| POESIA  ESPAÑOLA - POESIA ESPANHOLACoordenação de Aurora Cuevas Cerveró
 JORGE MANRIQUE (1440? - 1479)
 
 
 DeJorge Manrique
 POESIA DOUTRINAL
 COPLAS PELA MORTE DE EU PAI E COPLAS PÓSTUMAS
 Introdução,  tradução e notas de Rubem Amaral Jr
 São Paulo: 1984
 Projeto gráfico de Diana Mindlin. Tiragem de 800 exemplares.
 
 
 Edição do tradutor,  esmerada, de muita qualidade editorial e tipográfica. Agradecemos ao  Rubem a doação da obra, com o devido  autógrafo, e a autorização para a reprodução de textos.  Rubem Amaral Jr é um estudioso da obra do  grande poeta espanhol e amealhou uma coleção considerável de edições do autor  das Coplas em sua biblioteca particular. Existem muitas biografias  de Jorge Manrique na web. Cabe apenas ressaltar o que diz o próprio Rubem na  introdução:  "A biografia do criador  da que já foi considerada obra culminante da poesia medieval espanhola e, até  mesmo, melhor poema da língua castelhana, é extraordináriamente carente de dados  precisos." (p. 11) Sobre a obra de Manrique nos diz: "foi poeta de  reduzida bagagem literária, limitada a apenas 49 composições conhecidas (50 se  aceitarmos a atribuição da cantiga Con  tantos males guerreo), abrangendo os diferentes gêneros em moda na época:  cantigas, coplas, esparsas, motes, glosas, perguntas, respostas, etc. Sua  elaboração deve ser situada entre 1465 e 1469" (p. 17). Cada uma das  traduções vem acompanhada de notas explicativas de origens etimológicas, sentidos  e concepções da época, dados que ajudam a entender os poemas, que excluímos. Lamentavelmente,  a edição presente é de difícil acesso, fora de comércio, apenas em acervos  particulares.  "La  mar que es el morrir" é verso célebre de Manrique que serviu de título e  mote para o livro de poemas do escritor venezuelano Miguel Otero Silva e, com  certeza, inspirou a muitos outros poetas nos séculos de sua vigência.  A.M.   TRADUÇÃO DE RUBEM  AMARAL JR. 
 POESIA DOUTRINALCOPLAS PELA MORTE DE SEU PAI E COPLAS PÓSTUMAS
   IRecorde a alma dormida
 avive o senso e desperte
 contemplando
 como perpassa a vida,
 chega-se a morte solerte,
 tão calando;
 quão prestes se vai o prazer
 como depois de lembrado
 causa dor,
 como, a nosso parecer
 qualquer momento passado
 foi melhor.
 
 II
 E pois, vemos o presente
 com é num instante vencido
 e acabado,
 se julgamos sabiamente
 daremos até o não sido
 por passado.
 Não se enganem em pensar
 que seguirá o que vem
 outra norma,
 mais que o já visto durar,
 porque passará também
 por esta forma.
 
 
 IIINossas vidas são os rios
 que vão lançar-se no mar
 que é o morrer;
 ali vão os senhorios
 diretos a se acabar
 e se perder;
 ali os rios caudais,
 ali os ouros meãos
 e menores:
 lá chegados são iguais
 os que vivem por suas mãos
 e os senhores.
 
 IV
 Deixo as invocações
 dos afamados poetas
 e oradores;
 não cuido de suas ficções,
 que trazem ervas secretas
 seus sabores.
 Àquele só me encomendo,
 aquele só invoco eu
 de verdade,que neste mundo vivendo,
 o mundo não conheceu
 sua deidade.
 
 V
 Este mundo é o caminho
 para o outro, que é morada
 sem pesar;
 mas sempre tem bom alinho
 para andar esta jornada
 sem errar.
 Parimos quando nascemos,
 andamos quando vivemos
 e chegamos
 ao tempo que fenecemos;
 assim que quando morremos
 descansamos.
 
 VI
 Este mundo ameno é
 se bem usássemos dele
 qual devemos,
 pois segundo nossa fé
 somente ganhar aquele
 pretendemos.
 Mesmo o Filho de Deus
 para ao céu nos alçar
 descendeu
 a nascer aqui entre os seus
 e a neste solo habitar
 onde morreu.
 
