| 
 ADOLFO MONTEJO NAVAS
  
 Nasceu em  Madri, Espanha, em 1954 e agora reside no Brasil. É autor de Inscripciones (Cidam 1888), Íntimo Infinito (Moby Dick, 2001), Pedras pensadas (Ateliê, 2002) e Na linha do horizonte / Conjuros (  7Letras, 2003).  Publicou na Espanha  traduções de Armando Freitas Filho e Sebastião Uchoa Leite, além de Poemas de  Álvaro de Campos/Fernando Pessoa, I, II e III (Hiperión, 1998) e  Correspondencia Celeste (Nueva Poesia Brasileña 1960-2000) (Árdora, 2001). É  crítico de arte e tem realizado diversas exposições de poemas-objeto e visuais.     TEXTOS EM  ESPAÑOL  / TEXTOS EM PORTUGUÊS   
 2007 – CALENDÁRIO –  Aforismos  de ADOLFO MONTEJO NAVAS – Traduções do autor e  de Diana Araujo Pereira. Ex. bibl. Antonio Miranda
 
 
 
 
    
   CONTRADANZAS    I  Qué lejos va quedando el sueño  de ser leve.  Ay cuerpo libérrimo, cómo  nombras todo lo0 que tocas.    II  Los ojos de mis ojos dónde  están. Si el paisaje  cambió, qué mirada es ésta que  aún sostengo.    III  (Magritte)  La utilidad de la mirada  cambia lo que sucede por lo que no.  ¿Pasar de un lado a otro será  suficiente universo?    IV  Los ojos en los ojos ya no son los mismos. Escritos contra un espejo se matan a sí mismos un poco o se traicionan suavemente.      COPIAS   I  Forma sin norma, materia  impagada de recuerdos.  Calle desierta pero llena de  olores reconocibles.    II  Vuelves a la lluvia como a una  promesa, ya hecha copia.  Pero por ti, el viento aún  recita otros días en la cara.    III Se podría decir también, ahora  que el amor soltó su presa,  que vives una variación de ti  mismo, y eso duele cuando se canta.   IV  El amor que me debo empieza donde  acaba, cuerpo a cuerpo,  sobre una imagen que me delata  a medias, en representación.     V-711    La prosa del mundo grita a cielo abierto nada.  Así se suspende el vuelo en las  nubes, con los motores  casi parándose, puro ruido  adentro. Antes o después,  las luces que esperan siempre  parpadean.      FONDO    ¿Al fondo se gime? Cualquier  cielo está por preguntar,  por puro cuidado con lo que es  incontenible,  pero las cosas ya están aquí,  sin responder,  en la contraseña de cada  representación.      NATURALEZA MUERTA    Las firmas guardan toda la  memoria  para los ecos, para los  adentros que rayan. Bajo la sospecha de que no  vuelvan más.  De otra manera, no sería  posible la muerte.      CALENDA    Ahora que el tiempo se escucha  y es de vidrio  en el fondo de los ojos, un  velo disparatado  por los dardos de una música  ciega que recorre  todo, ahora que el tiempo  hiere, dime.         Extraídos de Na  linha do horizonte / Conjuros. Rio de Janeiro: 7 LETRAS, 2003. 82 p.
 
   MONTEJO NAVAS, Adolfo.   Poemas selectos. 2ª. ed.   s. l.  Venezuela: bid & co. editor, s. f.         152 p.  Imagen de portada: Alirio  Palacios.  ISBN 980-6741-03-X.             Ex. bibl. Antonio Miranda   PUEBLO EN EL POLVO
 ESTAS CALLES oblicuas dan al polvo,
 estas casas sin nadie se disuelven
 en áspera intemperie
 y piedras de sombra.
 
 La luz derrumba las paredes
 con bultos de esfuminos blancos.
 Flotan remotos ecos
 de veladas y restos de charlas.
 
 Todas las puertas tienen ojos
 y pestañas de adormideras.
 Se repliegan al tacto
 bajo el estruendo de los techos.
 
 Por los solares juegan uns niños
 e sus coros de ausencia.
 Juegan a que están vivos todavía,
 a que nunca se fueron.
 
 
 SALIDA
 
 SERÁ UN cadáver fácil de llevar
 a través de los bosques y los mares;
 en una carroza, en un blanco navío,
 con lamento de corno o de fagot,
 al monótono croar de los sapos…
 
 Seré un cadáver inocente,
 contemplativo inmóvil de mis restos,
 aunque a pesar mío suene a réquiem
 aquel llanto de sombra sin nadie
 en los cascos del viejo caballo.
 
 Seré un cadáver como ahora lo soy,
 cavilador, absorto en lo sagrado,
 pero liviano y fácil de llevar:
 en una carroza, en un blanco navío,
 con lamento de corno o de fagot,
 al monótono croar de los sapos….
 
