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ALBERTO MASFERRER

 Alegria, 1868 – São Salvador, 1932. Autor de El Rosal Deshojado.

TEXTO EN ESPAÑOL y/e TEXTO EM PORTUGUÊS
Traduzido por Anderson Braga Horta



BLASON

 

Un andrajo de mi vida me queda: se perdió

en misérrimas luchas lo que era fuerza y flor.

Rateros y falsarios hecen explotación

de mi luz, de mi anhelo, de mi fe y mi valor.

 

¡Cuánta odiosa mentira serví, sin querer yo!

¡Cuánto lucro y engaño con mi luz se amasó!

Porque fui humilde y simple; porque en toda ocasión

creí que quien me hablava tenía sed de Dios.

 

Lo que no profanaron los demás, lo mejor

que me diera el Destino, eso lo manché yo;

porque siempre fui débil, instable, y porque soy

tal vez un pobre loco que enloqueció el fervor...

 

Y entre el diablo y el mundo hicieron de mi sol,

en vez de luz, tinieblas; en vez de paz, dolor.

Mas yo no culpo a nadie de mis caídas, no;

ni me inquieta un instante mi justificación:

 

si por necio o por débil mi vida fracasó

y en mi jardín florecen el mal y el error,

inútil ya sería saber si he sido yo

el culpable o la víctima de una maquinación.

 

Si el fruto está podrido, es que el gusano halló

en él propicio ambiente para su corrupción.

¿Fue la obra de un demonio, del azar o de un Dios?

Es igual... No revive na flor que se agostó.

 

Ahora con los harapos de mi fe y mi valor

y lo que todavía me resta de ilusión,

he de alzar un castillo y en él, como blasón,

en un palo de escoba y hecho un sucio jirón,

haré flamear al viento mi enfermo corazón.

Y en ese vil andrajo que será mi perdón

escribiré con sangre, menosprecio y rencor

este emblema del hombre que es su propio señor:

“Para juzgarme, nadie; para acusarme, yo.”

 

 

BRASÃO

 

De minha vida um trapo me resta: soçobrou

em misérrimas lutas o que era força e flor.

Gatunos e falsários vivem da exploração

de minha luz e anelo, minha fé e valor.

 

Quanta odiosa mentira servi, sem o querer!

Com minha luz, o engano ao lucro deu a mão!

Porque simples e humilde fui, e em toda ocasião

cri que quem me falava tinha sede de Deus.

 

O que não profanaram os demais, o melhor

que me deu o Destino, isso em mim se manchou;

porque sempre fui débil, instável, porque sou

talvez um pobre doido que enlouqueceu o fervor...

 

E entre o diabo e o mundo fizeram de meu sol,

em vez de luzes, trevas; em vez da paz, a dor.

Mas não culpo ninguém por minhas quedas, não;

nem me inquieta pensar em justificação:

se por néscio ou por débil minha vida se esvai

e se no meu jardim o erro, o mal floresceu,

inútil procurar descobrir se fui eu

o culpado ou a vítima de uma maquinação.

 

Se o fruto apodreceu, foi que o verme encontrou

nele ambiente propício a sua corrupção.

Foi obra de um demônio, ou do acaso, ou de um Deus?

É o mesmo... Não revive a flor que se fanou.

 

Agora com os farrapos de minha fé e valor

e do que porventura me resta de ilusão,

hei de erguer um castelo e nele, por brasão,

num cabo de vassoura, feito um sujo pendão

farei ondear ao vento o enfermo coração.

E nesse vil farrapo que será meu perdão

escreverei com sangue, menosprezo e rancor

este emblema de um homem que é seu próprio senhor:

“Ninguém, para julgar-me; para acusar-me, eu só.”     


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