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Sobre Antonio Miranda
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESÍA ESPAÑOLA / POESIA ESPANHOLA

Coordinación/coordenação de AURORA CUEVAS CERVERÓ

 

 


JUAN RAMÓN JIMÉNEZ

 (1881-1959)

 

Premio Nobel de Literatura, nació em Moguer (Huelva, Espanha);

En 1900 publicó sus dos primeros libros de textos: Ninfeas y

Almas de violeta. La obra poética de Juan Ramón Jiménez es muy numerosa. Poeta simbolista y romántico, metafísico después. 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS

REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL. Ano 3,  No. 6  jul./dez., 2021.          Diretor Flavio R. Kothe.  Brasília, DF: Editora Cajuína/Opção editora, 2021.  146 p.              ISBN 2674-84-95

 

                  Tradução de  ANDERSON BRAGA HORTA



        O Cruzeiro do Sul vela por mim

       
O Cruzeiro do Sul vela por mim,
        e minha última inocência,
        no retorno ao menino-deus que fui
        em meu Moguer de Espanha.
        E abaixo, bem debaixo de mim, em terra altíssima,
        que chega até meu exatíssimo afundar,
        uma mãe de calada boca me sustenta,
        me sustentou em sua falda viva,
        quando eu soltava as minhas pipas brancas,
        e sente ora comigo todas as estrelas
        e sente ora comigo todas as estrelas
        da redonda, plena eternidade noturna.
       

 

EL VIAJE DEFINITIVO

 

... Y yo me iré. Y se quedarán los pájaros

cantando;

y se quedará mi huerto, con su verde árbol,

y con su pozo blanco.

 

Todas las tardes, el cielo será azul y plácido;

y tocarán, como esta tarde están tocando,

las campanas del campanario.

 

Se morirán aquellos que me amaron;

y el pueblo se hará nuevo cada año;

 

 

AL CENTRO RAYEANTE

 

Tu estás entre los cúmulos

oro del cielo azul,

los cúmulos radiantes

del redondo horizonte desertado

por el hombre embaucado,

dios deseante y deseado;

estas formas que llegan al cenit

sobre el timón, adelantadas, y acompasan

el movimiento excelso lento,

insigne cabeceo de una proa,

cruzándose con su subir, con su bajar

contra el sur, contra el sur,

enhiesta, enhiesta como un pecho jadeante.

 

Tú vienes con mi norte hacia mi sur,

tú vienes de mi este hasta mi oeste,

tú me acompaña, crece único, y me guías

entre los cuatro puntos inmortales,

dejándome en su centro siempre y en mi centro

que es tu centro.

 

Todo está dirijido*

a este tesoro palpitante,

dios deseado y deseante,

de mi mina em que espera mi diamente;

a este rayeado movimiento

de entraña abierta (en su alma) con el sol

del día, que te va pasando en éstasis*,

a la noche, en el trueque más gustoso

conocido, de amor y de infinito.

 

 

CONCIENCIA HOY AZUL

 

Conciencia de hondo azul del día, hoy

concentración de transparencia azul;

mar que sube a mi mano a darme sed

de mar y cielo en mar,

en olas abrazantes, de sal viva.

 

Mañana de verdad en fondo de aire

(cielo del agua fondo

de otro vivir aún en inmanencia)

explosión suficiente (nube, ola, espuma

de ola y nube)

para llevarme en cuerpo y alma

al ámbito de todos los confines,

a ser el yo que anhelo

y a ser el tú que anhelas en mi anhelo,

conciencia hoy de vasto azul,

conciencia deseante y deseada,

dios hoy azul, azul azul y más azul,

igual que el dio de mi Moguer azul,

un día.

 

 

DESPIERTO A MEDIODÍA

 

El mar siempre despierto,

el mar despierto ahora también a mediodía,

cuando todos reposan menos yo e tú

(o el que trabaja con la hora fija, fuera)

me da mejor que nadie y nada tu conciencia,

dios deseante y deseado,

que surtes, desvelado

vigilante del ocio suficiente,

de la sombra y la luz, en pleamar fundida,

fundido en pleamar.

