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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


POESIA ESPAÑOLA
Coordinación: Aurora Cuevas Cerveró

 

 


 

FRANCISCO DE QUEVEDO

(1580-1645)

 

 

Nació en Madrid y recibió una gran formación humanística. Acompañó al Duque de Osuna a Sicilia y, al ser éste designado Virrey de Nápoles, ocupó su Secretaría de Hacienda. Destituido Osuna, Quevedo fue desterrado, pero al morir Felipe II volvió a la Corte. Estuvo preso cuatro anos en León, por su enemistad con el Conde Duque de Olivares. AI caer el valido real, pudo volver a su Torre de Juan Abad, y murió poco después. Es figura principalísima del barroco español. Cortesano, hombre de letras, apasionado y contradictorio. Exploró prácticamente todos los temas y géneros de la época. Su poesía reunida fue publicada después de su muerte: El Parnaso Español, Monte en Dos Cumbres Dividido (1648). Existe edición brasileña bilingüe de sus sonetos: Sonetos de Amor e de Morte, traducción de Fernando Mendes Vianna (Embajada de España, 1999). En prosa se destacan: Historia del Buscón; Los Sueños; Política de Dios, Gobierno de Cristo y Tiranía de Satanás, y La Culta Latiniparla (crítica literaria).

 

Nasceu em Madri. Recebeu uma grande formação humanística. Acompanhou o Duque de Osuna à Sicília, e quando este foi designado Vice-Rei de Nápoles, ocupou sua Secretaria de Fazenda. Destituído Osuna, Quevedo foi desterrado, mas, com a morte de Felipe II, voltou à corte. Foi preso por 4 anos em León, em razão de sua inimizade com o Conde Duque de Olivares. Ao morrer o favorito real, Quevedo pôde voltar para sua Torre de Juan Abad, e morreu pouco depois. É a figura principal do Barroco espanhol. Cortesão, homem de letras, apaixonado e contraditório. Explorou praticamente todos os temas e gêneros da época. Sua poesia reunida foi publicada após sua morte: El Parnaso Español, Monte en Dos Cumbres Dividido (1648). Existe edição brasileira bilíngüe de seus sonetos: Sonetos de Amor e de Morte, tradução de Fernando Mendes Vianna (Embaixada da Espanha, 1999). Em prosa, destacam-se: Historia del Buscón; Los Sumos; Política de Dios, Gobierno de Cristo y Tiranía de Satanás, e La Culta Latiniparla (crítica literária).

 

Leia o ensaio: TRADUZINDO UM SONETO ILUSTRE [sobre QUEVEDO] por  Anderson Braga Horta

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL   /   TEXTOS EM PORTUGUÊS

Tradução de Fernando Mendes Vianna

 

SONETO

 

A fugitivas sombras doy abrazos,

en los sumos se cansa el alma mía,

paso luchando a solas noche y día

con un trasgo que traigo entre mis brazos.

 

Cuando le quiero más ceñir con lazos

y viendo mi sudor, se me desvía;

vuelvo con nueva fuerza a mi porfía

y temas con amor me hacen pedazos.

 

Voyme a vengar en una imagen vana

que no se aparta de los ojos míos;

búrlame y de burlarme corre ufana.

 

Empiézola a seguir, fáltanme brios

y, como de alcanzarla tengo gana,

hago correr tras ella el llanto en ríos.

 

 

SONETO

 

A fugitivas sombras dou abraços,

em sonhos cansa-se a alma nesta via,

passo sozinho em lutas, noite e dia,

com um trasgo que trago entre meus braços.

 

Quanto mais vou cerni-lo com meus laços,

em vendo meu suor se me desvia.

Volto com nova força a esta porfia

e tal teima de amor faz-me em pedaços.

 

Vou vingar-me na imagem doidivana,

que não me sai da vista onde a recrio;

de mim se burla, e se burla ufana.

