
Construiremos, niño, la nave fuerte
y desde allí, descendiendo a las breñas:
las ramas plateadas sobre la fuente,
el musgo en luminosa profusión, la escarcha
brillando en cada hoja violeta, el polen rosado. Pero mira:
comerciantes obesos, cabritilla y vestimenta olorosa a espliego,
la charla a mediodía bajo los pórticos tallados,
devaneo y miseria. Nosotros esperamos otra tierra.
¿Que presente o pasado nos conduce
a nutrir el tiempo futuro? La delectación en la carne,
el café a medianoche después de una agotadora lectura.
іConocimientos! іConocimientos! La sonrisa aparente.
Noche (como si el tiempo fuera la noche), adonde caminamos?
"Por aquí permanecemos durante eL verano, de día
comemos langostas y en la tarde hacemos el amor.
Estas son las ruinas, hijo mío; no andes con prevaricadores,
recibe consejo y prudencia que serán caminos en la noche.
Mira estas manos, bésalas
y participa en el reino de la muerte, hijo mío.
No bebas agua impura; nuestros antepasados
bebían en vajilla de plata, nosotros erramos
con el candelabro quebrado, las manos quebradas,
la impostura útil. ¿Ves estos vestidos? La orla
está gastada, el resplandor de otros tiempos
gastado y nuestros cráneos vacíos".
і0h infancia de futuros siglas, ya se escucha
la humana muchedumbre, se insinúan
los tiempos de un orden nuevo!
Porque la tierra, niño, te cobijará
en sus dones eternos, porque ya se avecina
la edad de una historia fecunda: mira, mira estas ruinas.
Luego caminemos hacia los montes fértiles.
SOLILÓQUIO
Para el que ha contemplado la duración
Io real es horrenda fábula. Solo los desesperados,
esos que soportan una implacable soledad
horadando las cosas, podrían
develar nuestra torpe carencia,
la vana sobriedad del espíritu
cuando nos asalta el temor
de un mundo ajeno a los sentidos.
¿Qué esperarías, agotado de ti
o una estéril música,
cuyo resplandor al abismarse te anonadaría?
Pero tú yaces oculto o simulas alejarte
De lo que, en verdad, es tu único misterio:
en la innoble morada de la realidad
nutres un sentido más hondo,
del que ya ha cesado todo vestigio humano.
Y destruyes
el reino de lo innombrable, que en ti mismo habita.
¿Qué esperarías? ¿Sólo madurar, descendiendo,
en una materia mas huraña que el polvo?
Nada hay en los dominios frescos
del sueño o la vigilia.
Así
he considerado con indiferencia mi vida
y debemos marchamos.
GARGULA 2 Colección de Poesia. Lima: 1972.
Viñeta de la Portada: Hermójenes Jamampa. Director – Editor: Danilo Sánche Libón. Ex. bibl. Antonio Miranda.
Eleusis
Facilis descensos Averni
ENEIDA, Lib. VI
No descende la noche sólo para los desgarrados,
pues en medio de la vasta alegría oirás el pánico.
Traes el fluir del río uma inmóvil música brilla, y hay pánico.
Objetos arrojados en el desván del espiritu
resuenan ceñidos por una luz monótona y muda,
y ya no sabemos donde ocultar esa astucia apática
que flora en los ojos como uns aire hurgado.
¿Qué laboriosas sombras fatigan lo real?
No lo sabríamos. El mistério que sin cesar remueve
la estéril tierra, ya se oscurece cuando lo nombramos.
Ajenos a un nacimiento que se nutre de nosotros
descendemos en nuestra propia esencia.
Cegados
por el súbito oleaje de las formas, compartimos
el terror y la atroz certidumbre en lo vivido.
Los desgarrados, esos que recogen, sin saberlo,
la pavorosa carencia del mundo y, transfigurados,
soportan el misterio y habitan una soledad deforme,
están más cerca del nacimiento. Y si pudiéramos entrar
a la morada en que yacen, su sola inercia nos destruiria.
¿Soportaremos, entonces, el vértigo de lo real?
A veces, en un rumor de días quebrados, nos hemos
convencido de arrastrar actos como ásperas llagas
en las que acaso, roído ya el sueño
el verdadero mundo encontraríamos. Y así indagamos
si hastío de sabernos extraños a nosotros mismos,
no sea sino el instante imprevisto en que morada y exilio
ruedan hacia el fondo del que nunca hemos salido.
Pues todo está rodeado por una muerta Realidad
todo es pánico, inmóvil duración
donde nada encontraremos.
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TEXTOS EM PORTUGUÊS
De
EL RÍO HABLADOR / O RIO QUE FALA
Antología de la Poesía Peruana
Antologia da Poesia Peruana
(1950-2000)
Tradução Everardo Norões, Diego Raphael;
org. Everardo Norões, Pedro Américo de Farias,
Sônia Lessa Norões.
Rio de Janeiro: 7Letras; Recife, PE: Ensol, 2007
Texto bilíngüe espanhol e português.
