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EFRAIN BARQUERO (1951- )
Efraín Barquero, seudónimo de Sergio Efraín Barahona Jofré (Piedra Blanca, Teno, 3 de mayo de 1931) es un poeta chileno de la llamada generación literaria de 1950. Obtuvo el Premio Nacional de Literatura en 2008.
TEXTOS EN ESPAÑOL - TEXTOS EM PORTUGUÊS
LA MIEL HEREDADA Mi abuelo era el río que fecundaba esas tierras. Mi abuela era la rama curvada por los nacimientos. Era la pobreza de los largos inviernos Mi padre era el que más se parecía a la tierra. Mis otros tíos todos se parecían a las aves del lugar. Yo nací cuando eran viejos ya; cuando mi abuelo
FOGON Nunca apagaron el fogón Nuevos leños fueron arrojados Un trozo de carne fue asado. Pero nadie se movió de ia orilla Ni supe cuántos eran: el humo Alguien irrumpió desde afuera, Seguía ardiento el fuego, bullía el agua.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
O MEL HERDADO Meu avô era o rio que fecundava estas terras. Minha avó era a rama encurvada. Era a pobreza dos longos invernos Meus outros tios eram todos parecidos com as aves do lugar. Eu nasci quando já estavam velhos; quando meu avô
FOGÃO Nunca apagaram o fogão Novas lenhas foram lançadas Um pedaço de carne foi assado. Mas ninguém deixou a margem. Alguém veio de fora, Seguia ardendo o fogo, a água fervia.
*pássaro campestre comum no Chile.
REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL. No. 9 – jan./jun. 2023. Editor: Flavio R. Kothe. Brasília, DF: Editora Cajuína, Opção editora, 2023. 174 p. ISSN 22674-8495.
Tradução do Espanhol A PEDRA DO POVO A pedra é nossa única arma com uma mistura de sangramento e de pranto. A doce pedra das construções é a nossa única arma, mas também a iracunda, a implacável, a áspera, a pedra guerreira das barricadas, a cruel dos colapsos exatos, a paciente e serena dos precipícios, a pedra da água, a pedra do tempo, a embriagada de morte e de enxofre, a necessária pedra das erupções, a pedra do povo! Eis aqui nossa arma elemental e primitiva, empunhada nas mão com saliva e com terra, com suor e com lágrimas, com unhas e dentes, com crispação inexorável de mão de morto, com lucidez de aferrar-se a um último resquício, com a alegria de envolver uma estrela, com a nudez de ser igual a uma pedra, com a pureza de sentir apenas o seu peso, eis aqui nossa única arma, uma catapulta lambida pelo fogo secreto das mãos, alimentada no frio da nossa certeza, moldada em silêncio toda hora para o precioso local do assalto. A pedra do povo! O IDIOMA DE TODOS Abriu a porta a todas as sombras e iluminou o rosto do desconhecido com aquela luz com que se come. A noite ficou da cor do pão e do azeite que é a cor do mistério de ser homem, que é a cor de nossa sombra. E o visitante estremeceu como a noite na lâmpada porque os que vêm de muito longe ficam calados, mostrando apenas seus rostos, deixando falar os que vieram antes. Levantou a luz acima de sua cabeça e a noite ficou ainda mais velha como a mãe da chuva e da neve. O estranho viu aquela luz ao longe, dentro de si, porque se lembrou do forno de barro de sua casa. E aquele braço estendido parecia-lhe a eterna pergunta que os homens se fazem ao acordar. E respondeu ao braço aberto com uma saudação, falando-lhe no velho idioma do pão, que é a língua dos desconhecidos. Saudou o eterno hóspede e saudou a eternidade daquela luz de carboneto que arde no fundo da terra. E ambos se olharam em silêncio sem saber quem era o visitante, que era o visitado, com aquela luz de quem acredita no homem. * Pedra ampliada e republicada em julho de 2023
Página publicada em setembro de 2017
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