 

Se começo a segui-la, falta brio;

e, como de alcançá-la tenho gana,

faço correr-lhe atrás o pranto em rio.

 

 

Extraídos de POETAS DO SÉCULO DE OURO ESPANHOL: POETAS DEL SIGLO DE ORO ESPANHOL / Seleção e tradução de Anderson Braga Horta; Fernando Mendes Vianna e José Jeronymo Rivera; estudo introdutório de Manuel Morillo Caballero.  Brasília: Thesaurus; Consejería de Educación y Ciência de la Embajada de España, 2000.  343 p.  (Coleção Orellana – Colección Orellana; 12) ISBN 85-7062-250-7

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Tradução de Leonor Scliar-Cabral

 

Os olhos cerrará a derradeira

sombra que levarei na alvadia

e desatar minha alma poderia

no ansioso afã a hora lisonjeira;

 

mas não destoutra parte na ribeira

deixará a memória onde ardia;

meu ardor sabe nadar na água .fria,

em desrespeito à lei prisioneira.     »

 

Alma sob poderoso deus rendida,

veias que o fogo em humor tem molhado,

medulas pela glória encandecidas,

 

seu corpo deixarão, não seu cuidado;

serão cinza, terão, porém, sentido:

pó serão, porém, pó enamorado.

 

 

 

 

 

 

Monumento en honor de Quevedo en Madrid, España.

 

 

Extraídos de
LUCCHESI, Marco.   Faces da Utopia.  Edição trilíngue. Niterói: Editora Cromos, 1992.  196  p.  14x21 cm.  Inclui poemas e traduções de São João da Cruz, Francisco       Quevedo, Fiedrich Holderlin e Georg Traki.

 

SIGNIFICASE LA PROPRIA BREVEDAD DE LA VIDA

SIN PENSAR, Y CON PADECER, SALTEADA DE LA MUERTE

 

¡ Fue sueño ayer; mañana será tierra!

¡ Poco antes, nada; y poco después, humol

Y destino ambiciones, y presumo

apenas punto al cerco que me cierra!

 

Breve combate de importuna guerra,

en mi defensa, soy peligro sumo;

y mientras con mis armas me consumo,

menos me hospeda el cuerpo, que me entierra.

 

Ya no es ayer; mañana no ha llegado;

hoy pasa, y es, y fue con movimiento

que a la muerte me lleva despeñado.

 

Azadas son la hora y el momento

que, a jornal de mi pena y mi cuidado,

cavan en mi vivir mi monumento.

 

 

SIGNIFÍCA-SE A PRÓPRIA BREVIDADE DA VIDA,

SEM PENSAR, E AO PADECER, ASSALTADA PELA MORTE

 

Ontem foi sonho; amanhã será terra!

Pouco antes, nada; pouco depois, fumo!

E destino ambições, e já presumo

um só momento ao cerco que me encerra!

 

Breve combate de importuna guerra,

e, na defesa, sou perigo sumo;

quando com minhas armas me consumo,

menos me hospeda o corpo, que me enterra.

 

O ontem se foi; o amanhã não é dado;

hoje passa, é, e foi com movimento

que me conduz à morte despenhado.

 

Enxadas são as horas e o momento,

pagas por minha pena e meu cuidado:

cavam em meu viver meu monumento.

 

 

ARREPENTIMIENTO Y LAGRIMA DEBIDAS

AL  ENGAÑO  DE LA VIDA

 

Huye sin percibirse, lento, el día,

y la hora secreta y recatada

con silencio se acerca, y, despreciada,

lleva tras sí la edad lozana mia.

 

La vida nueva, que en niñez ardía,

la juventud robusta y engañada,

en el prostrer invierno sepultada,

yace entre negra sombra y nieve fria.

 

No sentí resbalar, mudos, los años;

hoy los lloro pasados, y los veo

riendo de mis lágrimas y daños.

 

Mi penitencia deba a mis deseos.

pues me deben la vida mis engaños.

y espero el mal que paso, y no lo creo.

