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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


IVÁN OÑATE

"Este escritor ha sido catalogado como una de las voces más "originales" de la nueva generación literária." Alejandro González

Conheci Alejandro González numa das sessões do Encuentro de Poetas do Mundo Latino, no México, em 2010. Presença firme, original, com uma poesia sem disfarces e despistamentos. Direta, sem ser óbvia; social; lírica, sem ser "sensiblera" e sobretudo corajosa e contundente. Filosófica, sem ser didática. Sem hipocrisia nem concessões. Traduzi vários de seus poemas, com a intenção de dar a conhecer sua produção poética no Brasil, e começamos divulgando textos do livro "La nada sagrada", um título oximórico que já revela as intenções do autor...

 

TEXTOS EN ESPAÑOL - TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de Antonio Miranda


De
Iván Oñate
LA NADA SAGRADA
2a. edición revisada
Quito?: Mayor Books, 2010.
109 p.  ISBN 978-9942-03-199-0

 


Cómo dónde cuándo

En el centro del poema
existe un bosque

En él
se esconde un árbol

Allí
bajo su sombra

(Mientras contemplo pasar
al río de Heráclito)

Volveré
a esperarte para Ser

Por todos los instantes
del eterno retorno

El poema que existe
en el centro del bosque
bajo la sombra de un árbol.


Como onde quando

No centro do poema
existe um bosque

Nele
se esconde uma árvore

Ali
à sombra dela

(Enquanto vejo passar
o rio de Heráclito)

Continuará
a esperar-te para Ser

Por todos os instantes
do eterno regresso

No poema que existe
no centro do bosque
à sombra de uma árvore.

------------------------------------------------------------------------------

Al este del paraíso

a Michel Pedrosa

Oh
desdichado

Los dioses
Que ahora te envidian
Mañana
Se apiaden de ti

Cuando despierto
Vuelas a ser
Una sombra entre las sombras
Una sombra arrancada
De su mundo pleno de luz.


A leste do paraíso

a Michel Pedrosa

Ó
infeliz

Os deuses
que agora te invejam
Amanhã
se apiedarão de ti

Quando acordado
Voltas a ser
Uma sombra entre as sombras
Uma sombra arrancada
De seu mundo pleno de luz.

--------------------------------------------------------------------------------

F. Bacon

Entonces aceptarás
que en el infinito universo
ya no tienes a nadie.

Ni siquiera
al afortunado dios
que apaga las luces  apila las sillas
mientras le cuelga un trapo
del bolsillo trasero.

El melancólico dios de los muertos.
de los parias
y de las putas viejas.

El sarnoso dios de los perros.

A nadie.


F. Bacon

Então aceitarás
que no universo infinito
já não contas com ninguém.

Nem mesmo
o deus desventurado
que apaga as luzes e empilha as cadeiras
enquanto enfia um trapo
no bolso traseiro.

O melancólico deus dos mortos,
dos párias
e das putas velhas.

O sarnoso deus dos cães.

Ninguém. 

-------------------------------------------------------------------------------

Reposo del guerrero

Un lugar
donde no sobre ni falte nada.

Un lugar
donde la tierraa me abrace
con la exacta medida de mi culpa.

 

Repouso do guerreiro

Um lugar
onde não sobre nem falte nada.

Um lugar
onde a terra me abrace
na exata medida de minha culpa.

---------------------------------------------------------------

La última tentación de San Antonio

Un sueño
Sin la tentación de alcanzarlo

Es un sueño olvidado

Un sueño muerto.


A última tentação de Santo Antonio

Um sonho
Sem a tentação de alcançá-lo

É um sonho olvidado

Um sonho morto

---------------------------------------------------------------


Estación término

Después de ti
Nunca más
Un día siguiente.


Estação terminal

Depois de ti
Nunca mais
um dia depois.

 

POESIA SEMPRE.  Revista da Biblioteca Nacional do RJ.   Ano 3 – Número 6 – Outubro  1995.           Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional / Ministério da Cultura – Departamento          Nacional do Livro.   ISSN 0104-0626   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

         IRONÍA

         Yo que arrmetí contra el futuro

         Que del mundo
         hice un paisaje resseco y adverso

         A último momento
         tornarme ecologista

         Y todo

         Porque habían talado

         un árbol

         El único árbol

         Que yo elegí para colgarme.

