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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




SALVADOR NOVO

 

SALVADOR NOVO

(1904-1974)

 

 Nació en 1904, en la Ciudad de México. Fundador, junto con Xavier Villaurrutia, de las revistas Ulises (1927) y Contemporáneos (1928), fue activo participante en la renovación de la literatura nacional. Premio Nacional de Literatura en 1967.

 

 Obras publicadas: XX poemas (1925), Nuevo amor (1933), Espejo (1933), Seamen Rhymes (1934), Décimas en el mar (1934), Romance de Angelillo y Adela (1934), Poemas proletarios (1934), Never ever (1934), Un poema (1937), Poesías escogidas (1938), Dueño mío. Cuatro sonetos inéditos (1944), Decimos: "Nuestra tierra" (1944), Florido laude (1945), Dieciocho sonetos (1955), Poesía 1915-1955 (incluye Poemas de infancia, 1955), Sátira (1955) y Poesía (l961).

 

Las traduciones (libres) que ofrecemos son del poeta brasileño Glauco Mattoso, gentilmente cedidas para esta página.

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  /  TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

 

SONETO IMPOSIBILITADO

 

Si yo tuviera tiempo, escribiría

mis memorias en libros minuciosos;

retratos de políticos famosos,

gente encumbrada, sabia y de valía.

 

¡Un Proust que vive en México! Y haría

por sus hojas pasar los deliciosos

y prohibidos idilios silenciosos

de un chofer, de un ladrón, de un policía.

 

Pero no puede ser, porque juiciosa-

mente pasa la doble vida mía

en su sitio poniendo cada cosa.

 

Que los sabios disponen de mi día,

y me aguarda en la noche clamorosa

la renovada sed de un policía.

 

 

SONETO IMPOTENTE

 

Dura visión aflige a los longevos

-- cáscara inútil en desierto nido --:

ver que se apaga en ellos la libido

-- urgencia y potestad de los mancebos.

 

Ambos endocrinaran como nuevos

-- fabricantes del jugo apetecido --

si el derecho no hubiera desistido

(hablo -- ¡triste experiencia! -- de mis huevos).

 

Dura ley: pero ley que nos caduca,

todo -- decreta -- por servir se extingue:

ayer si penetró, sólo hoy machuca.

 

Puesto que ya no hay potro que respingue,

al consuelo falaz de una peluca

mi juventud se atenga -- y yo me chingue.

 

 

XIV

 

Si pudieras quedarte, dueño mío;

si yo pudiera compartir tu lecho;

sentir tu corazón junto a mi pecho

vibrar en jubiloso desvarío;

 

 

pasar toda una noche, dueño mío,

entre tu abrazo férvido y estrecho;

entregarte la vida, y satisfecho,

la vida reanudar con nuevo brío.

 

Pero es fuerza partir. Un lecho frío

me depara el silencio de su abrigo,

tan correcto -- tan amplio -- y tan vacío.

 

¡Mañana nos veremos! Y me digo,

"Que a dormir a tu lado, dueño mío,

siempre será mejor soñar contigo."

SALVADOR NOVO

De
ESPEJO
México, 1933.

 

 

RETRATO DE   NIÑO

 

En este retrato

hay un niño mirándome con ojos grandes;

este niño soy yo

y hay la fecha: 1906.

 

Es la primera vez que me miré atentamente.

Por supuesto que yo hubiera querido

que ese niño hubiera sido más serio,

con esa mano más serena,

con esa sonrisa más fotográfica.

 

Esta retrospección no remedia empero

lo que el fotógrafo, el cumpleaños,

mi mamá, yo y hasta tal vez la fisiología

dimos por resultado en 1906.

 

 

LA   GEOGRAFÍA

 

Con estos cubos de colores

yo puedo construir un altar, y una casa,

y una torre y un túnel

y puedo luego derribarlos.

Pero en la Escuela

querrán que yo haga un mapa con un lápiz,

querrán que yo trace el mundo

y el mundo me da miedo.

 

Dios creó el mundo

yo sólo puedo

construir un altar y una casa.

 

 

PALABRAS   EXTRAÑAS

 

Por la calle había

en carteles rojos y en bocas ásperas

extrañas palabras

que se grababan en mi cerebro como enigmas

y había acciones y efectos

cuyo motivo me preocupaba indagar.

