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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

LUIS SEOANE

 

Grande gravador e poeta galego. Tive o privilégio de conhecê-lo em seu ateliê, em Buenos Aire (1962), por intermédio de nosso amigo comum o escritor argentino Manuel Mujica-Láinez.  Em várias ocasiões o artista me recebeu e até traduziu alguns de meus poemas ao espanhol. Na ocasião dedicou-me um de seus livros de poemas e gravuras – “NA BRETEMA, SANTIAGO por Luis Seoane com 10 Grabados em Metal pol-o autor”, editado pela célebre editorial Botella al Mar. Teve a gentileza de inscrever um desenho a tinta nanquim no livro com uma dedicatória celebrando aquele encontro memorável:

“Para Da Nirham Eros estes poemas con o afecto de Seoane 62.”

Da Nirham Eros era o pseudônimo com que eu assinava meus trabalhos poéticas naquela época de juventude.

Antonio Miranda


 

 

A RUA DOS TOLOS

 

Aducedos â  fonte dos cabalos

pra danzar na eirexa arredor do altar

cos xigantes e cabezudos,

van o Bispo dos tolos e a Abadesa tola

rebulindo no ar e no alto as suas manías.

A multitude xurde escordada das sombras

e as canciós estrélanse contra os ecos.

A vella recén casada coroada de edra

con un tirso nas mans sarmentosas

é aduceda en andas pol-as mozas mais fermosas.

O rey David e A Adúltera do cráneo no colo,

a todol-os ven chegar cos seus ollos de pedra

dende a eternidade dos relevos do pórtico.



 

 

O TAPIZ

 

Espandiu o saltimbanqui

no meio da Praza do Toural

o humilde tapiz envellecido

de fleques prateados,

onde él,

e a moza vestida de rosa

de cabelos coma de ouro colado,

facían os seus brincos perigosos.

Onde o atleta de brazos de aceiro

erguía seus pesados ferros.

Cando os acróbatas e contorsionistas .

e a muller con barbas

entoaban a sua cantiga de pelengrinos,

de vagamundos pelengrinos,

a belida moza errante

de ouro triste e rosa

perdía no salto sua vida

de triste rosa e ouro.

Caíndo coma unha pomba morta

enriba do vello tapiz

de sinestros fleques prateados

no que quedou broslada

con rosa, ouro e sangue,

a imáxen da moza.

No dobre salto mortal

de ouro triste e rosa triste.

 

 

 

A PESTE

 

Encol do bosco de Santa Susana

sinalado pol-a estrela brilante,

monstros celestes, símbolos sinistros,

mans armadas figuradas no ceo,

ameazan a cidade apestada.

A besta eisterminadora con figura humán

espalla antre o pobo a epidemia e o rumor

e homes e mulleres achéganse â morte

disfroitando axiña de todol-os praceres.

Un amarelo, xigantesco facho de cera

producto das esmolas, arde doente

encol do altar, alumeando a morte

de día e de noite.

A crus sinala as casas dos apestados

e xúntanse co aire infeto das paredes,

molladas con auga e vinagre,

o fume das teas,

dos queimados obradoiros dos oficios proibidos,

dos xastres, das costureiras e dos farrapeiros.

 

 


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