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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESÍA ESPAÑOLA
Coordinación de AURORA CUEVAS CERVERÓ
Universidad Complutense de Madrid

 

Foto e dados biográficos: wikipedia

 

GLORIA FUERTES

(1918-1998)

 

Gloria Fuertes García foi uma poeta espanhola e autora de literatura infantil, ligada ao primeiro movimento literário espanhol após a Guerra Civil, a geração 50 ou o postismo. Ela se tornou particularmente conhecida na Espanha nos anos 70, depois de suas colaborações em programas de televisão para crianças.

Nascimento: 28 de julho de 1917, Madrid, Espanha

Falecimento: 27 de novembro de 1998, Madrid, Espanha

 

TEXTOS EN  ESPAÑOL    -     TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

LABRADOR

 

   Labrador,

ya eres más de la tierra que del pueblo.
Cuando pasas, tu espalda huele a campo,
ya barruntas la lluvia y te esponjas,
ya eres casi de barro. De tanto arar, ya tienes dos raíces debajo de tus pies heridos y anchos.

   Madrugas, labrador, y dejas tierra
de huella sobre el sitio de tu cama,
a tu mujer le duele la cintura
por la tierra que dejas derramada.
Labrador, tienes tierra en los oídos,
entre las uñas tierra, en las entrañas;
labrador tienes chepa bajo el hombro
y es tierra acumulada,
te vas hacia la tierra siendo tierra
los terrones te tiran de la barba.

   Ya no quiere que siembres más semillas,
que quiere que te siembres y te vayas,
que el hijo te releve en la tarea;
ya estás mimetizado con la parva,
estás hecho ya polvo con el polvo
de la trilla y la tralla.

   Te has ganado la tierra con la tierra
no quiere verte viejo en la labranza,
te abre los brazos bella por el surco
échate en ella, labrador, descansa.

 

                   Todo asusta, 1958

 

 

YA VES QUÉ TONTERÍA

 

   Ya ves que tontería,
me gusta escribir tu nombre,
llenar papeles con tu nombre,
llenar el aire con tu nombre;
decir a los niños tu nombre
escribir a mi padre muerto
y contarle que te llamas así.
Me creo que siempre que lo digo me oyes.
Me creo que da buena suerte:

Voy por las calles tan contenta
y no llevo encima nada más que tu nombre.

 

                   Todo asusta. 1958

 

 

 

SALE CARO SER POETA

 

   Sale caro, señores, ser poeta.
La gente va y se'acuesta tan tranquila
—que después del trabajo da buen sueño—.
Trabajo como esclavo llego a casa,
me siento ante la mesa sin cocina,
me pongo a meditar lo que sucede.
La duda me acribilla todo espanta;
comienzo a ser comida por las sombras
las horas se me pasan sin bostezo
el dormir se me asusta se me huye
—escribiendo me da la madrugada—.
Y luego los amigos me organizan recitales,
a los que acudo y leo como tonta,
y la gente no sabe de esto nada.
Que me dejo la linfa en lo que escribo,

me caigo de la rama de la rima
asalto las trincheras de la angustia
me nombran su héroe los fantasmas,
me cuesta respirar cuando termino.
Sale caro señores ser poeta.

 

          Poeta de guardia, 1968

 

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução: ANTONIO MIRANDA

 

        LAVRADOR

           Lavrador,
já és mais da terra que do povoado.
Quando passas, tuas costas com cheiro de campo:
já pressentes a chuva e te absorves:
já és quase de barro.
De tanto arar, já tens duas raízes
debaixo de teus pés feridos e longos.
Madrugas, lavrador, e deixas terra
da pegada no lugar de tua cama,
a tua mulher sente dor na cintura
pela terra que deixas esparramada.
Lavrador, tens terra nos ouvidos,      
terra nas unhas, nas entranhas;
lavrador és corcunda debaixo do ombro
e é terra acumulada,
vais pra a terra sendo terra
os terrões tiram da barba.
Já não quer que semeies mais sementes,
quer te semeies e evadas
que o filho te reveze na tarefa;
já estás mimetizando com a tonteira,
estás feito já pó com o pó
da trilha e da tralha.
Ganhaste a terra com terra
não quer ver-te velho na lavoura,
te abre os braços bela pelo sulco
saia nela, lavrador, descansa.

                            (Todo assusta, 1958)

 

                   JÁ VÊS QUE TOLICE

                   Já vês que tolice,
gosto de escrever o teu nome,
encher papéis com teu nome,
preencher o ar com teu nome;
dizer às crianças o teu nome
escrever ao meu pai morto
e contar para a ele que assim te chamas.
Creio que sempre digo que ouves —
Creio que dá boa sorte.
Vou pelas ruas tão contente
e não levo encima mais que o teu nome.

                            (Todo assusta, 1958)

 

         SAI CARO SER POETA

           Sai caro, senhores, ser poeta.
A gente vai e se deita tão tranquila
— que depois do trabalho vem um sonho bom —
Trabalho como escravo  chego em casa,
sento à mesa sem cozinha,
fico a meditar o que sucede.
A dúvida me arrebenta  tudo espanta;
começo a ser comida pelas sombras
as horas passam sem bocejo
o dormir me assusta se evado
— escrevendo me chega a madrugada —
E depois os amigos me oferecem recitais,
aos quais assisto e leio como tonta,
e a gente nada sabe disto.
Que me deixa a linfa no que escrevo,
caio do ramo da rima
assalto as trincheiras da angústia
me nomeiam como herói os fantasmas,
custa muito respirar quando termino.
Sai caro, senhores, ser poeta.

                   (Poeta de guardia, 1968)

 

Página publicada em dezembro de 2018

 

 

 
 
 
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