POESIA PERUANA
CARLOS RIBOTY
Homem de teatro, sua poesia discursa sobre cenários e consciências, sem economia de palavras, na pretensão de um diálogo e de uma confissão pública. Sem pudor. Sensual. Assim nos livros de onde retiramos os poemas seguintes, assim no texto dilacerante que nos brindou naquele espetáculo em tributo de Pier Paolo Pasolini, em noite incendiada de poesia e nostalgia, no Goethe Institut de Lima... Desgarrado, alucinante, lastimando-se pela morte trágica do grande cineasta.
Carlos vive na Itália mas sua obra é transnacional.
TEXTOS EN ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
Traduções de Antonio Miranda
RIBOTY, Carlos. Ave Jacinto Roc. Lima: 1993. 63 p. 14x20,5 cm. Capa: pintura de Diego Pombo .
EFÍMERA SUCUMBE LA MAÑANA
( y com ella el director)
“…tírenle piedra a Geni
ella está para sufrir
ella está para aguantar
se entrega no importa a quien
¡maldita Geni!”
Canción de Chico Buarque
Los eternos temas:
amor, moral, revolución
y hasta quizá la melancolía
como temas
me lastiman de horror
me llenan de pastillas.
Las historias más terribles, digo yo,
las han hecho siempre dos,
dos sexos que naufragan
en cuartos de hora y de pasión
(y toda pasión, como en los toros,
para necesariamente por la cogidas)
Y a mí me toca despedirte
con cielo gris y polvoriento.
Y a mí me toca descubrirte:
la cabeza en la tierra
las piernas en el techo
el deseo brillando
y yo
… hurgándote!
Sí, ofreciéronme un lecho sin aviso
—dudo mi consciente en el espacio eléctrico de la luz—
…efímera sucumbió la mañana
montaña de vapor…
No debí entrar en tu respiración
cogí tu mano… cogí tu cuerpo
(siento que se diluye el director).
No debí dormir el sueño del otro despedido.
homínido brutal que angustia la razón
(escucho a las chaucha bajando alborotadas a mi esfínter).
No debí prestar oídos a tu historia menor,
Temo que repetible, un tanto lamentable
(prefiero tu nariz, que truena por la obstrucción).
No debí bailar este tango en flor de puta vieja,
el espanto al lado de tus cabellos
lo grotesco y lo blanco de tu cuello
tu miedo junto a ese monstruo verdadero
que pisa a los curiosos:
fiera desdentada, ciega con cientos de ojos,
bestia de mil rostros sin cabezas…
Fui entonces
Testigo de un día o de dos,
Testículo en mano nos juntamos a ser lo mejor,
testamentos de coca, de óvulos y de ardor,
testimonio suicida de un actor
que renuncia a mover un dedo
al más mínimo bajón…
Y así, en la vereda madura de cualquier noche,
concluirás con rostro de fastidio
la menor historia,
toda mínima posibilidad de escapatoria…
No tendrás el remedio de la respuesta,
morderás tu índice, quemarás tu historia
venderás tu alma, vivirás tan sola
y querrás odiar a todos los Marzos
que vengan a sumar
la edad de los que cumplen…
…………….. Algún día se sabrá
que amar a un ser humano
sin un amor propio y singular
no ha podido nunca.
Barrio Sur
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RIBOTY, Carlos. Joven manual de historias viejas. Lima: Lluvia Editores, 1991. 63 p. 24x20,5 cm. Tiraje: 300 exs.
AMAP0LA
Hoy no me toca hablar de amor,
pongo simplemente
fecha a mi partida
al borde de tu entera frente.
Que no se me ocurra hablar del yo, del tú,
del nosotros dos…
tarde es y las palabras de retiran;
el tiempo, que sólo me perturba,
erosionará nuestras miradas.
Callaré cualquier síntoma de inconformidad
o de violencia,
sé que pierdes la paciencia,
y yo las atrevidas ganas
de involucrarte entre mis sábanas.
Piedra sobre seda
hielo sobre fuego
mi corazón sobre el tuyo
tu mano veloz encima del todo
mi tacto torpe que cae de rodillas
mi consciencia perdida
en aquel beso de la esquina.
Que no se haga el paseo si quieres,
lo inventaré sutil
y, en medio del campo,
me arrojaré sobre ti
saciando de una vez por todas
mis deseos.
Reprimiré los versos,
todos aquellos
que mortificaron tus cabellos.
Sujetaré, una a una,
la palabra que hirió tu cara;
golpearé sin piedad
a mi edad, a mis barbas,
y amoratado
treparé por tus brazos
y mojaré tu aureola
amapola
pastora del poder.
TROPIEZOS
Me acosté con tres de tus libros anoche,
eran todos de poetas españoles:
Cernuda debutaba con un bostezo
el famoso Lorca se arrimaba a mis valores
Alberti roncaba a sonrisa tendida
Blas de Otero se levantaba a orinar a cada rato;
Los otros, menos conocidos,
reclamaban agriamente
que por fin sean atendidos.
Por estos libros,
tres tristes tropiezos,
yo viajaba
inadecuado
hacia ti.