 VII
 Se fosse em nosso poder
 fazer a cara formosa
 corporal,
 como podemos fazer
 a alma tão gloriosa
 angelical,
 que diligência tão viva
 teríamos toda hora,
 tão disposta,
 em nos compor a cativa,
 deixando-nos a senhora
 descomposta!
 
 VIII
 Vede quão pouco valor
 têm as coisas trás que andamos
 e corremos;
 que neste mundo traidor
 antes mesmo que morramos
 as perdemos.
 Delas desfaz a idade,
 delas casos desastrados
 que acontecem;
 delas, por sua qualidade,
 em os mais altos estados
 desfalecem.
 
 IX
 Dizei-me: a formosura,
 a gentil frescura e tez
 duma cara,
 o rosado e a brancura,
 quando a velhice se fez,
 onde pára?
 As manhas e ligeireza
 e a força corporal
 da juventude,
 tudo se torna graveza
 quando chega ao arraial
 da senectude.
 
 X
 Pois até o sangue dos godos,
 e a linhagem e a nobreza
 tão crescida,
 por quantas vias e modos
 se some sua grande alteza
 nesta vida!
 Muitos, por pouco valer,
 por quão baixos e abatidos
 que as têm!
 Outros que, por nada ter,
 com ofícios indevidos
 se mantêm.
 
 XI
 Que os estados e riqueza
 não nos deixem em má hora
 quem garante?
 Não lhes peçamos firmeza,
 pois que são duma senhora
 inconstante;
 que eles são da Fortuna
 que a roda sua a girar
 não repousa,
 a qual não pode ser una
 nem estar queda ou parar
 em uma cousa.
 
 XII
 Mas concedo que eles sigam
 e cheguem junto da fossa
 com seu dono;
 por isso não nos desdigam,
 breve vai-se a vida nossa
 como sono.
 E os deleites de cá
 são, em que nos deleitamos,
 temporais,
 e os tormentos de lá,
 que por eles esperamos,
 eternais.
 
 XIII
 Os prazeres e dulçores
 desta vida trabalhada
 que possuímos,
 não são mais que batedores,
 e a morte uma cilada
 em que caímos.
 Não olhando nosso dano,
 corremos a rédea solta
 sem parar;
 dês que vemos o engano
 e queremos dar a volta,
 não há lugar
 
 XIV
 Estes reis tão poderosos
 que vemos por escrituras
 já passadas,
 com casos tristes, chorosos,
 foram suas boas venturas
 transtornadas;
 assim que nada é tão forte,
 que a papas, imperadores
 e cardeais
 assim os trata a morte
 como a uns pobres pastores
 de animais.
 
 XV
 Deixemos em paz troianos,
 cujos males não lhes vimos
 nem as glórias;
 deixemos atrás romanos,
 se bem que temos e ouvimos
 suas histórias;
 não curemos do que contem
 sobre o século passado,
 que foi dele;
 venhamos logo ao de ontem,
 que também está olvidado
 como aquele.
 
 XVI
 Que fim teve o rei Dom João?
 De Aragão os três infantes
 qual tiveram?
 Onde estão tanta invenção
 e tantos jovens galantes
 que as trouxeram?
 Foram apenas devaneios?
 Que foram salvos das eiras
 as verduras,
 as justas e os torneios,
 paramentos e cimeiras,
 bordaduras?
 
 XVII
 Que fim levaram as damas,
 seus toucados e vestidos
 seus olores?
 Que fim levaram as chamas
 dos ardores acendidos
 de amadores?
 Que é feito do trovar,
 das músicas acordadas
 que tangiam?
 Que é feito do dançar,
 daquelas roupas chapadas
 que traziam?
 
 XVIII
 Pois o outro, seu herdeiro,
 Dom Henrique, que poderes
 alcançava!
 Quão brando, quão lisonjeiro
 o mundo com seus prazeres
 se lhe dava!
 Mas verás quão inimigo,
 quão contrário, quão danoso
 se lhe mostrou;
 havendo-lhe sido amigo,
 o que lhe deu generoso
 lhe não durou!
 
 XIX
 As dádivas desmedidas<
 os edifícios reais
 cheios de ouro,
 as baixelas tão lavradas,
 os henriques e reais
 do tesouro,
 os jaezes, os cavalos
 de suas gentes e atavios
 tão sobrados,
 onde iremos nós buscá-los?
 Que foram salvo rocios
 pelo prados?
 
