Coordinación/coordenacão de AURORA CUEVAS CERVERÓ

 

 

 

 

 

POESIA SEMPRE – Revista Semestral de Poesia.  ANO 4 – NÚMERO 7 – JULHO 1996.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 1996.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

(compañeros de viaje)

 

 

Justas hay muchas, sí, pero ninguna nuestra.
Flotan remos, zapatos, medusas. (Ni siquiera
el mar tuvo su día, ni donde caerse muerto
aquella noche.) Ah, los ojos del ahogado.
Detrás del muro blanco de Troya, qué esperabas.
Flotan ruedas, ceniza. Y en la isla de Circe,
dormías cuando fuimos transformados en cerdos.
Sin piedad en los versos brillantes del poeta...

 

Después de lo que hicimos por ti, enaltecidos,
encaramados, sucios, de un lado para otro.
Y encima nos pedías rigores imposibles:
abstenernos de carne de vaca (qué locura.)
Islas hay muchas, sí, pero ninguna nuestra.
(Estás y no te vemos. Te vemos y no estás.)
¿Qué destino era el tuyo éste en el que tuvimos
nosotros que sufrir escarnio, miedo y muerte?]

 

 

 

La prueba

 

Hasta mirar significa aquí partirse en dos,
desmoronarse. No puede ser nuestro este paisaje que
se entrega, al sol, como un cadáver más. ¿Cómo ha
llegado el fuego a tomar forma de nopal o de
adelfa? Luego de haver reconocido el hontanar de
nuestros antepasados, con su laurel lleno de insectos
y sus cántaros rotos, tuvimos que buscar una manera
de salir de aquí. Mediodía de agosto. Las sombras
queman, se hunden cada vez más. Y el sol — este sol
hipnótico, oracular, que crece entre nosotros — nos
hace confundir el tiempo que nos queda con el olor
de las raíces arrancadas. Un perro ladra en el
torrente seco desde entonces. Mediodía cerrado a cal
y canto. Esta sed sí que es nuestra.

 

 

Himno

 

Queda, después de lo que vemos, el mapa manuscrito
de la noche, húmedo y arrugado, con sus atajos
medanosos y sus aldeas aún por descubrir. Bajo el
árbol de agosto reaparecen las heridas del sol, el
perro exhausto, las bicicletas oxidadas. Quedan los
días de regreso, con sus amplios cardizales y la
promesa de toda perfección. El mar apalabrado, con
sus peces nocturnos, nunca dichos. Quedan, silencio
adentro, la constancia y la herrumbre, la máxima
intención de las cosas. Siempre después de lo que
vemos, cuando entramos defintivamente en lo que
estuvo aquí, junto a nosotros, en lo que nunca ha sido
nuestro de verdad. Quedan los ríos velocísimos, los
hoteles cerrados, los pájaros del Norte. Un haz
de leyendas a flor de agua, como un menhir lunar.
Toda una muerte aún por recorrer.

 

 

 

(companheiros de viagem)

 

        Ilhas existem muitas, sim, mas nenhuma é nossa.
         Flutuam remos, sapatos, medusas. (Nem mesmo
         o mar teve o seu dia, nem onde cair-se morto
         naquela noite.) Ah, os olhos do afogado.
         Detrás do muro branco de Troia, que esperavas.
         Flutuam rodas, cinzas. E na ilha de Circe,
         ademais quando fomo transformados em porcos.
         Sem piedade nos versos brilhantes do poeta...

         Depois do que fizemos por ti, enaltecidos,
         empoleirados, sujos, de um lado para outro.
         E em cima nos pedias rigores impossíveis:
         abstermo-nos de carne de vaca (que loucura.)
         Ilhas existem muitas, sim, mas nenhuma é nossa.
         (Estás e não te vemos. Te vemos e não estás.)
         Que destino era o teu este em que tivemos
         nós que sofrer escarnio, medo e morte?

 

 

         A prova   

 

        Basta mirar significa aqui partir-se em dois,
         desmoronar-se. Não pode ser nossa essa paisagem que
         se entrega, ao sol, como um cadáver mais. Como chegou
         o fogo a formar-se de nopal ou de
         adelfa? Depois de ter reconhecido o manancial de
         nossos antepassados, com seu laurel cheio de insetos
         e seus cântaros rotos, tivemos que encontrar uma maneira
         de sair daqui. Meio dia de agosto. As sombras
         queimam, fundem-se cada vez mais. E o sol — este sol
         hipnótico, oracular, que cresce entre nós —  faz-nos
         confundir o tempo que nos resta com o odor
         das raízes arrancadas. Um cão ladra No
         torrente seco desde então. Meio dia fechado a cal
         e canto. Esta sede sim que é nossa.

 

        Hino          

        Fica, depois do que vemos, o mapa manuscrito
         da noite, úmido e enrugado, com seus atalhos
         encharcados e seus povoados ainda por descobrir. Sob a
         árvore de agosto reaparecem as feridas do sol, o
         cão exausto, as bicicletas enferrujadas. Restam os
         dias de regresso, com seu amplos espaços de cardos e a
         promessa de toda perfeição. O mar apalavrado, com
         seus peixes noturno, jamais ditos. Restam, silêncio
         adentro, a constância e a ferrugem, a máxima
         intenção das coisas.  Sempre depois do que
         vemos, quando entramos definitivamente no que
         esteve aqui, junto a nós, no que nunca foi
         nosso de verdade. Restam os rios velozes, os
         hotéis fechados, os pássaros do Norte. Um punhado de
         lendas à flor da água, como um menhir lunar. Toda
         esse morte ainda por recorrer.

 

*Grande pedra, fixada verticalmente no solo, em tempos remotíssimos, e cuja aplicação ou significação é ainda desconhecida.