Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



Foto: Francisco Segura

JOSÉ VICENTE ANAYA

  Seleção de Poemas do livro

“Peregrino”

(Ediciones Alforja, México, 2002)

 

versão brasileira de

José Santiago Naud

 

 

Ser o vento que sopra

aonde quer; e

o som que ouvimos, mas

não sabemos de onde

vem nem para onde vai.

Budismo Chan

Se o Todo não há,
é o Nada o Todo.
Para este Poeta,
este aforismo de um papiro copta
(séc. III), oferta e
reconhecimento do seu tradutor.  

Brasília, setembro de 2005.

 

PEREGRINO, VIAGEM NO TEMPO
por Alejandra de la Cruz (México)

Este livro é um peregrino que já percorreu muitos caminhos, e o principal deles é o tempo: foi concebido há 22 anos, após longas peregrinações exteriores e interiores do autor.Nestas páginas estão San Blas, Tijuana, Villa Coronado, Bahía de Términos, Baja California, Los Ángeles, Texas, Tijuana, Tabasco e muitos outros locais no mapa do México ou sul dos Estados Unidos.Mais adiante, na secção chamada Postais, reúnem-se reflexões dos Lagos de Montebello, Palenque, Tabasco, Sonora,]Chihuahua, Isla del Carmen, as margens do Usumacinta, Yaxchilán, Oaxaca, para citar algumas.
Peregrino
imprime-se além disso em data cabalística, relacionado com seus 22 anos de idade: mês dois de 2002.
Este livro é, assim, uma constelação e fusão de coordenadas, extenso cruzamento de caminhos entre peregrinação e espera, o tempo e sua ausência, finalmente, o resplendor fugaz dos lugares e sua permanência na palavra.

Opinião de Gabriel Águila, poeta ibero-americano, residente em Sri Lanka:
 
V
ejo que, ao cabalístico mencionado por Alejandra, soma-se a Peregrino outra cabala de relação e datas – foi vertido ao português, graças ao poeta Antonio Miranda, 3 anos depois de publicado e no mês 7 da sua aparição. Hermético!”

 


I
PEREGRINO

(fragmentos)

 

viaja do PLANETA TERRA viaja

 

                  A GALÁXIA

 

rondam   AS ESTRELAS   rondam

 

enquanto Deus sopra a poeira

que parece cobrir a luz do Sol

               NUMA FRINCHA

 

CONSTEALCIÓN DE MOLÉCULAS

que contêm o todo que contêm

 

...

 

grita meu sangue  / ali /

circula congelado

 

...

 

sem rastros

tomo por guia a Estrela d´Alva Matutina

/ e de noite me sonho entre AURORAS BOREAIS/

caminhando vou caminhando

 

...

 

A gargalhada franca do Buda

me toca e antecipa

no caminho de Macuiltianguis (zapoteca)

para Tónachic (rarámuri)

- são estas montanhas altíssimas antenas –

...

 

estou fora de mim, sem ti, saliente –

e me aparento

com a Lua LICÂNTROPA

tão grande e pesada

que parece cairá

sobre o Bolsão de Mapimi –

lobos não há

mas uivam

nas cavernas da alma

 

...

 

O que desaparece

retorna a um álveo

antanho abandonado

 

O que aparece pro-

cede da desaparição.

 

 

TAO

 

origem do princípio?

- o nada –

e a cor do nada é o

vazio

- um espaço oco

cheio de dúvidas

como o todo-

 

- a gestação

que se destrói /

o gesto aniquilado

e um salto microscópico

do qual a vida nasce /

a vida que vai e cai serena

do rictus ao espasmo

num círculo cercado

que vem e que vai  /   rondando  /

em claustros com resquícios

/ encontros extraviados/

 

brota um fragmento menos

no mais diminuto imaginado

e pode ser, completo, o absoluto

de toda a morte acontecida.

 

Freqüento o mestre chinês

durante três vexes três meses

...

 

TAI CHI CHUAN

 

OM

 

aspiro a vida do bosque

 

OM

 

um clarão estrela-se na memória

 

OM

 

desdobro as asas da garça /

 

...

