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LEONEL LIENLAF

Leonel Iván Lienlaf Lienlaf es escritor, cineasta y músico mapuche-chileno nacido el 23 de junio de 1969 en la comunidad de Alepue, Región de los Ríos, Chile, coincidiendo con el We Tripantu la fiesta de Solsticio de invierno y año nuevo mapuche.

Nascido na comunidade do Alepúe, perto de San José de la Mariquina, Chile, Leonal Lienlaf pertence à nova geração de poetas bilíngues que escrevem em mapudungun e em espanhol. É poesia cantada, uma revelação para quem ama realmente a poesia autêntica. Os textos a seguir pertencem a seu livro Se há despertado el ave de mi corazón, publicado pela Editorial Universitária S.A, 1989.

Extraído do SUPLEMENTO CULTURAL DE SANTA CATARINA, vol. 79, Florianópolis, setembro 2013. ISSN 2318-3063.

 Veja vídeo com poemas de Leonel Lilaf no YOUTUBE:

http://www.youtube.com/watch?v=YhMJgNJ9kd4

Tradução de Vinícius Lima

 

LLEGÜN.    

 

Ti leljün ñemy

ñi gütrüf-gütrüfchy foro,

kiñeke lelijy,

kafey ñi pülli deumay

ína ngüyküllüfi ñi lípangmew.

 

Ülkantunge pienew ti lelfün

pengenochy mapu ñi Úl

ina pienew       

amunge doy ayeple wanglen.

 

 

GRIAÇÃO


O pampa recolheu meus ossos

e os percorreu um a um  
logo amassou meu espírito

balançando-o entre seus braços.

 

O pampa me pediu que cantasse

a poesia do infinito

logo me disse que fosse

até o grande fogo das

estrelas.

Disse-me que ali despertaria

 

 

MAWÜN

 

Nagpay tapül rayen kechi

kineke wagnagpay

umülünmu rupay

kachilÍ ñi piuke

kafüchküllmaenew ni molljüñ.

 

 

          CHUVA

 

Baixou como pétalas de flores

gota a gota

e caiu sobre minha cabeça

logo se escorreu

perto de meu coração

refrescando minhas veias sedentas.

 

 

RÜPU

 

Lefn wenuntumeael

nifüchake cheyem

ñi ñamkülechi dungu.

Kuyem-mew,    

mawidamew,

allkü-ngenochi dungu allküfin

gürken piukeme w

llegpachi antümnew

ñi krüf-ngeam pülli

wech-wechngechi dungumew.

 

Lefün wenuntumeael ñi pewma

ñi piuke nipewma

ñi küme neyen-ngeam

tüfachi mapumew.

 

 

CAMINHO

 

corri a recolher nas planícies,

na praia,

na montanha, 

a expressão perdida de meus avós.

corri a resgatar             

o silêncio de meu povo

para guardá-lo no fôlego

que escorrega sobre meu corpo

pulsando,

fazendo vibrar minhas veias

sobre o sol que se levanta

sobre as altas cordilheiras

para que o espírito seja vento

entre o vazio das palavras.

 

corri a recolher õ sonho

de meu povo 

para que seja o ar respirável

deste mundo.

 

 

MÜLEN 

 

Mülen ülkantun güñüm-reké

anülen kürüfmew

gürkentun rayenkechi,

koreke amulen 

tüfachi mongen leufümew

chumechini trüfkün

ñi piuke amulen,

trefkün mongen femngey.

 

Pewmangen

Kuifike pülli tüfamew umagtülu

ñi füchakecheyem ñi pewmangen

rakiduamünmu umagtulu

wüñoael kineantü

tüfachi aiñ mapumew

fey anüy doy ayeple wanglen,

miawi kake rüpü püke,

fey kimi chew ni miawün.

 

 

ESTOU

 

Estou suspenso no ar

como o canto dos pássaros

como o aroma das flores

que enche os espaços.

Vou como água

por este rio de vida

para o grande mar que

não tem nome.

 

Eu sou a visão

dos antigos espíritos

que dormiram nestes pampas.

Sou o sonho de meu avô

que dormiu pensando

que algum dia retornaria

a esta terra amada.  

 

Ele se foi de viagem

para além

do horizonte dos sonhos.

 

Página publicada em outubro de 2013


 

 

 
 
 
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