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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA NEOBARROCA
CORAL BRACHO

 

CORAL BRACHO

 

 

Nasceu na Cidade do México (México), em 1951. Publicou os livros de poemas Peces de Piel Fugaz (1977), El Ser que Va a Morir (1981}, Tierra de Entraña Ardiente (1992), em colaboração com a artista plástica Irma Palacios, e Ambar (1998). Seus dois primeiros livros foram reunidos no volume Bajo el Destello Líquido (1988). Também ha uma

coletânea editada pela Secretaria de Educação Pública que reúne seus primeiros títulos, Huellas de Luz (1994). Além de poeta, Coral Bracho é tradutora, tendo publicado uma versão de Rizoma, de Félix Guattari e Gilles Deleuze. 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL     /     TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

EN LA HUMEDAD CIFRADA

Oigo tu cuerpo con la avidez, abrevada y tranquila
de quien se impregna (de quien
emerge,
de quien se exïtiende saturado,
recorrido
de esperma) en la humedad
cifrada (suave oráculo espeso; templo)
en los limos, embalses tíbios, deltas,
de su origen; bebo
(tus raíces ahiertas y penetrables; en tus costas
lascivas — cieno bullente — landas)
los desígnios musgosos, tus savis densas
(parva de lianas ebrias) Huelo
en tus bordes profundos, expectantes, las brasas,
en tus selvas untuosas,

las vertientes. Oigo (tu semen táctïl) los veneros, las larvas;
(ábside fértil) Toco
en tus ciénagas vivas, en tus lamas: los rastros en tu frágua
envolvente: los indícios
(Abro
a tus muslos ungidos, rezumantes; escanciados de luz) Oigo
en tus legamos  agrios, a tu orilla: los palpos, los augurios
—n siglas inmersas: blastos —. Em tus átrios:
las huellas vítreas, las libaciones (glebas fecundas),
los hervideros.

 

 

DE SUS OJOS ORNADOS DE ARENAS VfTREAS

Desde la exhalación de estos peces de mármol,
desde la suavidad sedosa
 de sus cantos,
 de sus ojos ornados
 de arenas vítreas,

la quietud de los templos y los jardines


(en sus sombras de acanto, en las piedras
que tocan y reblandecen)


         han abierto sus lechos,
         han fundado sus cauces

         bajo las hojas tibias de los almendros.

 

Dicen del tacto

de sus destellos,

de los juegos tranquilos que deslizan al borde

a la orilla lenta de los ocasos.

De sus labios de hielo.

Ojos de piedras finas.

De la espuma que arrojan, del aroma que vierten

(En los atrios: las velas, los amarantos.)

sobre el ara levisimo de las siembras.

 

(Desde el templo:
el perfume de las espigas,
las escamas,

los ciervos. Dicen de sus  reflejos.)

En las noches,

el mármol frágil de su silencio,
el preciado tatuaje, los trazos limpios

         (han ahogado la luz
         a la orilla; en la arena)

sobre la imagen tersa,
sobre la ofrenda inmóvil
de las praderas.

 

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TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

NA UMIDADE CIFRADA

 

         Tradução: Claudio Daniel

 

 

Ouço teu corpo com a avidez saciada e tranquila

de quem se impregna (de quem

emerge,

de quem se estende saturado,

percorrido

de esperma) na umidade

cifrada (suave oráculo espesso; templo)

nos limos, açudes tíbios, deltas,

de sua origem; bebo

(tuas raízes abertas e penetráveis; em tuas costas

lascivas — lodo fervente — landas*)

os desígnios musgosos, tuas seivas densas

(rol de lianas ébrias) Aspiro

em tuas margens profundas, expectantes, as brasas,

em tuas selvas untuosas,

as vertentes. Ouço (teu sêmen táctil) as fontes, as larvas;

(abside fértil) Toco

em teus vivos lodaçais, em tuas lamas: os rastros em tua frágua

envolvente: os indícios

(Abro

tuas coxas ungidas, ressudantes; escanceadas de luz) Ouço

em teus ásperos barros, a tua borda: os palpos**, os augúrios

— siglas imersas; blastos*** —. Em teus átrios:

as trilhas vítreas, as libações (glebas fecundas),

os fervedouros.