 XX
 Pois seu irmão o inocente
 que em sua vida sucessor
 se chamou,
 que corte tão excelente
 teve, e quanto grão senhor
 o cercou!
 Mas, como era mortal,
 meteu-o a morte logo
 em sua frágua.
 Oh juízo divinal,
 quando mais ardia o fogo,
 deitaste água!
 
 XXI
 Pois do grande Condestável,
 o Mestre, que conhecemos
 tão privado,
 calemos a sorte instável,
 digamos só que o tivemos
 degolado.
 O seu tesouro opulento,
 suas vilas e seus lugares,
 seu mandar,
 causaram-lhe só lamento.
 Que foram salvo pesares
 ao deixar?
 
 XXII
 E os outro dois irmãos,
 os mestres tão prosperados
 como reis,
 que aos grande e meãos
 trouxeram tão sojugados
 a suas leis;
 aquela prosperidade
 que tão alta foi erguida
 e exaltada,
 que foi salvo claridade
 que estando mais acendida
 foi apagada?
 
 XXII
 Tantos duques excelentes,
 tantos marqueses e condes
 e barões
 como vimos tão potentes,
 dize, morte, onde os escondes
 e transpões?
 E as mui claras façanhas
 que fizeram em suas guerras
 e nas pazes,
 quando tu, crua, te assanhas,
 com tua força as aterras
 e desfazes.
 
 XXV
 O que de bons era abrigo,
 amado por virtuoso
 pela gente,
 o senhor Mestre Rodrigo
 Manrique, tanto famoso
 e tão valente,
 seus grandes feitos e claros
 não cumpre que eu os gabe,
 que os miraram,
 nem os quero fazer caros,
 pois que o mundo todo sabe
 qual passaram.
 
 XXVI
 Amigo de seus amigos,
 que senhor para criados
 e parentes!
 Que inimigo de inimigos!
 E que mestre de esforçados
 e valentes!
 Que siso para prudentes!
 Que graça pra donosos!
 Que razão!
 Brando pra dependentes!
 Para os bravos e danosos,
 um leão!
 
 XXVII
 Em ventura Otaviano;
 Júlio César em vencer
 e batalhar;
 em sua virtude, Africano;
 Aníbal em seu saber
 e trabalhar;
 em sua bondade, um Trajano;
 Tito em liberalidade
 com alegria;
 em seu braço, Aureliano;
 Marco Atílio na verdade
 que prometia.
 
 XXVIII
 Antonio Pio em clemência;
 Marco Aurélio na igualdade
 do semblante;
 Adriano na eloquência;
 Teodósio em humanidade
 e bom talante.
 Aurélio Alexandre é
 na disciplina e rigor
 de sua guerra;
 um Constantino na fé,
 Camilo no grande amor
 de sua terra.
 
 XXIX
 Não deixou grandes tesouros,
 nem logrou muitas riquezas
 nem baixelas,
 mas teve guerra com os mouros,
 ganhando suas fortalezas
 e vilelas;
 e nas lides que triunfou
 quantos mouros e cavalos
 se perderam;
 e neste ofício ganhou
 as rendas e os vassalos
 que lhe deram.
 
 XXX
 Pois por sua honra e estado,
 em outros tempos passados,
 como achou-se?
 Ficando desamparado,
 com irmãos e os criados
 sustentou-se.
 Depois que atos famosos
 praticou na dita guerra
 que fazia,
 fez contratos tão honrosos
 que lhe deram mui mais terra
 que possuía.
 
 XXXI
 Estas suas velhas histórias
 que com o braço pintou
 na juventude,
 com outras novas vitórias
 agora as renovou
 na senectude.
 Por sua grade habilidade,
 por méritos e anciania
 bem gastada,
 alcançou a dignidade
 da alta e grã Cavalaria
 da Espada.
 
 XXXII
 E suas vilas e suas terras
 por tiranos ocupadas
 as achou,
 mas por cercos e por guerras
 e por força de espadas
 as cobrou.
 Pois nosso Rei natural,
 se dessas obras que obrou
 foi servido,
 diga-o o de Portugal
 que em Castela quem tomou
 seu partido.
 