 

Muchos novelistas que estudian

una niñez que no han vivido

observan que los diccionarios

son siempre consultados por niños.

 

Por las noches el alfabeto estelar

combinaba sus veintisiete letras

en frases que me conturbaban

y que aún no encuentro en enciclopedias.

 

 

RETRATO   FAMILIAR

 

Mi padre, mi madre, yo,

—aquí no me conozco casi.—

Dicen que tengo algo de los dos

pero que me parezco más a él;

 

él ya murió

la gente siempre tiene razón.

 

 

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TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

SONETO IMPOSSIBILITADO

( recriado por Glauco Mattoso])

 

Se tempo me sobrasse, escreveria

memórias para em livro se reler,

retratos dos caciques no poder,

artistas, medalhões da poesia.

 

Biógrafo do século e do dia,

que em páginas infladas de prazer

gravasse o que ninguém ousa dizer:

dum tira ou dum ladrão a fantasia.

 

Porém não pode ser, porque o bom senso

censura a vida dupla em que me escondo

e as coisas no lugar ponho e repenso.

 

De dia por meus hábitos respondo.

Na noite clamorosa, já não venço,

e à sede dum soldado vou-me expondo.

 

 

SONETO IMPOTENTE

(recriado por Glauco Mattoso)

 

Visão tristonha aflige a quem mais vive

(a exata circunstância com que lido):

a perda gradativa da libido,

urgência e potestade que já tive.

 

Não sei de outra atrofia que mais prive

um homem de seu mais apetecido

prazer! Tendo meus bagos desistido,

a vida, em seu vigor, entra em declive.

 

É dura a lei maior, que nos caduca:

Um dia, quem foi galo baixa a crista

e o que se penetrou já nem machuca...

 

E já que não há Cristo que resista

ao cênico disfarce da peruca,

simulo a juventude... sendo artista!

 

 

XIV

(recriado por Glauco Mattoso)

 

Não podes, dono meu, ficar comigo?

Não posso dividir contigo o leito?

Só quero ao coração sentir teu peito,

ouvir, baixinho, os ecos do que digo!

 

Passar a noite inteira, meu amigo,

colado ao teu calor, no abraço estreito,

a vida te entregar, e, satisfeito,

tomar por novo lar tão breve abrigo!

 

Partir é necessário, infelizmente,

e o leito agora encaro com tristeza:

tão vasto, tão vazio, e nada quente!

 

À noite, novamente à mesma mesa,

jantamos, e meu medo já pressente:

dormir contigo é vão; sonhar, certeza.

 


De
ESPEJO
México, 1933.

               Traduções de Antonio Miranda

 

 

RETRATO DE MENINO

Neste retrato
há um menino com os olhos grandes;
este menino sou eu
e há uma data: 1906.

É a primeira vez que me vejo com atenção.
É certo que eu teria preferido
que este menino houvesse sido mais sério,
com esta mão mais serena,
com este sorriso mais fotogênico.

Este retrospecto não consola mas
o que o fotógrafo, o aniversário,
minha mãe, eu e talvez até a fisiologia
demos por concluído em 1906.

 

A GEOGRAFIA

Com estes cubos de cores
eu posso construir um altar, e uma casa,
e uma torre e um túnel
e posso então derrubá-los.
Mas na Escola
vão querer que eu faça um mapa com um lápis,
vão querer que eu trace o mundo
e o mundo me dá medo.

Deus criou o mundo
e apenas posso
concluir um altar e uma casa.


PALAVRAS ESTRANHAS

Pela rua havia
em cartazes vermelhos e em bocas ásperas
estranhas palavras
que se gravavam em meu cérebro como enigmas
e havia ações e afetos
cujo motivo me preocupava indagar.

Muitos romancistas que estudam
uma infância que não viveram
observam que os dicionários
são sempre consultados por crianças.

Pelas noites o alfabeto estelar
combinava suas vinte e seis letras
em frases que me transtornavam
e que ainda não encontro nas enciclopédias.


RETRATO DE FAMÍLIA

Meu pai, minha mãe, eu,
— aqui quase não me reconheço. —
Dizem que tenho algo dos dois
mas que pareço mais com ele;
ele já morreu
as pessoas sempre têm razão.
 

 

 

 

 

 Página ampliada e republicada em julho de 2009



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