POESÍA NICARAGUENSE
Coordinación de MILAGROS TERÁN
CARLOS MARTÍNEZ RIVAS
( Granada, Nicaragua 1924 – 1998)
Revelou-se poeta na adolescência. Aos 18 anos escreveu um extenso poema, "El Paraíso Recobrado" considerado um dos grandes voos da poesia nicaraguense depois de Rubén Dano. Viveu vários anos na Espanha, na França Itália e nos Estados Unidos. Foi adido cultural en Roma em 1964 e em Madrid. Em 1982 recebeu a Ordem da Independência Cultural Ruben Dario. Em 1984, o Prémio Latino-americano de Poesia Rubén Darío. Em 1993 a Universidade Nacional Autônoma de Nicarágua criou uma cátedra com o seu nome. Em 1997 recebeu o Prêmio Nacional de Humanidades, e em 1998 o Doctorado Honoris Causa da Universidade Nacional. Meses mais tarde morreu em Managua. Está sepultado em Granada.
TEXTO EN ESPAÑOL - TEXTO EM PORTUGUÊS
La Puesta en el Sepulcro
Decimocuarta estación
Cuando ya no me quieras.
Cuando ya no me quieras
y no podamos estropear nada
porque nada estará vivo y confiado.
Cuando tú te hayas ¡do
y yo me haya ido
y los de la música se hayan marchado
y el portón se cierre
(dentro pasan el largo fierro por la argolla
asegurando con la correa el cerrojo,
y soplan los candiles
y las mechas se quedan humeando);
diremos: "Algo se ha perdido.
No mucho. Pero
algo esencial — un culto, un lenguaje,
un rito— está perdido."
Cuando hayamos dejado de ser esto que somos:
uma pareja expuesta al dardo,
mal avenida pero bien enlazada,
y nos dispersemos en otros círculos
y nos disipemos en otras charlas:
habrá quien diga: "Aquí dos seres carmesíes
se atraparon. Los vimos
balancearse estremecerse oscilar
retornar a la seguridad
y caer."
Para entonces, el zumbido del tractor
volverá a oírse desde el fondo del llano.
Las chorejas del Guanacaste caerán
con su golpe seco frente al portal.
Pero esos rumores de la vida
nos llegarán por separado,
y otro sol será tu sol
y otra luna será mi luna.
Cuando ya no me quieras.
Cuando en la reunión tus ojos
al encontrar los míos ya no digan:
" Aguarda a que termine con esta gente,
pero mi corazón te pertenece."
Cuando en las sucesivas fases de tu errabunda
búsqueda femenina
ames a otro:
y te descalces delante de otro cetro
y te desveles bajo otra antorcha
cuando trasmitas a outro
el poder que yo te transmití;
pensaré, aguzadamente: "Ya se le agotará,
¡Y entonces vendrá a mí y no le daré más!"
Y así siga por el mundo y a través de los días
rumiándose en el hosco destierro,
granitizándome en la frustración y el orgullo
como un mendigo sobre un pedestal.
Remontando el obstruido pasado
como un sucio canal maloliente en el crepúsculo:
"Aquí estuve brutal.
Ahí comenzó el desierto. - -- -
En aquel banco trató de herirme.
Tal día..."
Cuando ya no me quieras
y yo ya no te tema.
Cuando contentadizo, trivial, inadecuado
para la soledad y la amargura
yo mismo haya olvidado —cuando
ya no me quieras— que me quisiste;
garras y mantos de mujeres
Erinias disfrazadas de monjas
me depositarán
em la oscura y helada tumba que busque.
TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução de Thiago de Mello
Indo para O Sepulcro
Quando já não me queiras,
Quando já não me queiras e nada mais possamos estragar
porque nada estará vivo e confiado.
Quando tenhas partido e eu tenha partido
e todos tenham ido,
diremos: — Algo se perdeu. Não muito,
mas algo essencial —um culto, uma linguagem,
um rito— está perdido.
