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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: http://www.laotrarevista.com

 

 

SAMUEL VASQUEZ


(Medellín, 1949). Es poeta, dramaturgo, músico, pintor, crítico de arte y profesor de diseño, pintura, estética e historia comparada del arte contemporáneo en varias universidades. En 1992 mereció el Premio Nacional de Dramaturgia.

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  /  TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de Salomão Sousa

 

 

Del libro
“LA PROMESA DE LOS PÁJAROS”

 

 Viejo, uno regala tiempo todo el tiempo.

Uno sale a encontrarse con nadie

a desmentir el espejo que otro habita

a farfullar una canción borroneada

a luchar contra el ángel del olvido

a andar sobre esta sombra que conduce a

                                                         nada

 

La boca, una herida en mitad del rostro

Los oídos, potes donde otro arroja sus babas

Las piernas, dos grilletes cosidos hacia atrás

El corazón, leño que no recibe fuego

Los ojos, dos ratones que van por los rincones

 

Es preciso regresar

antes de que la propia sombra se hunda en la

                                                              noche

ahora que toda orilla ha naufragado

cuando las horas chorrean por las tapias

la apatía sube las escalas

y el espacio entra en uno y retira las

                                                         barandas.

Testarudo, el fin se niega a comenzar,

ahora que el olvido es mi no-invitado,

y este olor que no despega,

y este surco de niebla que trasiego

y este invierno embozado en los

                                                 huesos,

y este murmullo que mece la noche,

y este polvo siena de junio…

 

Desear es jamás,

ayer es ahora,

hoy es el eco de un puente caído.

 

¿Cómo no querer,

cómo olvidar

y que el recuerdo nada traiga?

 

¿Cómo decir nada,

no tener ya palabras

y este zumbido que crepita adentro?

 

¿Cómo no buscar,

cómo abandonar el deseo

            y comenzar sin camino?

 

¿Cómo seguir,

cómo poder

antes que no pueda?

 

¿Cómo ir,
cómo olvidar el fin

 y encontrar el día?

 

¿Cómo trajinar esta ciudad sin antes haber

soñado?

 

 

Velho, dá um tempo a todo o tempo.

Parte para encontrar-se com ninguém

para desmentir o espelho em que outro habita

para murmurar uma canção apagada

para lutar contra o anjo do esqueciemento

para andar sobre esta sombra que leva a

                                                        nada

 

A boca, uma ferida na metade do rosto

Os ouvidos, potes onde outro arroja suas babas

As pernas, dois grilhões amarrados para tras

O coração, lenha que não recebe fogo

Os olhos, dois ratos que seguem pelos cantos

 

É preciso regressar

antes que a própria sombra venha a fundir-se à

noite

agora que toda margen está naufragada

quando as horas transpiram pelos tapumes

a apatia eleva-se nas escalas

e o espaço invade alguém e retira as                                                                                                    varandas

Cabeçudo, enfim se nega a começar,

agora que o esquecimento é meu não-convidado,

e esta dor que não se desgruda,

e este sulco de neve que transito

e este inverno debruçado nos

                                     ossos

e este murmúrio que movimenta a noite,

e este pó têmpora de junho…

 

 

Desejar é jamais,

ontem é agora,

hoje é o eco de uma ponte caída.

 

Como não querer,

como esquecer

e que a lembrança nada traga?

 

Como não dizer nada,

já não ter palabras

e este zumbido que crepita dentro?

 

Como não buscar,

como abandonar o desejo

                   e começar sem camino?

 

Coo seguir,

como poder

antes que não possa?

 

Como ir,

como esquecer o fim

e encontrar o dia?

 

Como transferir esta cidade sem antes haver

sonhado?

 

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LLEGA EL CALLADO y llena de ojos el salón.

         No dice su nombre.

         No dice qué oficio tiene.

No dice qué quiere.

Dice, él último, qué bebe.

Él no saluda de mano.

Él no saca a bailar a las muchachas.

Él no se asoma a la ventana.

Él solo, sereno, como el que más.

 

Llega el callado y no hay que no sienta

eschuchada.

         Sus manos mansas reclaman atención,

         suscitan espera.

         No habla a pesar de sus opiniones mejores.

No coquetea a pesar de su belleza de álbol.

No retira su red de silencio a nuestros ojos,

no solicita cortesía, ni conmina

consideración alguna

 

Las palabras al borde de suas labios se demoran,

esperan, se retienen, regresan inéditas a su interior:

su canto duerme.

         Su silencio afila su mirada.

Su arrinconamiento amplía su enfoque.

Hay um pozo dentro de él que no abrirá: no

toda agua es para la sed.

Llega el callado y el espejo no lo repite.

 

Sólo recordamos de él, que no lo vimos.

 

 

CHEGA CALADO e enche a sala de olhos.

         Não diz o nome.

         Não diz a profissão que tem.

Não diz o que deseja.

Diz, por último, que bebe.

Ele não pega nas mãos.

Ele não tira as moças para dançar.

Ele não aparece na janela.

Ele só, sereno, como aquele que é mais.

Chega calado e não há palavra que não se sinta

ouvida.

         Suas mãos mansas pedem atenção,

         suscitam espera.

         Não fala apesar de ter opiniões melhores.

Não assedia apesar de sua beleza de árvore.

Não retira sua rede de silêncio de nossos olhos,

não exige cortesia, nem impõe

consideração alguma

 

À borda de seus lábios as palavras demoram,

esperam, se retém, regressam inéditas ao seu interior:

seu canto dorme.

         Seu silêncio afia seu olha.

Seu alheamento amplia seu enfoque.

Há um poço dentro dele que não se abrirá: não

toda água é para a sede.

 

 

Chega calado e o espelho não o repete.

 

         Só lembramos dele, os que não o viram.

 

 

 

Página publicada em fevereiro de 2011

 

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