SANTA TERESA DE JESUS
(1515-1582)
Teresa D'Ávila ou Teresa de Jesus; (Gotarrendura, Ávila, 28 de março de 1515 - Alba de Tormes, 4 de outubro de 1582) Religiosa e escritora espanhola, famosa pela reforma que realizou no Carmelo e por suas obras místicas.
POESIA MÍSTICA - POESIA RELIGIOSA
TEXTOS EN ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
GLOSA
Ya toda me entregué y di,
y de tal suerte he trocado,
que mi Amado es para mí
y yo soy para mi Amado.
Cuando el dulce Cazador
me tiró y dejó rendida,
en los brazos del amor
mi alma quedó caída,
y cobrando nueva vida
de tal manera he trocado,
que mi Amado es para mí
y yo soy para mi Amado.
Tiróme con una flecha
enarbolada de amor
y mi alma quedó hecha
una con su Criador;
ya yo no quiero otro amor,
pues a mi Dios me entregado,
que mi Amado es para mí
y yo soy para mi Amado.
VERSOS NACIDOS DEL FUEGO DEL
AMOR DE DIOS QUE EN SÍ TENÍA
Vivo sin vivir en mí,
y en tan alta vida espero,
que muero porque no muero.
GLOSA
Aquesta divina unión,
del amor con que yo vivo,
hace a Dios ser mi cautivo,
y libre mi corazón;
mas causa en mí tal pasión
ver a Dios mi prisionero,
que muero porque no muero.
¡Ay! ¡Qué larga es esta vida!
¡Qué duros estos destierros,
esta cárcel y estos hierros
en que el alma está metida!
Sólo esperar la salida
me causa dolor tan fiero,
que muero porque no muero.
¡Ay! ¡Qué vida tan amarga
do no se goza el Señor!
Y si es dulce el amor,
no lo es la esperanza larga;
quíteme Dios esta carga,
más pesada que el acero,
que muero porque no muero.
Sólo con la confianza
vivo de que he de morir;
porque muriendo, el vivir
me asegura mi esperanza:
muerte do el vivir se alcanza,
no te tarde que te espero,
que muero porque no muero.
Mira que el amor es fuerte;
vida, no seas molesta;
mira que sólo te resta,
para ganarte, perderte;
venga ya la dulce muerte,
venga el morir muy ligero,
que muero porque no muero.
Aquella vida de arriba
es la vida verdadera:
hasta que esta vida muera,
no se goza estando viva;
muerte, no seas esquiva;
vivo muriendo primero,
que muero porque no muero.
Vida, ¿qué puedo yo darle
a mi Dios que vive en mí,
si no es perderte a ti,
para mejor a El gozarle?
Quiero muriendo alcanzarle,
pues a El solo es al que quiero,
que muero porque no muero.
Estando ausente de ti,
¿qué vida puedo tener,
sino muerte padecer
la mayor que nunca vi?
Lástima tengo de mí,
por ser mi mal tan entero,
que muero porque no muero.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Traduções de Anderson Braga Horta
GLOSA
Já toda me dei, e, assim,
de tal sorte me hei mudado,
que o Amado é para mim
e eu sou para o meu Amado.
Quando o doce Caçador
me atirou, fiquei rendida,
por entre os braços do amor
minha alma quedou caída,
e cobrando nova vida
de tal maneira hei mudado
que o Amado é para mim
e eu sou para o meu Amado.
Com uma flecha que me deita,
enarvorada de amor,
a minha alma quedou feita
una com seu Criador;
já eu não quero outro amor,
a meu Deus me hei entregado,
que o Amado é para mim
e eu sou para o meu Amado. ABH
VERSOS NASCIDOS DO FOGO DO
AMOR DE DEUS QUE TINHA EM SI
Não vive em mim meu viver,
e em tão alta vida espero
que morro de não morrer.
GLOSA
Esta divina união
com o amor por quem eu vivo
faz de Deus o meu cativo
e livre meu coração;
mas causa em mim tal paixão
ver a Deus em meu poder
que morro de não morrer.
Ai! como é longa esta vida!
Que duros estes desterros,
este cárcere e estes ferros
em que a alma está metida!
Só esperar a saída
me causa tanto sofrer
que morro de não morrer.
Ai! Que vida tão amarga
se não se goza o Senhor!
E, se tão doce é o amor,
não o é a esperança larga;
tire-me Deus esta carga
tão dura de padecer,
que morro de não morrer.
Somente com a confiança
vivo de que hei de morrer;
porque, morrendo, o viver
assegura-me a esperança:
morte em que o viver se alcança,
bem cedo te quero ver,
que morro de não morrer.
Olha quanto o amor é forte;
vida, não sejas molesta;
vê que em te perderes resta
de te ganhares a sorte;
venha já a doce morte,
venha-me a morte a correr,
que morro de não morrer.
Essa que no alto deriva
é a vida verdadeira:
té que torne a vida à poeira,
não se goza estando viva;
morte, não sejas esquiva;
morrendo estou em viver,
que morro de não morrer.