 

*landa: em espanhol e em português, o termo designa um descampado onde se encontra apenas ervas daninhas.
**palpo: em espanhol e em português, refere-se ao apêndice do maxilar e do lábio dos insetos.
 ***blasto: em espanhol e em português, parte do em embrião vegetal cujo desenvolvimento ocorre por germinação.


DE SEUS OLHOS ORNADOS DE AREIAS VÍTREAS

 

         Tradução: Claudio Daniel

 

 

Desde a exalação destes peixes de mármore,

desde a suavidade sedosa

de seus cantos,

de seus olhos ornados

de areias vítreas,

a quietude dos templos e os jardins

 

(em suas sombras de acanto, nas pedras

que tocam e amolecem)

 

         abriram seus leitos,

         afundaram seus canais

         sob as folhas tíbias das amendoeiras.

 

Dizem do tato,

de suas centelhas

 

dos jogos tranquilos que deslizam a borda,

margem lenta dos ocasos.

De seus lábios de gelo.

 

Olhos de pedras finas.

 

Da espuma que arrojam, do aroma que vertem

 

(Nos pátios: as velas, os amarantos.)

 

sobre o altar levíssimo das sementeiras.

 

(Do templo:

o perfume das espigas,

as escamas,

os cervos. Dizem de seus reflexos.)

 

Nas noites,

o mármore frágil de seu silêncio,

a apreciada tatuagem, os traços limpos

 

         (afogaram a luz

         a margem; na areia)

 

sobre a imagem tersa,

sobre a oferenda imóvel

das pradarias.

 

 

 

De  JARDIM DE CAMALEÕES -  a poesia neobarroca na América Latina.  Organização, seleção e notas Claudio Daniel. Traduções de Claudio Daniel, Luis Roberto Guedes, Glauco Mattoso.  São Paulo: Iluminuras, 2004.
ISBN 85-7321-207-1  Página da editora: 
WWW.iluminuras.com.br

 

A primeira grande antologia da poesia neobarroca em escala continental. O prefácio de Haroldo de Campos desvenda  (y da relieve)  a algumas características do estilo que é ainda pouco compreendido. Uma aproximação digna de leitura. Muitos dos poetas antologados já estão em nosso Portal de Poesia Iberoamericana: Eduardo Milán, Haroldo de Campos, Horácio Costa, José Kozer, José Lezama Lima, Josely Vianna Baptista, Néstor Perlongher, Paulo Leminski, Raúl Zúrita, Severo Sarduy e Wilson Bueno. Vamos selecionar 5 ou 6 dentre os restantes, dentro dos limites razoáveis do princípio do “open access” do Creative Commons, no afã de divulgar a obra e recomendar a antologia aos nossos internautas. Comi disse Horácio Costa na “orelha”: “A presente antologia organizada por Claudio Daniel tem o mérito de buscar mapeá-lo entre vários países, origens generacionsis e estéticas, e nas duas línguas da América Latina (...)”.

 

POESIA SEMPRE  - ANO 9 – NÚMERO 15 – NOVEMBRO 2001.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2001.  243 p.  ilus. col.  Editor Geral: Marco Lucchesi.   Ex.bibl. Antonio Miranda

 

Sombra

 

Pela sombra
que enseja sinais
sobre o muro de cal

ninguém saberia a forma dessa aprazível
cortina azul:

cristas, gargantas, triângulos,
estalactites, pedras agudas e
caóticas.

 

 

Como um aquário

 

A luz da tarde escolhe algumas plantas
e penetra em algumas de suas folhas

 

Como um aquário de peixes constelado

como o fluir da noite

entre rastos de estrelas,

transcorre

em sua quietude

a maleza.

 

                Trad. Fabiola Gonçalvez

 

 

Página publicada em agosto de 2009; página ampliada em fevereiro de 2019


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