ISBN 85-7577-349-6
Patrocínio da CHESF
Facultad de Letras y Ciencias Humanas
Universidad de San Marcos
http://www.7letras.com.br/
ELOGIO DA INFÂNCIA
A Júlio Nelson
Porque será a terra em seus dons primeiros:
relvados fecundos, o ruído do tordo nos penhascos
e água soando, soando. Vivemos
esperando um objeto de presságios, a razão
de uma nova idade, o tempo das vindimas ternas,
não terra árida, não obscuros promontórios.
Quem murmura ali, naqueles ossos brancos?
Cortamos as raízes em um deserto de ossadas
mansões recamadas de âmbar, pedraria
nas escalinatas, dourado acanto
sobre os capitéis. Oh, cidades, estas são as ruínas.
Construiremos, criança, a nave forte
e dali, descendo às brenhas:
os ramos prateados sobre a fonte,
o musgo em luminosa profusão, a geada
brilhando em cada folha violeta, o pólen rosado. Mas olha:
comerciantes obesos, sapatos de pelica e roupa cheirando a alfazema,
bate-papo ao meio-dia sob os pórticos talhados,
devaneio e miséria. Nós esperamos outra terra.
Que presente ou passado nos conduz
a nutrir o tempo futuro? A deleitação na carne,
o café à meia-noite depois de uma leitura fatigante.
Conhecimentos! Conhecimentos! O sorriso aparente.
Noite (corno se o tempo fosse a noite), aonde caminhamos?
"Por aqui, permanecemos durante o verão, de dia
comemos lagosta e à tarde fazemos amor.
Estas são as ruínas, meu filho; não andes com prevaricadores,
recebe conselho e prudência que serão caminhos na noite.
Olha estas mãos, beija-as
e participa do reino da morte, meu filho.
Não bebas água impura; nossos antepassados
bebiam em vasilha de prata, nós erramos
com o candelabro quebrado, as mãos quebradas,
a impostura útil. Vês estes vestidos? A bainha
está gasta, o resplendor de outros tempos
gasto e nossos crânios, vazios".
Oh! Infância de séculos futuros, já se escuta
a humana multidão, se insinuam
os tempos de uma nova ordem!
Porque a terra, criança, te abrigará
em seus dons eternos, porque já se avizinha
a idade de uma história fecunda: olha, olha estas ruínas.
Logo caminharemos até os montes férteis.
SOLILÓQUIO
Para o que contemplou a duração
o real é horrenda fábula. Só os desesperados,
os que suportam uma implacável solidão
que traspassa as coisas, poderiam
desvelar nossa torpe carência,
a vá sobriedade do espírito,
quando nos assalta o temor
de um mundo alheio aos sentidos.
O que esperarias, esgotado de ti
ou uma estéril música,
cujo resplendor ao abismar-se te anularia?
Porém jazes oculto ou simulas alhear-te
daquilo que, na verdade, é teu único mistério:
na inominável morada da realidade
nutres um sentido mais fundo,
do que já cessou todo vestígio humano.
E destróis
o reino do inominável, que em ti mesmo habita.
O que esperarias? Só amadurecer, descendo,
em uma matéria mais fugidia que o pó?
Nada há nos domínios frescos
do sonho ou a vigília.
Assim
considero minha vida com indiferença
e devemos ir embora.
Eleusis
Facilis descensos Averni
ENEIDA, Lib. VI
Não chega a noite apenas para os desolados,
mas entre a vasta alegria ouvirás o pânico.
Com o fluir do rio uma imóvel música brilha, e o pânico.
Objetos jogados no sótão do espirito
ressoam apertados por uma luz monótona e muda,
e já não sabemos onde ocultar essa astúcia apática
que floresce nos olhos como um ar revolto.
Que laboriosas sombras fadigam o real?
Não saberíamos. O mistério que sem cessar remove
a estéril terra, já escurece quando o nomeamos.
Alheios a um nascimento que se nutre de nós mesmos
descemos em nossa própria essência.
Cegos
pela súbita ondulação das formas, compartilhamos
o terror e a atroz certeza no vivido.
Os dilacerados, esses que recolhem, sem saber,
a pavorosa carência do mundo e,. transfigurados,
suportam o mistério e habitam uma solidão disforme,
estão mais próximos do nascimento. E se pudéssemos entrar
na morada em que jazem, apenas sua inércia nos destruiria.
Suportaremos, então, a vertigem do real?
Às vezes, no rumor de dias partidos, nos convencemos
de arrastar atos como ásperas chagas
em que o acaso, o sonho já roído
o verdadeiro mundo encontraríamos. E assim indagamos
seu fastio por saber-nos estranhos a nós mesmos,
não seja porque o instante imprevisto em que moradia e exílio
rodam para o fundo de que nunca saímos.
Pois tudo está rodeado por uma Realidade morta
tudo é pânico, imóvel duração
onde nada encontraremos.
Página publicada em fevereiro de 2009; ampliada em agosto de 2019,
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