 
 CARACAS 
 TAN ALTOS  son los edificios
 que ya no se ve nada de mi infancia.
 Perdí mi patio con sus lentas nubes
 donde la luz dejó plumas de ibis,
 egipcias claridades,
 perdí mi nombre y el sueño de mi casa.
 Rectos andamios, torre sobre torre,
 nos ocultan ahora la montaña.
 El ruido crece a mil motores por oído,
 a mil autos por pie, todos mortales.
 Los hombres corren detrás de sus voces
 pero las voces van a la deriva
 detrás de los taxis.
 Más lejana que Tebas, Troya, Nínive
 y los fragmentos de sus sueños,
 Caracas, ¿dónde estuvo?
 Perdí mi sombra y el tacto de sus piedras,
 ya no se ve nada de mi infancia.
 Puedo pasearme ahora por sus calles
 a tientas, cada vez más solitario;
 su espacio es real, impávido, concreto,
 sólo mi historia es falsa.
        TEXTOS EM  PORTUGUÊS    CONTRADANÇAS    I Quão longe vai ficando o sonho de ser leve.  Ah corpo libérrimo, como nomeias tudo o que tocas.    II  Os olhos de meus olhos onde estão? Se a paisagem  mudou, que olhar é este que ainda mantenho.    III  (Magritte)  A utilidade do olhar troca o que acontece pelo que não.  Passar de um lado a outro será suficiente universo?   IV  Os olhos nos olhos já não são os mesmos. Escritos contra um espelho,  matam-se a si mesmos um pouco mais ou se traem suavemente.     COPIAS    I Forma sem norma, matéria não paga de lembranças. Rua deserta mas cheia de cheiros reconhecíveis.    II  Voltas para a chuva como para uma promessa, já feita cópia.  Mas por ti, o vento ainda recita outros dias no rosto.    III  Ainda se poderia dizer, agora que o amor soltou sua presa,  que vives uma variação de ti mesmo, e isso dói quando se canta.    IV  O amor que me devo começa onde acaba, corpo a corpo  sobre uma imagem que me delata em parte, em representação.      V-711    A prosa do mundo grita a céu aberto nada.  Assim suspende-se o vôo nas nuvens, com os motores  quase parando, puro barulho dentro. Antes ou depois,  as luzes que esperam sempre piscam.      FUNDO    No fundo se geme? Qualquer céu quer perguntar,  por simples cuidado com o que é incontido,  mas as coisas já estão aqui, sem responder,  na senha de cada representação.    NATUREZA  MORTA    As formas guardam toda a memória  para os ecos, para os dentros que riscam.  Sob a suspeita de que não voltem mais.  De outra forma, não seria possível a morte.      CALENDA    Agora que o tempo se escuta e é de vidro  no fundo dos olhos, um véu disparado  pelos dardos de uma música cega que percorre  tudo, agora que o tempo fere, fala.         Extraídos de Na  linha do horizonte / Conjuros. Rio de Janeiro: 7 LETRAS, 2003. 82 p.   MONTEJO NAVAS, Adolfo.   Poemas selectos. 2ª. ed.   s. l.  Venezuela: bid & co. editor, s. f.         152 p.  Imagen de portada: Alirio  Palacios.  ISBN 980-6741-03-X.             Ex. bibl. Antonio Miranda   POVOADO NO PÓ   ESTAS RUAS oblíquas vão ao pó,estas casas sem ninguém se desfazem
 em áspera intempérie
 e pedras de sombra.
 
 A luz derruba as paredes
 com vultos de sombreados brancos.
 Flutuam remotos ecos
 de veladas e restos de conversas.
 
 Todas as portas têm olhos
 e pestanas de dormideiras.
 Recuam até o tato
 sob os estrondos dos tetos.
 
 Pelos solares brincam uns meninos
 em seu coro de ausência.
 Brincam como estão ainda vivos,
 e que nunca se foram.
 
 
 SAÍDA
 
 SEREI UM cadáver fácil de levar
 através dos bosques e mares;
 numa carroça, em um branco navio,
 com lamento de corno ou de fagote,
 ao monótono coaxar dos sapos.
 
 Serei um cadáver inocente,
 contemplativo imóvel de meus restos,
 embora apesar de meu soar a réquiem
 aquele pranto de sombra sem ninguém
 nos cascos de velho cavalo.
 
 Serei um cadáver como agora já sou,
 cismado, absorto no sagrado,
 mas leve e fácil de levar,
 numa carroça, em um branco navio,
 com lamento de corno ou de fagote,
 ao monótono coaxar dos sapos.
 
 
 
 CARACAS
 
 TÃO ALTOS são os edifícios
 que já não se vê nada de minha infância.
 Perdi meu pátio com suas lentas nuvens
 onde a luz deixou plumas de íbis,
 egípcias claridades,
 perdi meu nome e o sonho de minha casa.
 Retos andaimes, torre sobre torre,
 nos escondem agora a montanha.
 O ruído cresce a mil motores pelo ouvido,.
 a mil automóveis por pé, todos mortais.
 Os homens correm atrás de suas vozes
 mas as vozes vão à deriva
 detrás dos taxis.
 Mais distante que Tebas, Troia e Nínive
 e os fragmentos de seus sonhos,
 Caracas, onde estiveste?
 Perdi minha sombra e o tato de suas pedras,
 já não sei nada de minha infância.
 Posso passear agora por suas ruas
 às cegas, cada vez mais solitário;
 seu espaço é real, impávido, concreto,
 apenas minha história é falsa.
   
        
 
 Página ampliada e republicada em janeiro de 2022.     (Indicação de Wagner  Barja, maio 2007) |