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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: zendalibros.com

 

PIEDAD BONNETT

 

(Amalfi1951) é uma poeta e dramaturga colombiana.

Sua família estabeleceu-se em Bogotá quando ela tinha oito anos. E estudou filosofia e literatura na Universidad de Los Andes, onde é professora desde 1981.

Premio nacional de poesía, Instituto Colombiano de Cultura, 1994

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  -  TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

 

ENTRE ESTAS AGUAS - POETAS DEL MUNDO LATINO 2009Edición: Mario Meléndez y  Margarito Cuéllar.  Monterrey, México: Universidad Autónoma de Nuevo León; Secretaría de Cultura de Michoacán, 2010.  
253 p.  16 X 23 cm   ISBN 978-607-433-458-6   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

LOS ESTUDIANTES

 

 

Los saludables, los briosos estudiantes de espléndidas sonrisas

y mejillas felposas, los que encienden un sueño en otro sueño

y respiran su aire como recién nacidos,

los que buscan rincones para mejor amarse

y dulcemente eternos juegan ruleta rusa,

los estudiantes ávidos y locos y fervientes,

los de los tiernos cuellos listos frente a la espada,

las muchachas que exhiben sus muslos soleados

sus pechos, sus ombligos

perfectos e inocentes como oscuras corolas,

qué se hacen

mañana qué se hicieron

qué agujero

ayer se los tragó

bajo qué piel

callosa, triste, mustia

sobreviven.

 

 

LAS HERENCIAS

 

   Enfermedades en mi casa
PABLO NERUDA

 

Hijo mío, me duelen las herencias

Esta culpa, zarza que arde y me quema

y que no me concede saber cuál fue el pecado

En tu inocencia se mira mi inocencia

como en un ojo de agua que me cuenta una historia

que ya ha sido olvidada

y otros hablan entre tus voces turbias

y otros sufren de nuevo entre tus sueños

y en tu silencio sufren

otra vez más aquellos que están muertos

y tu herida

es una pena antigua que por mi sangre pasa y estalla en las entrañas en que nadaste un día.

 

 

BIOGRAFÍA DE UN HOMBRE CON MIEDO

 

 

 

Mi padre tuvo pronto miedo de haber nacido.

Pero pronto también

le recordaron los deberes de un hombre

y le enseñaron

a rezar, a ahorrar, a trabajar.

Así que pronto fue mi padre un hombre bueno.

("Un hombre de verdad", diría mi abuelo).

No obstante,

—como el perro que gime, embozalado y amarrado a su estaca— el miedo persistía en el lugar más hondo de mi padre. De mi padre,

que de niño tuvo los ojos tristes y de viejo

unas manos tan graves y tan limpias

como el silencio de las madrugadas.

Y siempre, siempre, un aire de hombre solo.

De tal modo que cuando yo nací me dio mi padre

todo lo que su corazón desorientado

sabía dar. Y entre ello se contaba

el regalo amoroso de su miedo.

Como un hombre de bien mi padre trabajó cada mañana,

sorteó cada noche y cuando pudo

se compró a cuotas la pequeña muerte

que siempre deseó.

La fue pagando rigurosamente,

sin sobresalto alguno, año tras año,

como un hombre de bien, el bueno de mi padre.

 

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS

Tradução: Antonio Miranda

 

 

                OS ESTUDANTES

Os saudáveis, os altivos estudantes de esplêndidos sorrisos
e faces felpudas, os que acendem um sonho em outro sonho
e respiram seu ar como  recém nascidos,
os que buscam recantos para amar melhor
e docemente eternos jogam roleta russa,
os estudantes ávidos e loucos e ferventes,
os dos tenros pescoços prontos frente à espada,
as moças que exibem seus músculos ao sol
seus seios, seus umbigos
perfeitos e inocentes como escuras corolas,
que se fazem
manhã que se tornaram
que buraco
ontem os tragou
debaixo de que pele
com calo, triste, lânguido
sobrevivem

 

      

AS HERANÇAS
Enfermidades em minha casa
PABLO NERUDA

 

         Filho meu, doem-me as heranças
Esta culpa, esta sarça que arde e me queima
e não me concede saber qual foi o pecado
Em tua inocência mira-se a minha inocência
como em um olho de água que me conta sua história
que já estava esquecida
e outras falam entre as tuas vozes turvas
e outros sofrem outra vez em teus sonhos
e em teu silêncio sofrem
outra vez mais aqueles que estão mortos
e a tua ferida
é uma pena antiga que por meu sangue passa
e estala nas entranhassem que nadaste um dia.

  

               

       BIOGRAFIA DE UM HOMEM COM MEDO

Meu pai logo teve medo de ter nascido.
Mas logo também
inculcaram-lhe os deveres de um homem
e ensinaram-lhe
a rezar, a poupar, a trabalhar.
Assim é que logo meu pai tornou-se um homem bom.
(“Um homem de verdade”, diria meu avô).
No entanto,
— como o cão que geme, disfarçado
e amarrado  à sua estaca — o medo persistia
no lugar mais íntimo de meu pai.
De meu pai,
que desde menino teve olhos tristes e já velho
suas mãos tão graves e tão limpas
como o silêncio das madrugadas.
E sempre, sempre, um ar de homem só.
De tal maneira que quando eu nasci meu pai me deu
tudo o que o seu coração desorientado
sabia dar. Em que se contava
o presente amoroso de seu medo.
Como um homem de bem meu pai trabalhou cada manhã,
sorteou cada noite e quando pôde
comprou em quotas a morte pequena
que sempre desejou.
Foi saldando-a rigorosamente,
sem nenhum sobressalto, ano após ano,
como um homem de bem, o bom do meu pai.

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2020

 

 

 

 
 
 
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