 XXXIII
 Depois de posta a vida
 
 tantas vezes por´sua leino tab´leiro;
 depois de tão bem servida
 a coroa de seu rei
 verdadeiro;
 depois de tanta façanha
 que exatamente contar
 não comporta,
 em a sua vila de Ocaña
 veio a morte chamar
 a sua porta.
 
 XXXIV
 Dizendo: "Bom cavaleiro,
 deixai o mundo enganoso
 com seu afago;
 vosso coração inteiro
 mostre seu esforço famoso
 em este trago.
 "E pois de vida e saúde
 fizestes tão pouca conta
 pela fama,
 esforce-se a virtude
 para sofrer esta afronta
 que vos chama".
 
 XXXV
 Não se vos faça amarga
 a batalha temerosa
 que esperais,
 pois outra vida mais larga,
 de fama tão gloriosa,
 aqui deixais;
 "se bem tal vida de honor
 também não seja eternal
 nem verdadeir;
 mas, contudo, é bem melhor
 que a outra temporal
 e passageira.
 
 XXXVI
 O viver que é perdurável
 não se ganha com estados
 mundanais,
 nem com vida deleitável
 onde moram os pecados
 infernais;
 "mas os bons religiosos
 ganham-no com orações
 e flagícios;
 os cavaleiros famosos
 contra mouros em aflições
 e suplícios.
 
 XXVII
 E pois vós, claro varão,
 tanto sangue derramastes
 de pagãos,
 esperai o galardão
 que neste mundo ganhastes
 pelas maõs;
 "e com esta confiança
 e com a fé tão inteira
 que haveis,
 parti com boa esperança,
 que estoutra vida terceira
 ganhareis".
 
 (Responde o Mestre:)
 XXXVIII
     "Não gastemos tempo jáem esta vida indina
 por tal via,
 que minha vontade está
 pra tudo com a divina
 em harmonia.
 "E consinto em meu morrer
 com a vontade bem forte,
 clara e pura,
 que querer homem viver
 quando Deus quer dar-lhe morte
 é loucura".
 
 (Do Mestre a Jesus)
 XXXIX
 Tu que, por nossa maldade,
 mau nome e forma servil
 com amor tomaste;
 Tu, que com tua divindade
 o corpo humano tão vil
 também juntaste;
 "Tu, que tão grandes tormentos
 sofreste sem resistência
 em tua pessoa,
 não por meus merecimentos,
 mas só por tua clemência
 me perdoa".
 
 Cabo
 XL
 Assim, com tal entender,
 todos sentidos humanos
 conservados,
 cercado de sua mulher
 e de seus filhos, seus manos
 e criados,
 deu a alma a quem lha deu
 (O qual no céu a porá,
 em sua glória),
 e embora consolo deixará
 sua memória.
   COPLAS PÓSTUMAS
 Oh mundo, pois que nos matas,
 fosse a vida que existe
 toda vida!
 Mas segundo cá nos tratas,
 o melhor e menos triste
 é a partida
 de tua vida, tão coberta
 de tristezas e de dores,
 despovoada,
 de bens sempre tão deserta,
 de prazeres e dulçores
 despojada.
 