 

Tus rayos reexpedidos de ti son

mensajes hacia el sol,

fuentes de luminoso y blanco oro surtidor

que refrescan la vida al todo blanco sol.

 

Y el pleno sol te llena, con su carbón dentro,

como la luna anoche te llenaba,

y cual eres la luna, el sol eres tú solo,

solo pues que eres todo.

 

Conciencia en pleamar y pleacielo,

en pleadios, en éstasis obrante universal.

 

                   De Aninal de fondo, 1949

 

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS

Tradução de Antonio Miranda

 

 

Antonio Miranda diante do retrato de Juan Ramón Jimenez,
na casa em que nasceu o grande poeta andaluz, na cidade de Moguer,
província de Huelva, na Espanha, em 2010.

 

 

A VIAGEM DEFINITIVA

 

Então irei. E ficarão os pássaros cantando;

e ficará meu horto, com sua árvore verde,

e com seu pó,co branco.

 

Todas as tardes, o céu será azul e plácido;

e tocarão, com nesta tarde está tocando,

os sinos do campanário.

 

Vão morrer aqueles que me amaram,

e o povoado se renova a cada ano;

e naquele rincão de meu jardim florido e caiado

meu espírito errará, nostálgico.

 

Então irei; e estarei só, sem lar, sem árvore

verde, sem poço branco,

sem céu azul e plácido...

E restarão os pássaros cantando.

 

 

NO DINAMISMO DE EXPRESSÃO GLORIOSA

 

Enormes cães-nuvens negros ladram

por todo o horizonte do poente

em prodigiosa algaravia de adeus enlouquecido

à cidade em áscuas que o crepúsculo

desfaz pouco a pouco em seu abismo elevado.

 

Ladram às cores rubras, pardas;

às tuas cores, deus, às cores

de tua coroação (de minha coroação) noturna;

às cores de tua casa,

às cores sem nome nem destino

que a beleza pressente, escura ou clara;

beleza sucessiva

clara ou escura, que é o mesmo

para a compenetra’cão de nossa graça.

 

Tu mesmo te conténs contendo-me

Que língua milagrosa

a que sol, já de noite, atica  

nestes cães de nuvens,

que língua de unidade

que a ti e a mim nos fazem, como a elas

gritar de amor, de glória, de alegria

gritar também do gozo escuro!

 

Que língua religiosa

em que o cão e tu e eu nos confundimos

em dinamismo de expressão gloriosa!

 

 

ÁRVORES-HOMENS

 

Ontem já tarde

regressava eu com as nuvens

que entravam pelas roseiras

(grande ternura redonda)

entre os troncos constantes.

 

A solidão era eterna

E o sil^encio interminável.

Parei como uma árvore

e ouvi falar as árvores.

 

O pássaro apenas fugia

de tão secreta  paragem,

somente eu podia estar

entre as rosas finais.

 

Eu não queria voltar

a mim, com medo de causar

desgosto de árvore extinta

às árvores semelhantes.

 

As árvores esqueceram

minha forma de homem errante,

e, com minha forma esquecida,

ouvia falar as árvores.

 

Me atrasei até a estrela

em vôo de luz suave

fui escapando pela margem,

com o luar em plenitude.

 

Quando já eu saía

vi as árvores fitando-me.

Elas percebiam tudo,

e me doía deixá-las.

 

E eu as ouvia falar,

entre o nublado de néctar,

com rumor bando, de mim.

Mas, por que desenganá-las?

 

E dizer-lhes que não,

que era apenas o passante,

a quem não falaram.

Eu não queria traí-las.

 

E ontem, já bem tarde,

me ouvi falando às árvores.