 

HOJE

sinto saudade de

HOJE

Caminho como qualquer mamífero caminha.-  

 

 

II

POSTAIS

(poemas)

 

OCEANO PACÍFICO, ZEPOLITE

 

A espuma do mar estende-se rasa;

cacho de pérolas diminutas, flutuando,

desolado. Esferas que contêm nada.

 

...

 

Beleza que não torna a repetir-se,

vítima da luz do Sôo, do ar,

do movimento das ondas onde nasce...

 

...

 

Crédito que os meus olhos dão.  Beleza.

Vida para morrer-se num instante.../,,,

 

 

EM IXPTEC, OAXACA

 

uma sombra

ganha corpo

 

e corre:

 

é um iguana.

 

 

NO TRÓPICO

 

mosquitos ocultos no ar

- t r a n s p a r e n t e s –

escondidos na luz,

espiam.

 

 

NOITE ESTRELADA

NA SERRA DE CHIHUAHUA

 

Diálogos que ladram

na noite espessa / / /

os lobos ululam  / / /

Não escutas

que o ar se lamenta?

               .

A realidade é uma

lâmina de barbear enferrujada

e corta meu cérebro:

descarga elétrica

que me congela.

               .

/  matando a sua luz  /

     minh´alma cairá

como estrela fugaz

     até o espaço

 

     sem fundo.

 

 

DESERTO

 

O sol está em todo o ar.

Cola na pele

- até por dentro da roupa –

calcina o osso.

               .

Fecho os olhos, e eis aí.

Calo-me, e é essa a palavra.

Paro de caminhar, e vem a mim

... Desaparece...

               .

 

O céu se dissipa

e ficamos

estendidos

entre nossos braços

(orgasmo)

 

 

OLHOS DOS LOUCOS:

 

OLHARES de navalhas afiadas

que cortam

 

o abismo –

 

Borboletas voejando

fazem amor

sobre o meu cabelo.

               .

 

Em Yaxchilan – selva –

não aparece a luz do Sol / / /

a luz nos chega

de tanta folhagem briverdejante.

               .

 

neste momento

com adagas das suas garras

um leão esquarteja um cervo

(e tu não o vês)

neste momento

dois amantes trocam de pele

com o esmero de seus toques

(e tu não o vês)

neste momento

 

o tempo devora os momentos



JUNTO AO RIO USUMACINTA

 

mantos, sobre a praia,

um pestanejo de azul turquesa:

miríades de borboletas mil.  

 

 

POESIA

 

eterno fulgor eterno

   que se alimenta

de alma e do sangue

  de todos os poetas  

 

 

PALENQUE

 

na

ponta

das pirâmides

o Sol pousa sua luz

para abraçar contornos

e demonstrar a aura da vida

que na selva cintila seus raios

somo o leve pestanejar de meu coração.

               .

 

Chovem estrelas

minúsculas na selva:

os pirilampos.

   

 

VÕO DE MORCEGO

 

umas palmadas

(completamente escuras)

na escuridão.

               .

 

Enquanto ando de noite

     ( pelo bosque )

          vejo que

a Lua                passeia

      entre os ramos

          do pinhal.

   

 

A VERDADE

 

enganada pela língua

vai-se

desvanecendo em saliva.

               .

 

Gritos e ruídos.

A cidade acorda

ou é pesadelo?

               .

 

Nascemos cerrados

 

nascemos errados

 

nascemos ferrados

   

 

NO MAR DA CIDADE (ILHA) DEL CARMEN

 

Preso nas armadilhas do caminho /

a noite é densa; e o dia, mais,

muito mais denso que a noite. / .

 

assim, preso,

a vida esvai-se

em gotinhas

/ e todos seus pedacinhos triturados/

               .

 

Cheguei com os olhos de ninguém,

amarrado pelo tédio, para ver

como sangrava o mar

pelos poros o mar

pelos poros da areia / e

a água marinha lavava suas feridas

como um gato que espera o alívio

lambendo as chagas do próprio câncer /

               .

 

A mente passa

ao longo do gume de uma faca;

e o pensamento, com pavor oculto,

desmorona...

 

se desmorona...

 

E o Tao se insinua.

 

                                               Laus Deo  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Topo da Página Voltar à página do México

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar