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POESÍA ESPAÑOLA – POESIA ESPANHOLA

Coordinación / Coordenação de AURORA CUEVAS CERVERÓ

 

 

LUIZ MUÑOZ

Licenciado en Filología española y románica. Considerada una de las más expresivas de la nueva poesía española.

Obra poética: Calle del mar (1987), Septiembre (1991), Manzanas amarillas (1995), El apetito (1998), Correspondencias (2001), Limpiar pescado (2005), Querido silencio (2006).

TEXTOS EN ESPAÑOL  / TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

ESCULTURA LÍQUIDA

Si todo terminara aqui, si todo se cerrara,

de golpe, como un cepo, no lo lamenaría.

 

Suena una hebilla em la outra hebilla

encima de la colcha.

Luego, los cuerpos de tromenta, el suyo

que es um ciclón de seda, el mio

que ES um tronco volcado

y esa intersección de memória y olvido,

de afirmación y nada, de posesión y fuga,

de planos sobre planos sobre planos.

 

UM REGALO
 

Ha dibujado em uno de los discos

dos montañas com nieve

y um soldereyos cortos

que tiembla todavia.

Su silencio ES um cable.

Las palmas de sus manos

Son redes que se secam.

Sus zapatillas viven un sueño  de locales

en el que fosforece una promesa rápida.

 

Le ama y le inquieta,

igual que el algodón de su camisa,

el orden de sus libros,

el pedazo de calle bulliciosa,

una tripa de humo,

que vê, mientras le espera, en su ventana.

 

DESPUÉS DEL POEMA

 

Como después de Haber llovido.

Cada coche eu pasa

de um sonido brillante.

Una fragancia espera otra.

Un lazo outro lazo o una mano.

El silencio se mueve

como el pez del desierto

salido del letargo.

El aire deja ver.

 

Cada contorno,

cada muro de casa,

cada farola es alguien.

Uma conversación interrumpida

de pronto retoma.

Lo habíamos dejado en que se entiende

el núcleo giratório

de lo que no se entiende,

em que el oído es alma.

 

Tu momento coincide com tu cuerpo,

se saben escuchar.

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS

Tradução de Antonio Miranda 

 

ESULTURA LÍQUIDA

 

Se tudo terminasse aqui, se tudo se fechasse,   

de repente, como um cepo, eu não lamentaria.

 

Soa uma fivela contra outra fivela

em cima da colcha.

Depois, os corpos de tormenta, o seu

que é um ciclone de seda, o meu

que é um tronco tombado

e essa interseção de memória e esquecimento,

de afirmação e nada, de possessão e fuga,

de planos sobre planos sobre planos.

 

UM PRESENTE

Desenhei em um dos discos

duas montanhas com neve

que ainda treme.

Seu silêncio é um cabo.

As palmas de suas mãos

são redes que se secam.

Seus chinelos vivem um sonho de locais

Em que fosforesce uma promessa rápida.

 

Ama-o e o inquieta,

como o algodão de sua camisa,

a ordem dos livros,

o pedaço de rua barulhenta,

uma porção de vapor,

que vê, enquanto o espera, em sua janela.

 

DEPOIS DO POEMA
 

Como depois de ter chovido.

Cada carro que passa

emite um som brilhante.

Uma fragrância espera outra.

 Um laço outro laço ou uma mão.

O silêncio se move

como o peixe do deserto

saído da letargia.

O ar deixa ver.

 

Cada contorno,

cada muro de casa,

cada lanterna é alguém.

Uma conversa interrompida

De repente se retoma.

 

Nós o havíamos deixado no que se entende

como núcleo giratório

do que não se entende,

em que o ouvido é alma.

 

Teu momento coincide com teu corpo,

sabem se escutar.



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