 É teu começo choroso,
 tua saída sempre amarga
 e nunca amena;
 o do meio, trabalhoso,
 e a quem dás vida mais larga
 lhe dás pena.
 Assim os bens mal morrendo
 e com suor se procuram
 e no-los dás;
 os males chegam correndo
 depois de chegados duram
 muito mais.
     MANRQUE, Jorge.  Coplas a la muerte de su padre. Coplas póstumas. Introdução, tradução e notas de Rubem Amaral  Jr.  Edição bilíngue.  Brasília?: Embajada de España em Brasil,  Consejeria de Educación, Asesoria Linguistica; Montevidoe: Oltaver S.A. Buenos  Libros Activos, 1993.  136 p. (Coleção:  Orellana, volume 7)  ISBN  9974-575-303  14x21 cm.  Col. A.M.   (ejemplos):   [II]           Y pues vemos lo presente         cómo en vn punto se es ydo        y acabado, 15   sy juzgamos sabiamente,        daremos lo no venido        por pasado.        No se engañe nadie, no, 20    pensando que a de durar        lo que spera        mas que duró lo que vio,        por que todo ha de pasar        por tal manera.     Actualización  ortográfica     II   Y pues vemos lo presente como en un punto se es ido y acabado, si juzgamos sabiamente daremos lo no venido por pasado.No se engane nadie, no,
 pensando que ha de durar
 lo que espera
 más que duró lo que vio,
 porque todo ha de passar
 por tal manera.
       II   E pois vemos o presente como é num instante vencido e acabado, se julgamos sabiamente daremos até o não sido por passado. Não se enganem em pensar que seguirá o que vem outra norma, mais que o já visto durar, porque passará também por esta forma.      [XIV]   Estos reyes poderosos que vemos por escripturas           ya  pasadas, 160    con casos tristes, llorosos,           fueron  sus buenas venturas           trastornadas;           asy  que no ay cosa fuerte,           que  a papas y emperadores 165    y perlados,            asy los trata la muerte           como  a los pobres pastores           de  ganados.       Actualización  ortográfica   XIV   Estos reyes poderosos que vemos por escrituras ya pasadas con casos irisles, llorosos, lueron sus buenas venturas transtornadas; así que no hay cosa fuerle que a papas y emperadores y prelados así los trata la muerte como a los pobres pastoresde ganado.
       XIV   Estes reis tão poderosos que vemos por escrituras já passadas, com casos' tristes, chorosos, foram suas boas venturas transtornadas; assim que nada é tão forte, que a papas, imperadores e cardeais assim os trata a morte como a uns pobres pastores de animais.    MANRIQUE, Jorge.  Coplas  a la muerte de su padre. Edición prologada y anotada por Juan Cardiff.  2ª . edición.   Buenos Aires,: Editorial Marcos Ssatre, 1953.   64 p.   (Biblioteca de Clásicos Castellanos, 1) 11,5x16 cm   Traduciones de ANTONIO MIRANDA: 
 III.  CANCIÓN             Quien  no´estuviere en presencia,no tenga fe en confianza,
 pues son olvido y mudanza
 las condiciones d´ausencia.
 Quien  quisiere ser amado,
 trabaje por ser presente,
 que cuan presto fuere ausente,
 tan presto será olvidado:
 y  perda toda esperanza
 quien no´estuivere en presencia,
 pues son olvido y mudanza
 las condiciones d´ausencia.
   III.  CANÇÃO           Quem  não estivera em presença,não tenha fé em confiança,
 pois são olvido e mudança
 as condições d´ausência.
 Quem  quisera ser amado,
 trabalhe por ser presente,
 que quão presto fora  ausente,
 tão presto será olvidado:
 e  perca toda esperança
 quem não estivera em presença,
 pois são olvido e mudança
 as condições d´ausência.
   V.  CANCIÓN
 Con  dolorido cuidado,
 desgrado, penas y dolor,
 parto yo, triste amador,
 d´amores desamparado,
 d´amores, que no d´amor.
           Y  el corazón, enemigode lo que mi vida quiere,
 ni halla vida ni muere
 ni queda ni va conmigo;
           Sin  ventura, desdichado,sin consuelo, sin favor,
 d´amores desamparado,
 d´amores, que no d´amor.
             V. CANÇÃO                     Con  dolorido cuidado,desregrado,  penas e dor,
 parto  eu,  triste amador,
 d´amores  desamparado,
 d´amores,  que não d´amor.
                     E  o coração, inimigodo que minha vida requer,
 nem vida acha: sequer
 a  vida não fica, nem vai comigo;
                     Sem  ventura, desgraçado,sem  consolo, sem favor,
 d´amores  desamparado,
 d´amores,  que não de amor.
   VII.  ESPARZA           Ya  callé males sufriendoy sufrí penas callando,
 padescí no mereciendo
 y merescí  padesciendo
 los bienes que no demando:
           Si  ell esfuerzo qu´he tenidopara calar y sofrir,
 tuviera parara  decir,
 no sintiera mi vivir
 los dolores que ha sentido.
             VII. ESPARSA                     Já  calei males sofrendoe  sofri penas calando,
 padeci  não merecendo
 e  mereci padecendo
 os  bens que não demando:
                     Se  o esforço que hei tidopara  calar e sofrer,
 tivera  para dizer,
 não  sentira meu viver
 as  dores que hei sentido.
 
 
 Página publicada em abril  de 2010 - Ampliada e republicada em dezembro de 2013; ampliada e republicada em agosto de 2015.
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