Quando deixem os de ser isto que somos:
um casal exposto ao dardo
desnudo e apressado
não bem dado, mas bem enlaçado
e nos dispersemos em outros círculos
e nos dissipemos em outras conversas.
Haverá quem diga: — Aqui dois seres avermelhados
se atracaram. Vimos balançando-se,
estremecidos, voltar á segurança
e cair.
Para então, o zumbido do trator
voltará a ouvir-se no fundo do campo,
as orelhas das mungubeiras cairão
com un golpe seco defronte do portal.
Mas esses rumores da vida nos chegarão por separado
e outro sol será o teu sol e outra lua será a minha lua.
Quando já não me queiras
Quando na reunião os teus olhos
ao encontrar os meus já não digam: "—Espera^
que se acabe com estas gentes. Mas meu coração te pertence.
Quando nas incessantes fases
de tua errabunda busca feminina
ames a outro
e te desveles sob outro facho
e te descalces diante de outro cetro,
Quando transmitas a outro o poder que eu te transmiti,
pensarei agudamente— "Já se esgotará.
Então virá a mim e não lhe darei mais."
E assim siga pelo mundo e através dos dias
rumiando-se no áspero desterro
Esmigalhando-me em minha frustração e meu orgulho
como um mendigo sobre um pedestal.
Percorrendo o obstruído passado
como o sujo canal fedorento do crepúsculo:
"Aqui estive brutal. Aí começou o deserto.
Naquele banco tratou de ferir-me. Tal dia..."
Quando já não me queiras
E eu já não te tema,
Quando contentadiço, trivial, inadequado
para a solidão e a amargura
eu mesmo tenha esquecido quando
já não me queiras — que me quiseste.
Mantos e mangas de mulheres
Erínias disfarçadas de monjas
me depositarão na obscura e gelada tumba que procurei.
Sierras de Managua, 6ta. Feira Santa, 1953
ANTOLOGÍA – LA POESÍA DEL SIGLO XX EN NICARAGUA. Edición de Daniel Rodríguez Moya. Madrid: Visor Libros, 2010. 534 p. (La Estafeta del Viento, vol. VI) 14x21 cm
PEQUEÑA MORAL A ELVIRA
Van dirigidas estas líneas a quien poseyó:
la Belleza, sin la arrogância
la Virtud, sin la gazmoñería
la Coquetería, sin la liviandad
el Desinterés, si la desesperación
el Ingenio, sin la mofa
la Ingenuidad, sin la ignorância
todas las trampas de la feminidad, sin usarlas.
MANAGUA/MAYO
Atardecer eléctrico las calles
los relámpagos al pasar delante
de las casas con las puertas abiertas
las muchachas sentadas en la acera
meciéndose los radios encendidos
y la música repentinamente
cortada por un rayo una chispa
una pausa y el trueno el viento el polvo.
HAI-KU
En el rincón um hormiguero
devora un alacrán
!mis padres, mi niñez!
Traduções de Antonio Miranda:
PEQUENA MORAL PARA ELVIRA
Vão dirigidas estas linhas a que possuiu:
a Beleza, sem a arrogância
a Virtude, sem o puritanismo
a Coquetismo, sem a leviandade
o Desinteresse, sem o desespero
o Engenho, sem a mofa
a Ingenuidade, sem a ignorância
todos os truques da feminilidade, sem usá-los.
MANAGUA / MAIO
Entardecer elétrico nas ruas
os relâmpagos ao passar adiante
das casas com as portas abertas
as moças sentadas na calçada
balançando os rádios ligados
e a música repentinamente
cortada por um raio uma faísca
uma pausa e o trovão o vento a poeira
HAI-KAI
No canto um formigueiro
devora uma lacraia morta
meus pais, minha infância!
Página publicada em janeiro de 2014; publicada e republicada em dezembro de 2014.
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