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MANUEL GUTIÉRREZ NÁJERA
 
México, 1859 - 1895. Sua maior expressão poética está nas Odas Breves.

TEXTO EN ESPAÑOL y/e TEXTO EM PORTUGUÊS
 Tradução de Anderson Braga Horta

 

 



PARA ENTONCES



Quiero morir cuando decline el día,
en alta mar y con la cara al cielo;
donde parezca sueño la agonía,
y el alma, un ave que remonta el vuelo.

No escuchar en los últimos instantes,
ya con el cielo y con el mar a solas,
más voces ni plegarias sollozantes
que el majestuoso tumbo de las olas.

Morir cuando la luz, triste, retira
sus áureas redes de la onde verde,
y ser como ese sol que lento expira:
algo muy luminoso que se pierde.

Morir, y joven: antes que destruya
el tiempo aleve la gentil corona;
cuando la vida dice aún: soy tuya,
aunque sepamos bien que nos traiciona.




PARA ENTÃO

Traduzido por Anderson Braga Horta

Quero morrer quando decline o dia,
em alto-mar, ao céu voltada a face;
e que pareça então minha agonia
um sonho, e a alma uma ave que voasse.

Não escutar, nos últimos instantes,
a sós com o céu e o mar nas suas rondas,
mais vozes nem mais preces soluçantes
que o majestoso estrondejar das ondas.


Morrer quando a cadente luz retira,
tristonha, as áureas redes da onda verde,
e ser como esse sol que lento expira:
algo assim luminoso que se perde.


Morrer, e jovem: antes que destrua
o tempo pérfido a gentil coroa;
enquanto a vida ainda nos diz: "Sou tua",
saiba-se embora que nos atraiçoa.


 

PARA ENTÃO

 

Tradução de Sólon Borges dos Reis 

 

 

Quero morrer quando decline o dia

Rosto voltado ao céu, em alto mar,

Quando pareça um sonho a agonia

E a alma, uma ave prestes a voar.

 

Não escutar nos últimos instantes,

Já com o céu e com o mar a sós,

Nem mais vozes nem preces soluçantes

Mas das ondas do mar somente a voz.

 

Fenecer quando a luz triste retira

Suas redes de ouro da onda verde,

E ser como esse sol que lento expira:

Algo de luminoso que se perde.

 

Morrer, e jovem: antes que corroa

O tempo falso a gentil coroa;

Quando a vida ainda diz: sou toda tua,

Ainda sabendo que nos atraiçoa!

 

--------------------------------------------------------------------------------------------------

 

Tradução de

Manuel Bandeira

 

 

“ÚLTIMO INSTANTE”

 

 

Quero morrer ao declinar do dia.

Em alto-mar, quando vem vindo a treva;

Lá me parecerá sonho a agonia,

E a alma uma ave que nos céus se eleva.

 

Não ouvir nos meus últimos instantes,

A sós com o mar e o céu, humanas mágoas,

Nem mais vozes e preces soluçantes,

Senão o grave retumbar das águas.

 

Morrer quando, ao crepúsculo, retira

A luz as áureas redes da onda verde,

E ser como esse sol que lento expira:

Algo de luminoso que se perde.

 

Morrer, e antes que o tempo me destrua

Da mocidade a esplêndida coroa;

Quando inda a vida ouço dizer: sou tua.

Saiba eu embora que nos atraiçoa.

 

 

Quem quiser entender a tradução de Bandeira, seus recursos e reinvenções, deve ler o texto do mestre Anderson Braga Horta “Manuel Bandeira Tradutor de Poesia”  em seu livro Criadores de Mantras – ensaios e conferências (Brasília: Thesaurus, 2007), p. 221-226

 

 

 

Página ampliada e republicada em janeiro de 2008.

 

Página publicada em novembro de 2007.

 


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