POESIA ESPAÑOLA - POESIA ESPANHOLA
Coordenação de Aurora Cuevas Cerveró
MANUEL MOYA
Manuel Moya nasceu em 1960, em Fuenteheridos, onde reside. Publicou La Noche Extranjera (Col. G. Celaya), Salario (Ánfora nova). Pese al combate (Ayto. Las Palmas), Taller de máscaras (col. Leonor), Lección de sombras (Renacimiento), Interior con islas (Pretextos) e a antologia Habitación con islas, recentemente traduzida para francês. Sob o pseudónimo Violeta C. Rangel apareceram La posesión del Humo (Hiperión) e Cosecha roja (Baile dei sol). Exerce a criação, a critica e a tradução. Prémio G. Celaya, Ciudad de Córdoba, Ciudad de Las Palmas, Leonor, entre outros, obteve uma bolsa de criação literária do Ministério da Cultura. Participa em numerosas antologias da poesia espanhola contemporânea.
TEXTOS EN ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
De
Manuel Moya
QUARTO COM ILHAS
HABITACIÓN CON ISLAS
Antología, 1984-2000
Trad. de Rui Costa
Torres Vedras, Portugal: Livrododia Editores, 2008
(Palabra Ibérica)
ISBN 978-972-8979-09-6
AUTORRETRATOS
Este soy,
quien ahora se empena en habitarme,
quien inutilmente me abraza desde el sueño
por calles que dan a mi propia geología,
donde todo finge y todo arde,
tan convicto de mi como yo mismo.
Y es esa mano que me sigue
como un muerto a todas partes,
que a mi lado lucha, que a mi través camina
sin plazos ni objeciones,
sin sumas, sin sombra y sin respuestas,
arrebatada de otro cuerpo, de otra herida,
de otra forma.
Este soy, tan cerca de ese otro
que transcribo con heridas,
que palpo alia en Io oscuro,
como una carne tan dentro y dentro de la mía.
Idéntica piel la que nos goza,
idéntica piel la que nos sufre
nos narra y nos derriba,
tan quietos, tan fundidos,
que basta una sola voz para alejarnos.
Este soy, testigo inseparable
de ese otro que coincide conmigo en la vigília,
que me obliga a dudar de eso que afirmo,
ungidos ambos por sombras similares.
El uno vela cuando el otro acecha y desconfía,
mientras el uno me huye el otro me persigue,
y ya no sé de cierto
si perseguidor o perseguido soy
y no sé quién arroja un pie sobre otro pie,
un labio sobre el otro y ambos sobre quién.
AUTO-RETRATOS
Este sou,
quem agora se empenha em habitar-me,
quem inutilmente me abraça desde o sono
por ruas que levam à minha própria genealogia,
onde tudo finge e tudo arde,
tão convicto de mim como eu mesmo.
E é essa mão que me segue
como um morto a todo o lado,
que a meu lado luta, que através de mim caminha
sem prazos nem objecções,
sem somas, sem sombra e sem respostas,
arrebatada de outro corpo, de outra ferida,
de outra forma.
Este sou, tão perto desse outro
que transcrevo com feridas,
que apalpo além no escuro,
como uma carne tão dentro e dentro da minha.
Idêntica pele a que nos goza,
idêntica pele a que nos sofre
nos narra e nos derruba,
tão quietos, tão fundidos,
que basta uma só voz para afastar-nos.
Este sou, testemunha inseparável
desse outro que coincide comigo na vigília,
que me obriga a duvidar disso que afirmo,
ungidos ambos por sombras similares.
Um vela enquanto o outro espreita e desconfia,
enquanto um me foge o outro persegue-me,
e já não sei ao certo
se sou perseguidor ou perseguido
e não sei quem lança um pé sobre outro pé,
um lábio sobre outro e ambos sobre quem.
PÁJAROS FURTIVOS
Se hielan los postigos
en esta noche densa.
Los árboles, distantes,
ofician su espesura.
La lluvia que te sigue,
el calor que has injertado,
recorren esta noche
de pájaros furtivos.
Se hielan los cristales
y es nada cuanto amaste,
nada la pátria que te acoge,
la voz con que recuerdas.
PÁSSAROS FURTIVOS
Gelam as portadas
nesta noite densa.
As árvores, distantes,
celebram a sua espessura.
A chuva que te segue,
o calor que enxertaste,
percorrem esta noite
de pássaros furtivos.
Gelam os cristais;
é nada o que amaste,
nada o país que te acolhe,
nada a voz com que recordas.
Página publicada em fevereiro de 2011, com a colaboração de Uberto Stabili.
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