 

 

AO CENTRO RAYEANTE**

 

Tu estás entre cúmulos

ouro do céu azul,

os cúmulos radiantes

do redondo horizonte desertado

pelo homem ofuscado,

deus desejante e desejado;

estas formas que chegam ao zênite

sobre o timão, adiantadas, e cadenciam

o movimento excelso lento,

insigne cabeceio de uma proa,

cruzando com seu subir, com o descer

contra o sul, contra o sul,

erguido, erguido com um peito ofegante.

 

Tu vens com meu norte ao meu sul,

tu vens de meu leste até meu oeste,

tu me acompanhas, cresce único, e me guias

entre os quatro pontos imortais,

deixando-me em seu centro sempre e em meu centro

que é o teu centro.

 

Tudo está dirigido

a este tesouro palpitante,

deus desejado e desejante,

de minha mina em que espera meu diamante;

a este raiado movimento

de entranha aberta (em sua alma) como o sol

do dia, que te leva ao êxtase,

à noite, na troca mais prazerosa

conhecida, de amor e de infinito.

 

 

CONSCIÊNCIA HOJE AZUL

 

Consciência de fundo azul do dia, hoje

concentração de transparência azul;

mar que sobe em minha mão criando sede

de mar e céu no mar,

em ondas abrazantes, de sal vivo.

 

Manhã de verdade no fundo ar

(céu de água funda

de outro viver ainda em imanência)

explosão suficiente (nuvem, onda, espuma

de onda e nuvem)

para levar-me em corpo e alma

ao âmbito de todos os confins,

a ser o eu que aspiro

e a ser o tu que aspiras em meu anseio,

consciência hoje do vasto azul,

consciência desejante e desejada,

deus hoje azul, azul azul e mais azulo,

semelhante ao deus de meu Moguer azul,

um dia.

 

 

ACORDADO AO MEIO-DIA

 

O mar sempre acordado,

o mar acordado agora também ao meio-dia,

quando todos repousam menos tu e eu

(ou o que trabalha com hora marcada, fora)

resulta melhor que ninguém e nada tua consciência,

deus desejante e desejado,

que brotas, desvendado

vigilante do ócio suficiente,

da sombra e luz, em preamar fundida,

fundido em preamar.

 

Teus raios reexpedidos de ti são

mensagens para o sol,

fontes de luminoso e branco ouro surtidor

que refrescam a vida ao inteiro branco sol.

 

E em pleno sol te completa, com seu carvão dentro,

como a lua à noite te completava,

e tal qual és lua, o sol és tu somente,

somente pois que tudo és.

 

Consciência em preamar e preacéu,

em preadeus, em êxtase atuante universal.

 

 

                   De Aninal de fondo, 1949

 

 

** JRJ costumava criar neologismos ou grafava as palavras tal como eram pronunciadas, escapando da ortografia oficial, como uma marca de sua criação. Optamos pela palavra raiado em vez de radiado.

 

 

Extraído de

 

 

 

POESIA SEMPRE – Revista Semestral de Poesia.  ANO 4 – NÚMERO 7 – JULHO 1996.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 1996.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

        De volta

        

         Devagar voltamos,
         Com tudo já dito.
         Tu me olhas ainda
         Eu já não te fito.

        

         Tu tocas nas flores,
         eu vou beira-rio.
         Que modo diverso
         O de nós sorrirmos!

        

         A grande lua branca
         Em nosso caminho!
         A ti ela aquece,
         A mim me dá frio.

 

                   Tradução de Manuel Bandeira

 

 

 

         Fim de inverno

 

        Cantam, cantam,
        
Onde cantam os pássaros que cantam?

        

         Chove e chove. Até as casas
         Estão sem ramas verdes. Cantam, cantam
         Os pássaros. Onde cantam
         Os pássaros que cantam?

 

         Não tenho pássaros em casa.
         Não há meninos que os vendam. Cantam.
         O vale está bem longe. Nada...

 

         Nada, não sei onde cantam
         Os pássaros (e cantam, cantam)
         Os pássaros que cantam.