 

LA OTRA CARA

 

Pero

si tenía estampa de torero, si mostraba
los bofes suficientes para una gran novela,
si estaba hecha

para las mejores cortes de la tierra, si

nada lo tuvimos

y todo lo perdimos. ¿Acaso

no será, me pregunto,

ése

nuestro destino? ¿Ser la otra cara
de un mismo metal

para que la moneda sea? ¿El rostro del dolor,
la parte oscura,

el otro lado de la gloria? ¿Será por eso
que nos llegan ecos,
desgarraduras exquisitas
de alguien que es feliz por nosotros
al otro lado del muro?

 

Todo lo que pudo haber sido y no fue
se nos ha sentado de este lado, masticando
galletas agrias alrededor del fogón
o de la tele. De pronto,

 

alguien escapa hasta el cristal, hasta
la piedra del mismo muro y palpándolo
a ciegas,

da con zonas tibias,
con algo que arde al outro lado y
volviéndose de medio cuerpo o
de cuerpo entero
grita:

 

Que no vendrá a nosotros el fuego.
Que no seremos otra cosa,
porque ya somos la gloria.

 

La otra cara de la gloria.

 

 

 

PARADOJA CANTABILE

 

Saber que sus vidas
son dos ríos extraños,
Dos caminos

que se bifurcaron en el aire,

 

Dos

corazones
que laten desolados
en noches distintas y
en mares ajenos. Saber

 

que ayer nomás, asidos

el uno del otro

como huérfanos pálidos y

entre sábanas tristes, lucharon

por un bocado de aire, de minúscula vida

donde soñaban morir,

 

 

Náufragos de verdad,

 

Muertos de verdad,

en ese otro mar sin remordimientos,

ni esperanzas.

 

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS
 Tradução de Antonio Miranda

        

         IRONIA

         Eu que lancei-me contra o futuro

         Que do mundo
         fiz uma paisagem resseca e adversa

No último momento
tornar-me ecologista

         E tudo

         Porque haviam cortado
         uma árvore

         A única árvore

         Que eu elegi para enforcar-me.

        

A OUTRA FACE

 

Mas
se tinha aparência de toureiro, se mostrava
os pulmões suficientes para uma grande novela,
se estava talhada
para as melhores cortes do mundo, se
nada tivemos
e tudo perdemos. Por acaso
não será, me pergunto,

esse
o nosso destino? Ser a outra face
de um mesmo metal
para onde a moeda seja? O rosto da dor,
a parte escura,
o outro lado da glória? Será por isso
que nos chegam ecos,
dilacerações estranhas
de alguém que é feliz por nós
do outro lado do muro?

 

Tudo o que pode ter sido e não foi
sentou-se deste lado, mastigando
biscoitos ásperos arredor do fogão
ou da tv. De repente,

alguém escapa até o crista, até
a pedra do mesmo muro e palpando-o
às cegas,
encontra zonas tíbias,
com algo que arde do outro lado e
voltando-se de meio corpo ou
de corpo inteiro
grita:

Que não venha a nós o fogo.
Que não seremos outra coisa,
por que somos a gloria.

A outra face da gloria.

        

 

 PARADOXO CANTABILE

 

Saber que suas vidas

são dois rios estranhos,
Dois caminhos
que se bifurcam no ar,

Dois corações
que pulsam desolados
em noites diferentes e
em mares estranhos. Saber

 

Que ontem sem mais, mais calmos
um do outro
como irmãos pálidos e
e entre lençóis tristes, lutaram
por um pouco de ar, de vida minúscula
onde sonhavam morrer,

 

Náufragos de verdade,

 

Mortos de verdade,
nesse outro mar sem remorsos,

nem esperanças.

 

 

 

Página publicada em novembro de 2010; página ampliada e republicada em dezembro de 2017.


 

 

 
 
 
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