JAIME LUIS HUENÚN
Nasceu em Valdivia, Chile, em Chile, em 1967.
Publicou Cerimonias (Ed. Universidad de Santiago de Chile, 1999) e Puerto Trakl (Edl Loj, 2002). Seus trabalhos circulam em revistas nacionais e estrangeiras.
Cursou estudos de literatura da Universidad de la Frontera Temuco.
TEXTOS EN ESPAÑOL - TEXTOS EM PORTUGUÊS
GONZÁLEZ, Yanko; ARAYA, Pedro. Zurdos: última poesía latinoaericana. Antología. Epílogo de Edgardo Dobry. Madrid: Bartleby Editores, Fundación Domingo Malagón 2005. 344 p. 16x23 cm. ISBN 84-95408-36-8
CERRADO POR DUELO
Esos huesos que asoman son sílabas de tiempo,
s¡gnos huecos y blancos de un lenguaje roído,
cráneos significados por la tierra y la noche,
ambarinas dentaduras sin eternidad ni risa.
Esos huesos que asoman son el polvo del polvo,
una sucia escritura dispersándose al viento,
fósiles negativos velados en silencio,
cuencas arrancadas de cuajo a sus espectros.
Esos huesos que asoman son prótesis de la nada,
falanges que enternecen la página del miedo,
húmeros con esporas nutridas por el calcio
cóncavo de la vida adherida a los muertos.
Esos huesos que asoman cierran tarde sus deudos,
y ofrecen un dolor plano cocido a entierro lento,
florecidos de musgo los sacros calvos yertos
envilecen los ojos que los miran desiertos.
Esos huesos que asoman son la carne del cielo,
la cascara de un crimen sin prontuario ni duelo,
resurrectos opacos, indicios esqueletos
nombrados contra el polvo y en el polvo deshechos.
DESPUÉS DE LEER TANTO A CÉSAR VALLEJO
El mundo se concentra en tu índice, César
y acusa a mis poemas de no tener
ni la más remota filiación
con tus jueves parisinos.
Ah, no sabes cuán indiferente me es Dios
y nunca podrías medir el gran esfuerzo
que mis poemas hacen por llegar a ser
dignos hijos tuyos.
Pero sabes desde hace tiempo ya
que las cunas hieden a sepulcro,
y que los llantos son izquierdos
golpes a las mejillas del oído derecho.
Asimismo, sabes que de ti aprendí a saciar la sed
con toda el hambre humana soportable.
También que soy fiel discípulo tuyo en todo
lo que tenga relación con aquello
de no amar mis manos
sino hasta que les nazca a cada una
el sexto hermoso dedo que les falta.
No sé, cholo... bueno sé
que no bastan las disculpas
por usar tus letras —tus sagradas pertenencias—
sin tu legal y expresa autorización,
¡pero, hombre... me estoy jugando
tu noche de ayer y mi día de mañana
a un número y a un dado
que aún no acaba de rodar!
Lo único que lamento
es que no vas a poder devolverme la mano
en ninguno de estos caminos
donde llueve soledad,
y desde los cuales mis temporales huesos
decretan su completo desacuerdo
con la penas de vida.
(De Ul : Four Mapuche Poets)
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de Antonio Miranda
FECHADO PELO LUTO
Esses ossos que surgem são sílabas de tempo,
s¡gnos ocos e brancos de uma linguagem roída,
crânios significados pela terra e pela noite,
ambarinas dentaduras sem eternidade nem riso.
Esses ossos que surgem são o pó do pó,
uma suja escritura dispersando-se no vento,
fósseis negativos velados em silêncio,
bacias arrancadas de coalho a seus espectros.
Esses ossos que surgem são próteses de nada,
falanges que suavizam a página do medo,
ombros com esporas nutridas pelo cálcio côncavo da vida aderida aos mortos.
Esses ossos que surgem fecham tarde seu luto,
e oferecem uma dor plana cozida em enterro lento,
florescidos de musgo os sacros calvos hirtos
envilecem os olhos que observam desertos.
Esses ossos que surgem são a carne do céu,
a casca de um crime sem prontuario nem dolo,
resurrectos opacos, indícios esqueletos
nomeados contra o pó e em pó desfeitos.
DEPOIS DE LER TANTO CÉSAR VALLEJO
O mundo se concentra en teu índice, César
e acusa a meus poemas não terem
nem a mais remota filiação
com tuas quintas-feiras parisienses.
Ah, não sabes quanto diferente me é Deus
e nunca poderias medir o grande esforço
que meus poemas fazem por não chegarem a ser
dignos filhos teus.
Mas sabes já faz tempo
que os berços fedem como sepulcro,
e que os prantos são esquerdos
golpes nos tímpanos do ouvido direito.
Mesmo assim, sabes que de ti aprendi a saciar a sede
com toda a fome humana suportável.
Também que sou teu fiel discípulo em tudo
o que tenha relação com aquilo
de não amar as minhas mãos
até nascer em cada uma
o sexto formoso dedo que lhe falta.
Não sei, cholo... sei muito bem
que não bastam as desculpas
por usar tuas letras —teus sagrados pertences—
sem a tua legal e expressa autorização,
mas, homem... estou treinando
tua noite de ontem e o meu dia de amanhã
a um número e a um dado
que ainda não acabam de rodar!
O único que lamento
é que não vais poder devolver-me a mão
em nenhum destes caminhos
onde chove solidão,
e desde os quais meus ossos temporais
decretam um completo desacordo
com as penas da vida.
(De Ul : Four Mapuche Poets)
Página publicada em junho de 2020
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