Aprendía enseguida
la técnica que me comprometía
a ser violento
a ser sumiso.
Tres libros sobre mi pecho,
sí, me quedé dormido.
Tres libros sobre mi lecho,
Te vi, corrí y te cogí…
Y, en medio de tu indiferencia,
en el centro de tu certero pánico
—ese, tu perfecto sentimiento—
te tomé entre mis manos juntas
acerqué mi desnuda lengua
y empecé a lamer todo tu licor
… al cabo de varios días
sigo ebrio
en nombre de tu voz.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Traduções de Antonio Miranda
EFÊMERA SUCUMBE A MANHÃ
(... e com ela o diretor)
“joguem pedra na Geni
ela dá pra qualquer um
maldita Geni...”
Chico Buarque
Os eternos temas:
amor, moral, revolução
e até talvez a melancolia
como temas
me lastimam de horror
me entopem de pastilhas.
As histórias mais terríveis, eu diria
São feitas sempre aos pares,
dois sexos que naufragam
em quartos de hora e de paixão
(e toda paixão, como nas touradas,
passa necessariamente pelas trepadas).
E me corresponde despedir-me de ti
com céu gris e poeirento.
E me toca descobrir-te
a cabeça na terra
as pernas no teto
o desejo brilhando
e eu
... fuçador!
Sim, ofereceram-me um leito sem aviso
—duvidou meu consciente no espaço elétrico da luz
... efêmera sucumbiu a manhã
ante tua perpétua
montanha de vapor.
Não devia entrar em tua respiração
Tomei tua mão... tomei teu corpo
(sinto que se dissolve o diretor).
Não devia dormir o sonho do outro despedido,
hominídeo brutal que a razão angustia
(escrito os centavos descendo alvoroçados ao meu esfíncter.
Não devia prestar atenção à tua história menor,
temo que repetível, um tanto lamentável
(prefiro teu nariz, que ressoa pela obstrução).
Não devia dançar este tango em flor de puta velha,
o espanto ao lado de teus cabelos
o grotesco e o branco de teu pescoço
teu medo junto deste monstro verdadeiro
que pisoteia os curiosos
fera desdentada, cega por centenas de olhos,
besta de mi rostos sem cabeças
Fui então
testemunha de um dia ou de dois,
testículo na mão nos unimos para o melhor,
testamentos de coca, de óvulos e de ardor,
testemunha suicida de um ator
que renuncia a mover um dedo
a mais mínima queda...
E assim, na vereda madura de qualquer norte,
terminarás com rosto de fastio
a história menor,
toda mínima possibilidade de escapatória...
Não tem o remédio da resposta,
morderás teu índice, queimarás tua história
venderás tua alma, viverás tão sozinha
e desejarás odiar todos os Marcos
que venham somar-se
à idade dos que cumprem...
.......... Algum dia saberemos
que amar a um ser humano
sem um amor próprio e singular
nunca foi possível.
Barrio Sur
AMAPOLA
Hoje não me cabe falar de amor
ponho simplesmente
data para minha partida
a margem de tua inteira frente.
Que não me ocorra falar do eu, do tu,
de nós dois...
tarde é e as palavras se retiram;
o tempo, que só me perturba,
erosionará nossas miradas.
Calarei qualquer sintoma de inconformidade
ou de violência.
Sei que perdes a paciência
e eu as atrevidas ganas
de envolver-me entre os lençóis.
Pedra sobre seda
gelo sobre fogo
meu coração sobre o teu
tua mão veloz encima de tudo
meu tato torpe que cai de joelhos
minha consciência perdida
naquele beijo de esquina.
Que não se vá de passeio se quiseres,
vou torná-lo sutil
e, em meio ao campo,
lançar-me-ei sobre ti
saciando de uma vez por todas
meus desejos.
Reprimirei os versos,
todos aqueles
que mortificaram teus cabelos.
Sujeitarei, uma a uma,
a palavra que feriu tua cara;
golpearei sem piedade
minha idade, minhas barbas,
e arroxeado
montarei tua auréola
amapola
pastora do poder.
TROPEÇOS
Deitei com três de teus livros à noite,
eram todos de poetas espanhóis:
Cernuda debutava com um bocejo
O famoso Lorca se arrimava aos meus valores
Alberti roncava com o rio estendido
Blas de Otero se levantou para urinar o todo instante;
os outros, menos conhecidos,
reclamaram acidamente
que finalmente sejam atendidos.
Por esses livros,
três triste tropeços,
eu viajava
inadequado
até junto a ti.
Aprendia em seguida
a técnica que me comprometia
a ser violento
a ser submisso.
Três livros sobre meu peito
sim, acabei dormindo.
Três livros sobre meu leito,
Te vi, corri e te comi...
E, em meio à tua indiferença,
no centro de teu certeiro pânico
—este, eu perfeito sentimento—
tomei entre minhas mãos juntas
aproximei minha desnuda língua
e comecei a lamber todo teu licor
.... depois de vários dias
sigo ébrio
em nome de tua voz.
Página publicada oringinalmente em 2006, ampliada e republicada em fevereiro de 2015.
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