MARIANA FALCONI
Mariana Falconi Samaniego é de uma força expressiva descomunal, toda trnase, toda volúpia, toda indignação com a forças da natureza no embate de seus elementos, desajustes, desvios, injustiças, como mesma confessa: "O fogo de tua pele acendeu a chama / onde desde sempre, ardem meus anseios."
Lírica, contestadora, numa polaridade que vai do gozo ao pranto, do delírio à reação saturada do viver in(consequente). Uma voz forte, que perturba. Ela se autodenomina engajada na poesia social, mas vai mais longe, é visceral, ditirâmbica mas dissimulada pela justeza das palavras, que domina ou pelas quais se deixa dominar nos limites da criação poética." Antonio Miranda
TEXTOS EN ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de Antonio Miranda
De
Mariana Falconi Samaniego
CANTOS DE HURACÁN Y FUEGO
Quito: 2005.
INVÉNTAME
en el aire voluptuoso de la noche,
trás elhumo espiralado de la tarde,
en eljugoso bostezo de los dias.
Invéntame,
nueva,
renovada,
transparente en mis cristales,
aternurada
de ternura,
loca de atar,
loca.
Invéntame,
ai borde dei abismo,
hondamente peligrosa,
peligrosamente leve,
inleve,
burbujeante,
chispa,
volcân
ceniza.
Invéntame,
moldea mis sentidos
en la fragua de tu boca,
soy cera derretida
en el cuenco de tus manos.
invéntame,
invéntame.
invéntame.
INVENTA-ME
no ar voluptuosos da noite
detrás da fumaça espiralada da tarde,
no carnoso bocejo dos dias.
Inventa-me,
nova,
renovada,
transparente em meus cristais<
enternecida,
de ternura,
louca de atar,
louca.
Inventa-me,
à beira do abismo,
profundamente perigosa,
perigosamente leve,
indelével,
borbulhante.
faísca,
vulcão
cinza.
Inventa-me,
molda meus sentidos,
na frágua de tua boca,
sou cera derretida
no côncavo de tuas mãos,
inventa-me,inventa-me,
inventa-me.
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LUJURIA
Campanas que repican
en cada partícula de piel,
metástasis dei desço
multiplicado
al infinito.
LUXÚRIA
Campanas que rebatem
em cada partícula de pele,
metástase do desejo
multiplicado
ao infinito.
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ORGIA
Explosión primitiva de la carne,
refinamiento dei placer,
fauces abiertas devorando
el manjar de los sentidos.
ORGIA
Explosão primitiva da carne,
refinamento do prazer,
fauces abertas devorando
o manjar dos sentidos.
De
Mariana Falconi
PALABRAS EN SOLEDAD
Quito: Nelson Estupiñan Bass, 2003
Colección de Poesía
MI SOMBRA
Camino al borde
del abismo,
alguien me mira,
alguien.
Me desdobro,
avanzo,
retrocedo.
Esa curiosa hondura
me sussurra,
No soy yo,
es mi sombra
la que cae
en brazos
de la noche.
Mi sombra
es tan larga
que parece doblar la esquina.
Se proyecta
más allá de mi presencia,
taciturna,
verdeoscura,
como si sobre ella
se asentara
todo el dolor del mundo.
MINHA SOMBRA
Caminhos à beira
do abismo,
alguém me olha,
alguém.
Me desdobro,
avanço,
retrocedo.
Esta estranha fundura
sussurra.
Não sou eu,
é minha sombra
que cai
nos braços
da noite.
Minha sombra
é tão longa
que parece dobrar a esquina.
Projetada
além de minha presença,
taciturna,
verdescura,
como que sobre ela
descera
toda a dor do mundo.
De
Mariana Falconi
LABERINTO/
EL COLOR DE LOS DÍAS
Ilustraciones Pablo Solis
Quito: 2002
ISBN 9978-42-294-3
VIA CRUCIS
I
Te estacionaste
en mi vida
sin pensarlo
y estás aqui
llenando
el pozo oscuro
de mi alma.
II
Vivir sin ti
fue mi calvário,
vivir contigo
mi locura.
III
Mistério glorioso
encontrarte,
abrir Ia celda
de tus brazos,
arder en una hoguera
que no termina nunca.
IV
Mistério gozoso
andar por los caminos,
sorbiendo a borbotones
la nostalgia
de tan cercanamente
saberte lejos.
V
Mistério doloroso
vivir la vida,
matando a pedradas
el corazón rebelde,
tapando con un dedo
el sol de tu presencia.
VIA CRUCIS
I
Estacionaste
em minha vida
sem pensá-lo
preenchendo
o poço escuro
de minh´alma.
II
Viver sem ti
foi meu calvário,
viver contigo
minha loucura.
III
Mistério glorioso
encontrar-te,
abrir a prisão
de teus braços,
arder numa fogueira
que nunca termina.
IV
Mistério prazeroso
andar pelos caminhos,
sorvendo apressadamente
a nostalgia
de tão proximamente
saber-te longe.
V
Mistério doloroso
viver a vida,
matando a pedradas
o coração rebelde,
tapando com um dedo
o sol de tua presença.
Mariana Falconi e Antonio Miranda no Palacio de Cristal durante a Feira do Livro Infantil, em Quito, Equador, maio de 2010. |