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Foto: http://www.nacion.com

JULIETA DOBLES


Julieta Dobles Yzaguirre (San José, Costa Rica, 11 de marzo de 1943) es una poetisa, escritora y educadora costarricense, cinco veces ganadora del Premio Nacional Aquileo J. Echeverría y del Premio Nacional de Cultura Magón 2013.

Poetisa, escritora y educadora costarricense, cinco veces ganadora del Premio Nacional Aquileo J. Echeverría y galardonada con el Premio Nacional de Cultura Magón 2013.

Cursó estudios de Filología y Lingüística en la Universidad de Costa Rica; donde ya había culminado un profesorado en Ciencias Biológicas. Además, posee una maestría en Filología Hispánica, con especialidad en Literatura Hispanoamericana, por la Universidad del Estado de Nueva York, Campus de Stony Brook.

 

 

FALÁCIA PATÉTICA

A morte sempre chega às terras formosas.
A senectude também,
com seu terrível estertor sibilante.
E a dor com sua brasa esgotadora,
tudo chega, embora o ar seja azul e perfeitíssimo.
Embora a mão verde da vida
estenda seus fulgores sem sede sobre os prados,
teremos já a sede, se nosso sangue
marcha penosamente, presságio de agonias.

A paisagem é um templo,
as cortinas, um cenário, um navio
que está ali. Embarcamos
e brindamos mil formas de delírio e apego.
Torna-se nosso, criamos suas cores,
suas formas, sua alegria, seu silêncio, sua música.

Quem não enterrou algum amigo
sob um céu sem penas,
inoportunamente azul até a asfixia?
Quem não gritou de raiva ou de despeito
numa noite branca de lua inverossímil?
Quem não chorou junto ao mar glorioso
como uma punhalada de desdém,
de abandono ou de solidão?

O mundo é obra nossa,
e a beleza sai de nossos olhos,
se pousa feliz, nos pedregulhos
mais cinzentos do caminho.
Seguiremos criando muros contra diamantes,
mortes ou boas-vindas.
Temos a palavra,
para dizer; os mundos.

 

POEMA DA MORTE FINGIDA

Hoje não é um dia bom para morrer, amigo.
Hoje, vinte e oito de março,
não morrerei, prometo
diante deste amanhecer
que está findando agora,
fogata solidária da cidade e seus sonhos.

São cinco e vinte do novo dia,
do dia que não verei,
mas que vai chegando do passado
como se eu lesse
de outros marços queridos:
as montanhas irão criando o céu
desde o mesmo fulgor,
os carvalhos da savana, lá, por nossa casa,
videntes silenciosos do caminho,
romperão em aplausos cor-de-rosa e branco,
que balançarão com a brisa
sobre os transeuntes e suas ânsias.

Março agoniza, mas abril regressa,
e hoje não é um dia para morrer.
A vida desperta seus fulgores
desde a madrugada silenciosa,
qual uma enorme serpentina festiva,
e com cada passarinho que inicia seu silvar
de campainha em cio, de flauta escondida,
refrescando nosso último rescaldo do verão.

Apesar da morte fingida que me espera
nos gases sem luz da anestesia,
e da destra ferida
planejada pelos bisturis,
da respiração paralisada,
ensaio de morte necessária
que o oxigênio redime e glorifica,
hoje não morrerei, prometo.

A morte, amor, esperará,
fundindo copos iracundos
de cinza no ar.
Que hoje é um novo dia
para armar-lhe, prazerosos,
seus trançados segredos da vida.
E que se estenda,
terrível em sua formosura
de animal de sonho, imprevisível,
se enrosque, se agigante,
e nos cubra,
trepadeira inesgotável,
os anos e os sonhos,
com a mesma folhagem sigilosa
deste dia que amanhece teimosamente,
apesar de nós
e de nossas escuras bandeiras de medo
que nos roçam a luz
e nos roçam o sangue.

 

LUTA COM A CEBOLA

A cebola me segue, me acossa, me subleva.
Suas cristalinas peles,
seu aroma de lar, de terra e de nostalgias,
sua lágrima redonda, como uma dor oculta
de tão branca, invisível,
que nos fere entre os olhos e a lembrança,
chegam de qualquer país
onde estendemos a mesa,
desde qualquer faca malferido,
onde qualquer ausência
que me abra as manhãs ímpares e incontroláveis
do desconsolo e das lonjuras.

Não importa onde,
no momento em que eu a firo
e desgarro sua dourada envoltura,
cortando aversão seus mamilos escuros,
me acossam as imagens
do lar tão distante que me lastima,
e me inunda a agridoce nostalgia,
cinzenta como todas as coisas
que se adiam indefinidamente,
e geram caos de raízes, de afrontas, de cinzas
no mais sigiloso do espírito enfermo.

Eu não quero partir outra cebola
antes de chegar em casa, nas minhas paisagens
quotidianas e abertas, e então sim
chorar à vontade por sua sede de lágrimas,
com raiva contida que se esvazia,
a gritos acima de mim e em meu abismo.
Eu não quero carregar tantas iras
que a própria cebola e sua doçura
me amargurem em pleno paladar.

Amanhã terei em minha mão outra cebola,
e seguirei partindo-a e picando-a
sobre a mesma tábua de profundos desconsolos
que me abre as manhãs de rotina sem pressa.
Amanhã empunharei meus sonhos sem desquite
interrompidos pelo sol alheio,
reprimindo minhas lágrimas de cristalizados exílios
em nome do amor e seus remendos.

          (De Poemas para arrependidos)

 

Página publicada em outubro de 2015

 


 

 

 

 


 

 

 
 
 
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