 

                   Tradução de Manuel Bandeira

 

MAIS POEMAS DE JUAN RAMÓN JIMENEZ:
Traduções de ANTONIO MIRANDA

 

 

        XLVI

        7 de febrero
       
        ¡Que peso aquí en el corazón inquieto
        — peso de mar o tierra—,
        de arriba y de debajo!

                ¿Qué corazón, Enel que este yo vivo,
        estarán enterrando o ahogando?

                ¡Qué peso aquí en el corazón inmenso
        como el cielo y el mar;
        qué angustia, que agonía;
        oh, qué peso hondo y alto!

      

 

        XLVI

        7 de fevereiro

       
Que peso aqui no coração inquieto
        — peso de mar ou de terra—,
        por cima ou por baixo!

                Que coração, no qual eu vivo,
       estarão enterrando ou afogando?

                Que peso aqui no coração imenso
        como o céu e o mar;
        que angústia, que agonia;
        oh, que peso fundo e elevado!

 

 

        CIELO

        Te tenía olvidado,
        cielo, y no eras
        más que un vago existir de luz,
        visto —sin nombre—
        por mis cansados ojos indolentes.
        Y aparecías, entre las palabras
        perezosas y desesperanzadas del viajero,
        como en breves lagunas repetidas
        de un paisaje de agua visto en sueños.

        Hoy te he mirado lentamente,
        y te has ido elevando has tu nombre.


               
CÉU

               
Havia te esquecido,
                céu, e não eras
                mais do que um vago existir de luz,
                visto — sem nome —
                pelos meus cansados olhos indolentes.
                E aparecias, entre as palavras
                preguiçosas e sem esperança do viajante,
                como em breves lagoas repetidas
                de uma paisagem de água em sonhos...

                Hoje eu te vi lentamente,
                e saiste elevando-te ao próprio nome.

 

       
       
HASTÍO

               
Un ejército gris de ciegas horas
        nos cerca
        —cual olas, como nubes,—
        en la tristeza que nos tren ellas.

         ¿En donde hemos entrado?
         ¿Qué nos quiere esta reina?
         No sé por que nos lloran,
          no sé a dónde nos llevan,
        
        — Y siempre son las mismas
 y de manera idéntica —.

        Su desnudez es tanta,
 que ya no es. Semejan
 a la desesperanza muerta en tedio,
 que nada da y nada espera.

                ¡Ni las matamos, ni nos matan!
           Y crecen sin cesar, ya no sé a que,
           sin nada mirar y ciegas… 

 

FASTIO

Um exército cinzento de horas ciegas
        nos cerca
        — tal como ondas, como nuvens —
        na tristeza que ela nos trazem.

                   Onde estamos?
        Que deseja de nós esta rainha?
        Não sei porque choram
        nem sei por onde nos levam.

                   — E sempre são as mesmas
        e de maneira idêntica.

        Sua nudez é tamanha
        que já não é. Assemelham-se
        a desesperança morta no tédio,
                   que nada dá e nada espera.

        Nem as matamos, nem nos matam!
       —E crescem sem parar, e não sei porquê,
        sem nada que mirar e cegas...


       
  CLXVII  

  13 de junio

 ...Lo recuerdo, de pronto,
 como un niño asustado
 que se ha ido muy lejos, por el bosque,
 se acuerda de su casa.

        ¡Oh memoria, memoria
 necia, vieja pesada y habladora,
 isla de llanto y cobardía!


       
CLXVII

        13 de junho

         
… A lembrança, de repente,
         como um menino assustado
         que havia ido tão longe, pelo bosque,
         recorda a sua casa.

                Oh! lembrança, lembrança
         tola, velha, pesa e faladeira,
        ilha de pranto e de covardia!

 

*

Página ampliada e republicada em maio de 2023

 

 

 

Página publicada em 23 de abril de 2007 - Ampliada e republicada em janeiro de 2018



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