 

 

ARREPENDIMENTO E LAGRIMAS DEVIDAS

AO ENGANO DA VIDA

 

Foge sem perceber-se, lento, o dia,

e a hora tão secreta e recatada

se abeira silenciosa e desprezada,

levando embora minha louçania.

 

A vida nova, que na infância ardia,

a juventude robusta e enganada,

no derradeiro inverno sepultada,

em negra sombra jaz, em neve fria.

 

Não senti resvalar, mudos, os anos;

hoje choro-os passados, e os vejo

rindo de minhas lágrimas e danos,

 

O meu remorso deva a meu desejo,

pois me devem a vida os meus enganos,

e crer no mal presente não almejo.

 

 

 

DESCUIDO DEL DIVERTIDOVIVIR

A QUIEN LA MUERTE LLEGA IMPENSADA

 

Vivir es caminar breve .jornada,

y muerte viva es, Lico, nuestra vida,

ayer al frágil cuerpo amanecida, .

cada instante en el cuerpo, sepultada.

 

Nada que, siendo, es poco, y sera nada

en poco tiempo, que ambiciosa olvida;

pues, de la vanidad mal persuadida,

anhela duración, tierra animada.

 

Llevada de engañoso pensamiento

y de esperanza burladora y ciega,

tropezará en el mismo monumento.

 

Como el que, divertido, el mar navega,

y, sin moverse, vuela con el viento,

y, antes que piense en acercarse, llega.

 

 

DESCUIDO DO DISTRAÍDO VIVER -----

A QUEM A MORTE CHEGA INESPERADA

 

Viver é caminhar breve jornada,

e morte viva é, Lico, nossa vida,

ontem ao frágil corpo amanhecida,

cada instante no corgo sepultada.

 

Nada que, sendo, é pouco, e será nada

em pouco-tempo, que ambiciosa olvida;

pois, da vaidade mal persuadida,

deseja duração, terra animada.

 

Levada por um falso pensamento

e de esperança enganadora e cega,

tropeçará no próprio monumento.

 

Como o que, distraído, o mar navega,

e, sem mover-se, voa com o vento,

e, antes que pense em abeirar-se, chega.

 

 

 

De   REVISTA DE POESIA E CRÍTICA. Ano XX N. 20, Brasília, outubro 1996”:

Un soneto conceptista de Francisco Quevedo:

 

 

AMOR CONSTANTE MÁS ALLÁ DE LA MUERTE

         Cerrar podrá mas ojos la postrera
Sombra que me llevaré al blanco día;
Y podrá desatar esta alma mía
Ora a su afán ansioso lisonjera:
         Mas no de esotra parte en la ribera
Dejará la memoria en donde ardía;
Nadar sabe mi llama la agua fria,
Y perder el respeto á ley severa.
         Alma á quien todo un Dios prisión ha sido,
Venas, que humor a tanto fuego han dado,
Médulas, que han gloriosamente ardido:
         Su cuerpo dejarán, no su cuidado;
Serán ceniza, mas tendrá sentaido;
Polvo serán, mas polvo enamorado.

 

Tradução de ANDERSON BRAGA HORTA:

 

 

AMOR CONSTANTE PARA ALÉM DA MORTE

         Cerrar meus olhos pode a derradeira
Sombra que levar o branco dia,
E desatar esta alma poderia,
Ora a sua ansiedade lisonjeira.
         Mas não desoutra parte na ribeira
A memória deixar, na qual ardia:
Nadar sabe esta flâmula a água fria,
À lei que rege as coisas sobranceira.
         Alma a quem todo um Deus prisão tem sido,
Veias que humor a tanto fogo hão dado,
Medulas que hão gloriosamente ardido:
         Seu corpo hão de deixar, não seu cuidado;
E serão cinza, mas terá sentido;
E serão pó, mas pó enamorado.



 

 

Página ampliada e republicada em junho de 2014; ampliada em dezem;bro de 2016



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