Vida, como obsequiá-lo,
a meu Deus, que vive em mi,
senão perdendo-te a ti,
por melhor poder gozá-lo?
Quero morrendo alcançá-lo,
pois só Ele é o meu querer,
que morro de não morrer.
Estando ausente de ti,
que vida pudera ter,
senão morte padecer
a maior que jamais vi?
Lástima tenho de mi,
por tamanho mal sofrer,
que morro de não morrer.
Extraídos de POETAS DO SÉCULO DE OURO ESPAÑOL: POETAS DEL SIGLO DE ORO ESPAÑOL / Seleção e tradução de Anderson Braga Horta; Fernando Mendes Vianna e José Jeronymo Rivera; estudo introdutório de Manuel Morillo Caballero. Brasília: Thesaurus; Consejería de Educación y Ciência de la Embajada de España, 2000. 343 p. (Coleção Orellana – Colección Orellana; 12) ISBN 85-7062-250-7
Extraído de
POESIA SEMPRE. Número 31 – Ano 15 / 2009. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura. 2009. 217 p. ilus. col. Editor Marco Lucchesi. Ex. bibl. Antonio Miranda
Aspirações à vida eterna
Vivo sem em mim viver.
E tão alta vida espero,
Que morro de não morrer.
Já fora de mim vivi
Desde que morro de amor;
Porque vivo no Senhor.
Que me escolheu para Si.
O coração lhe rendi,
E Nele quis escrever
Que morro de não morrer.
Essa divina prisão
De amor, em que sempre vivo,
Faz a Deus ser meu cativo,
E livre meu coração;
E causa em mim tal paixão
Deus prisioneiro em mim ver,
Que morro de não morrer.
Tradução de Adail Ubirajara Sobral, Maria Stela Gonçalves, Marcos Marciontlo e Madre Maria José de Jesus
Sobre aquelas palavras "Dilectus meus mihi”
Entreguei-me toda, e assim
Os corações se hão trocado
Meu Amado é para mim,
E eu sou para meu Amado.
Quando o doce Caçador
Me atingiu com sua seta,
Nos meigos braços do Amor
Minh´alma aninhou-se quieta.
E a vida em outra, seleta,
Totalmente se há trocado:
Meu Amado é para mim,
E eu sou para meu Amado.
Era aquela seta eleita
Ervada em suco de amor,
E a minha alma ficou feita
Uma com o seu Criador.
Já não quero eu outro amor,
Que a Deus me tenho entregado:
Meu Amado é para mim,
E eu sou para meu Amado
Tradução de ADAIL UBIRAJARA SOBRAL, MARIA STELA GONÇALVES, MARCOS MARCIONILO e MADRE MARIA JOSÉ DE JESUS
FRÓES, Heitor P. Meus poemas dos Outros. Traduções e versões. Bahia, 1952. 312 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
SONETO A CRISTO CRUCIFICADO
Atribuído a Santa Teresa
No mse mueve, mi Dios, para quererte
El cielo que me tienes prometido;
Ni me mueve el infierno tan temido
Para dejar por eso de ofenderte.
Tú me mueves, Señor; muéveme el verte
Clavado en una cruz y escarnecido;
Muéveme el ver tu cuerpo tan herido;
Muéveme tus afrentas y tu muerte.
Muéveme, al fin, tu amor, y ens tal manera
Que, aunque no hubiera cielo, yo te amara,
Y, aunque no hubiera infierno, te temiera;
No me tienes que dar porque te quiera,
Pues, aunque lo que espero no esperaraa,
Lo mismo que te quiero te quisiera.
SONETO A CRISTO CRUCIFICADO
Tradução de Heitor P. Fróes
Não me move, Deus meu, para querer-te
A esperança do Céu, que hás prometido;
Nem representa o Inferno, tão temido,
Razão para que eu deixe de ofender-te.
Moves-me tu, Senhor! Move-me o ver-te
Crucificado e o corpo tão ferido;
E as afrontas e a morte que hás sofrido
Inda me fazem mais estremecer-te.
Move-me o teu amor de tal maneira
Que não havendo céu... te idolatrara,
E mesmo sem o inferno te temera;
Por tanto amar-te, entanto, nada espero,
Pois se o que almejo acaso não lograra...
Não te quisera menos que te quero!
[ POEMA ERÓTICO: ]
Que mandais, pois, bom Senhor,
que faça tão vil criado?
Qual oficio haveis Vós dado
a este escravo pecador?
Eis-me aqui, meu doce amor;
amor doce, estou aqui:
Que mandais fazer de mi:
Eis aqui meu coração,
eu ponho-o na vossa palma:
minha vida, corpo e alma,
e entranhas e afeição,
Doce Esposo e Redenção,
se por vossa me ofereci:
Que mandais fazer de mi?
Santa Teresa de Ávila (1515-1582)
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Página publicada em fevereiro de 2024.
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Página ampliada e republicada em junho de 2022
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