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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



ARMANDO URIBE ARCE

 

Armando Uribe Arce nació en Santiago el 28 de octubre de 1933 y se le considera miembro de la Generación del 50. Abogado y ensayista,  realizó sus estudios en la Universidad de Chile  y en la Universidad de Roma, Italia. Fue miembro del Centro de Investigaciones de Literatura Comparada de la Universidad de Chile.

 

Premio Altazor (2002) y Premio Nacional de Literatura 2004.

 

Libros de poesia: Transeúnte pálido, 1954; Del engañoso laúd, 1956; Los obstáculos, 1961;  No hay lugar, 1971.

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  / TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

YO TE AMO Y LOS ROSALES…

 

Yo te amo y los rosales

dan rosas. Yo doy pies,

yo doy manos y ojos.

 

Y los rosales dan rosas.

 

 

PIERDO EL DIA FINGIENDO

 

Pierdo el día fingiendo  alegrías de polvo

y espero que en la noche aparezcan los dioses.

 

Los dioses o las furias. El deseo de hablarte.

El horror de asistir a mi propia visita.

 

 

LA LENGUA HABLA

 

La lengua habla de sí; dice: la lengua

es un pez en el agua; el pescador

 

es el silencio.

 

 

NO SÉ MI NOMBRE

 

No sé mi nombre,

podría ser

hueso o gusano.

 

Vivo en el huerto

bajo el olivo.

 

 

LO QUE NO HEMOS TENIDO…

 

Lo que no hemos tenido

nos rodea y amamos

lo que no hemos tenido.

 

Cuán dulce nuestro amor que nunca es nuestro.

 

 

DESCRIBO UN DÍA ENTERO

 

Describo un día entero;

No me levanto, no ando,

no saludo ni escribo,

soy sordo, ciego, mudo,

sin tacto, sin olfato.

No siento nada ni me siento,

no estoy de pie ni me arrodillo,

Oh manco y cojo y jorobado

y zunco y zurdo y turnio. Sudo,

huelo a excremento; sí, me orino,

lloro del ojo para afuera, lloro del ojo para adentro.

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS]

 

Tradução de Antonio Miranda

 

 

EU TE AMO E OS ROSAIS…

 

Eu te amo e os rosais

dão rosas. Eu dou pés,

dou mãos e dou olhos.

 

E os rosais dão rosas.

 

 

PERCO O DIA FINGINDO

 

Perco o dia fingindo alegrias de pó

E espero que de noite os deuses apareçam.

 

Os deuses ou as fúrias. O desejo de falar-te.

O horror de assistir minha própria visita.

 

 

A LÍNGUA FALA

 

A língua fala de si; diz: é a língua

é um peixe na água; o pescador

e o silêncio.

 

 

NÃO SEI O MEU NOME

 

Oh tentação de tornar-me água na água

e desaparecer a água em água.

Retornar com os círculos, elogios

da pedra que desce à profunda

escuridão, sem voz; tornar-me círculo

sem voz que sob pedras desliza.

 

 

O QUE NUNCA TIVEMOS

 

O que nunca tivemos

nos rodeia e amamos

o que nunca tivemos.

 

Que doce o nosso amor que nunca é nosso.

 

 

DESCREVO UM DIA INTEIRO

 

Descrevo um dia inteiro:

Não me levanto, não ando,

não saúdo nem escrevo,

sou surdo, cego, mudo,

sem tato, sem olfato.

Não sinto nada nem me sinto,

não estou de pé nem me ajoelho.

Oh manco e coxo e corcunda

e manetas, e canhoto e vesgo. Suo,

fedo a excremento; sim, me urino,

choro do olho para fora, choro do olho para dentro. 

 

 

 

LAS VOCES...

 

Las voces los recuerdos la pobreza

de los pobres que venden hierba y polvo

la angustia la obsesión la fobia el odio

la cizaña y maleza de la rabia

como visitas importunas charlan

futilidades y yo estoy en cama

fúnebre y para mis adentros lloro.

 

De Odio lo que odio, rabio lo que rabio, 1998.

