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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: https://labrecha.me

JORGE ESQUINCA

 

Jorge Esquinca (México DF, 1957) es poeta. Vive en Guadalajara, Jalisco, desde 1968. Estudió la licenciatura en Ciencias de la Comunicación en el Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores de Occidente (ITESO). 1975-1979. En 1979 entró al Taller de Literatura del Departamento de Bellas Artes de Jalisco, coordinado por Elías Nandino, donde, a invitación suya, colaboró como asesor desde 1980 hasta 1984. Durante esos años participó en la creación de dos revistas: Campo abierto y La Capilla, de la que fue director.

En 1982 fundó la editorial independiente Cuarto menguante, que publicó hasta 1992 veintidós libros de poesía y artes plásticas. Durante los años ochenta fue colaborador de la revista Varia y miembro del consejo editorial de la revista Tiempos de arte, que publicaba la Universidad de Guadalajara. Participó en el consejo de redacción del suplemento La cultura en Occidente del diario El Occidental, coordinó la hoja de poesía Magia menor y fue subdirector de la revista Estaciones en su segunda época. En 1989, 1990, 2000 y 2006, participó en el Encuentro de Poetas del Mundo Latino.

Veja mais em: https://es.wikipedia.org/wiki/Jorge_Esquinca

 

 

TEXTO EN ESPAÑOL 

 

TRAZO PARA UNA ADIVINACIÓN

Cuando duermes, hay una región de ti en que estás despierta. Sólo ahí se abre tu deseo, ese cristal que ha de cortarme siempre, en este instante. Tú pareces no saber, pero abres las piernas, los párpados, las nubes. Nada puedo mirar: ciego, asisto a tu nacimiento. Avanzo con el tacto a la deriva, sólo confío en mi lengua, en la muda que ha de repetir las palabras que hemos dicho nunca. Toco tu oreja y encuentro el rumor de un mar en el que has estado sin mí, sola. Humedezco con saliva tu garganta para que no despiertes y en aquella provincia alumbre una ventana. Por tus senos, por tus pezones que duermen a la orilla de ti, sube mi lengua. Tan lejos de tu corazón, mi lengua se alimenta de tu corazón. Dormida, presa en ti, tú misma sueño de Dios, ofreces la espalda. Mi lengua se demora, desciende, quiere saber en ese lugar de nadie y nunca. Mi lengua te busca ahí, se divide en tus muslos, calla con tu sangre que canta y cae entre tu infancia y tus tobillos. Mi lengua, entonces, te sabe hueso, glándula, derrumbe; te lame el alma que ni tú sabías, te va sabiendo en esa región tan parva, tan ácida, tan nube; te va diciendo las palabras que sólo escuchas cuando duermes y te abres, te va diciendo nada, cosa del lenguaje, Señora nuestra, profecía.

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução: Antonio Miranda

 

 

        NAGEUSE

 

        Olho arredor e posso, então, vê-la. Está aqui outra vez, recém saída do sonho, fluindo desde minha nunca como um tíbio manto de névoa, deslizando arredor do meu peito com o manso marulho que me permite reconhece-la, sabe-la em sua iminente dissolução, roçando minha garganta por onde vem e vai um espiral de plumas — com algo de anima tênue em seu beijo e seus lábios preênseis urgem meus pés descalços com a sigilosa umidade da erva. Proximidade de lago, nobre cativeiro, seu abraço arredor de minha cintura é um claro vapor cintilante,         cauda de uma única estrela que aguarda ser nomeada. Assim — céu em deslize, fonte absorta — vai levantando um albergue de nômada em meu corpo disposto, já espargindo sua flama com um lamento apenas perceptível, como se fatalmente soubesse, como se em seu odor a salva estivesse já na premonição, o único que haverá de salvar-se quando o tecido deste instante se dissolva na mesma corrente que trago para ela, exatamente agora que fecho os olhos e todo pensamento cessa e seu corpo       apenas mais denso que a água me rodeia como um anel
        infinito.

 

        TRAÇO PARA UMA ADIVINHAÇÃO

 

        Quando dormes, te uma região de ti que está acordada. Apenas aí se revela teu desejo, esse cristal que haverá de cortar-me sempre, neste instante. Parece que não sabes, mas abres as pernas, as pálpebras, as nuvens. Nada posso mirar: cego, assisto o teu nascimento. Avanço com o tato à deriva, confio apenas em minha língua, no dente. Que haverá de repetir as palavras que  nunca dissemos. Toco tua orelha e encontro o rumor de um mar em que estiveste sem mim, sozinha. Umedeço som saliva tua garganta para que não despertes e naquela província ilumina uma janela.  Por teus seios, por teus  mamilos que dormem à margem de ti, sobe minha língua. Bem longe de teu coração, minha língua se alimenta de teu coração.        Adormecida, presa em ti, tu mesma um sonho de Deus, dás as costas. Minha língua se demora, desce, quer saber nesse lugar de ninguém e nunca. Minha língua? te busca aí, se divide em teus músculos, cala com teu sangue que cana e cai em tua infância e tornozelos. Minha língua, então, te sente osso, glândula, desmoronamento; te lambe a alma que nem tu  sabias, vai sabendo de ti nessa região tão parva, tão ácida, tão   nuvem; vai te dizendo as palavras que apenas escutas quando dormes e te abres, não te dizendo nada, coisa de linguagem, senhora nossa, profecia.

 

Página publicada em novembro de 2106.


 

 

 

 
 
 
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