 

 

 

 

Traduções de Antonio Miranda:

 

 

AS VOZES

As vozes as lembranças a pobreza
dos pobres que vendem grama e pó
a angústia a obsessão a fobia o ódio
a discórdia e erva daninha da raiva
como visitas inoportunas conversam
futilidades e eu estou em cama
fúnebre e para mim mesmo choro.

 

 

 

EL DÍA ENTERO...

 

El día entero y la entera oscuridad.

Delirium tremens del no dormir: verás

moscas de ojos más grandes que sus cuerpos

y jorobados que vuelan como cuervos

de un ala y por todas partes pelos

y no verás porque tú eres el insecto.

 

De Odio lo que odio, rabio lo que rabio, 1998.

 

 

 

 

O DIA INTEIRO...

O dia inteiro e a inteira escuridão.
Delirium tremens do não dormir: verás
moscas de olhos maiores que seus corpos
e corcovados que voam como corvos
de uma asa e pêlos por todas partes
.

 

 

NO TE DEJES MORIR

 

No te dejes morir. Que te maten

a cuchillazos o a humillaciones

o esa enfermedade que en las canciones

llaman de amor pero son de cirrosis.

No te dejes morir. Que el rosicler

te mate con su palo de rosa en el mate.

 

 


NÃO TE DEIXES MORRER

Não te deixes morrer.  Que te matem
a facadas o por humilhações
ou essas doenças que nas canções
chamam de amor mas são cirroses.
Não te deixes morrer. Que o rosicler
te mate com seu pau de rosa no mate.


 

 

 

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Traduções de

SOLON BORGES DOS REIS

 

 

CONTAM OS HOMENS

 

Contam os homens

que houve um crime, faz anos, no Paraíso:

algo assim como um roubo de maçãs.

Os culpáveis adoeceram da fruta  mal havida

e foram assistidos pelos vermes que moram nas maçãs

e a terra foi dos vermes.

 

 

É COMO UMA DOENÇA

 

É como uma doença

como uma enfermidade longa e estéril

caminhar pela rua sem nada que fazer

a não ser caminhar pela rua.

 

Às doze, às seis  da tarde ou da manhã.

Caminhar como sonâmbulo, longa e esterilmente

ocupado em parecer ocupado

como um homem de negócios sem negócios e em quebra.

 

 

COMO DESAPARECES

 

Como desapareces, como não estás; procuro-te

Minhas mãos desoladas te buscam, ar ou fogo.

Meu coração te procura sob as pedras

onde há pássaros mortos, caracóis.

 

Tu sonhas, ai, tu dormes, tu conheces o dia;

tu me dizes adeus e adeus é “nunca”.

 

 

A TARDE É UM AMIGO

 

A tarde é um amigo

que não existe, uma noiva.

A que seguir dizendo “que não existe”;

a moça está despida na janela,

sou eu quem não a olha.

E tudo está chorando por vê-la ou abraçá-la.

 

 

PARTICULARMENTE

 

Particularmente, vou viver em um horto

de flores olorosas de olores frutais, de frutas amargas

como eu, e vou viver só meus últimos dias

sem amor, sem filhos, sem governanta nem cachorro.

 

Mas, vou viver só com um sujeito

o mais fiel, o mais hipócrita,

o que me conta tudo, e nada me oculta

eu! eu mesmo! vestido de velho

amor, filho, ama de leite e cachorro!

 

 

DEPOIS DE MORTO

 

Depois de morto, ervas, e depois

alguém pisa as ervas e no céu

azul cantam os pássaros cheios de alegria.

 

 

QUANDO PENSO NA MÚSICA

 

Quando penso na música

sou como um menino que pensa na música

e se alegra com o dia

e se crê passarinho.

 

Como uma gaiola a música tem grades

e dá alpiste

e choro

porque não sou menino nem ouço música

e o sonho é esta flor seca que pulverizo entre meus dedos

com um gesto teatral

e eu sou este que fala das flores,

dos passarinhos, do vinho,

do amor como serpente,

do sonho como gaiola,

da música como canário.

 

 

Página ampliada e republicada em março de 2008

 



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