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http://www.literaturanaarquibancada.com/

ZUCA SARDANA


Zuca Sardan, nome literário de Carlos Felipe Alves Saldanha (Rio de Janeiro, 18 de agosto de 1933) é um poeta, escritor, desenhista e diplomata brasileiro.1 É um dos representantes da poesia marginal brasileira da década de 1970. Sua obra é marcada pela irreverência e pela ironia.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Saldanha nasceu no Rio de Janeiro, filho do artista plástico Firmino Saldanha. Começou a seguir a carreira de pintura, mas inspirado no filme Orfeu de Jean Cocteau decidiu tornar-se "um famoso poeta surrealista desconhecido", em suas palavras.2 Nos anos 50 , publicou folhetos mimeografados ("spholhetos") de pequena tiragem com suas poesias. Mais tarde, adotaria o xerox.

Saldanha formou-se em Arquitetura pela Universidade do Brasil, em 1956. Entre 1963 e 1965 fez o curso preparatório de diplomata no Instituto Rio Branco. Serviu como diplomata na Argélia, República Dominicana, Estados Unidos, União Soviética, Holanda e Alemanha, onde radicou-se em Hamburgo.

Saldanha participou em 1976 da coletânea "26 Poetas Hoje", juntamente com nomes como Ana Cristina César, Cacaso, Geraldo Carneiro, Chacal, Waly Salomão e Torquato Neto.1

O artista assinava suas obras como Carlos Saldanha, depois como Zuca Sardana, tendo finalmente adotado o nome Zuca Sardan em 1993, com a publicação de "Osso do Coração".2

 

http://chacalog.zip.net/images/zuca.jpg

Ilustração recente de Zuca Sardana, extraído da página do Chacal...

TEXTOS EM PORTUGUÊS    /   TEXTOS EN ESPAÑOL 

De
FRANCISCO ALVIM / ZUCA SARDANA
POEMAS

Introducción y traducción de
Abelardo Sánchez León
 Lima: Centro de Estudios Brasileños, 1978

 

Levando a vida

 

No andar de cima

a antiga bailarina

debruçada na janela

batia de vassoura

no tapete persa

meio furado.

 

No andar de baixo
o mágico de mafuá

tirava da cartola

um ovo duro

um pratinho de azeitonas

umas empadas

e o jornal do dia

onde ele lia

aquelas mesmas notícias

de dias atrás.

 

A essência

 

A Economia é o estudo

dos homens em suas atividades

mais ordinárias.

 

Enfim:

... o resto da definição

é dispensável.

 

 

Viração

 

Tentemos de novo...

A Economia é o estudo dos homens

em suas atividades ordinárias

segundo se ganham e gastam

uns meios de vida:

uns pra melhor, uns pra pior.

 

Ou seja

gentil Leitora, distinto Leitor:

bem sabeis, cada qual

se vira como pode.

 

 

Fazendo força

 

Economia é a maneira de se virar

como se pode

Usando uns recursos escassos

chupando ar

que até parece

camaleão no sufoco:

os olhos estufados

fazendo das tripas coração

 

E depois distribuir

os bens produzidos

sabe-se lá como

no presente

ou no futuro, depende,

consultando talvez a cigana

mas subindo os preços sempre.

 

 

 

 

Extraído de:

POESIA JOVEM ANOS 70. Seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e crítico e exercícios por: Heloísa Buarque de Hollanda, Carlos Alberto Messeder Pereira. Colaboração: Lula Buarque de Hollanda. Consultoria: Leila Miccolis, Maria Amélia Mello.   São Paulo, SP: Abril Educação, 1982.  112 p.  15x21,5 cm.  “ Heloísa Buarque de Hollanda  “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Poeta e desenhista emérito. Desde os anos 50, Carlos Felipe Saldanha agita sua “indústria caseira de poesia”.  Desta forma, editou um número surpreendente de gibis ilustrados, cuja dicção poética se revela sabiamente pessoal e intransferível. Felipe, segundo Chico Alvim, é o nosso “Oswald de Andrade de calças curtas”.

 

 

SARDAN, Zuca.  Ximerix / poemas de Zuca Sardan.   São Paulo: Cosac Naif, 2013.  80 p.     12x17 cm.  ilus. contracapa.   ISBN 978-85-405-0441-7  Inclui 11 ilus. p&b. Projeto gráfico: Tereza Bettinardi. Tiragem: 2000 exs.   “ Zuca Sardan “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

zappzappzappzoppzappzappzappzappzapp

 

Caos

 

Ai!, quão ácido

o grasnar da gralha

de cirna do busto

de gesso d"Ishtar!...

Oh Tempo, mas que!

Espera!...

um só minuto...

por favor... Espera-

do Caos súbito

um clarão...

do céu rasgado

s'escap' um...

... cometa!...

que voa louco

e louco voa

e cai e cai

se apaga

gorgoleja

e afunda

no brejo

sumiu

 

glugluglugluglusluslu 

 

[B.11] Absinto

 

Sobre o bufe o sifon.

d´absinto diabo verde

jarro galé solferino

cuma flor tresnoitada

gemidos do cravo

bom parfüm de sovaco

 

 

[B.12] Bolero

 

Abertas as cortinas fane

lua roxa crepúsculo bordo

nuvens rosadas...

Bolero de Ravel

Merry... abre o leque... ,

Plec... Plic... Plec...

 

 

[B.13] Vulto

 

Vulto atroz de mortalha

bate à porta errada poc-poc.,

presto pegou levou Doutor

 

Tom... por quê?, eia sus...

Sabe-se lá?... Dom Fantaz

Garnier discreto tosseteia

 

 

[B.14] Bandoneon

 

Salcedo ao bandoneon

espremeu espremeu

foi fazendo... ai!...

do coração umas tripas

gemendo bem gostosinha

a velha cumparsita...

 

 

SARDAN, Zuca.  Osso do coração.  Campinas, SP: Editora da UNICAMP,  1994.  210 p,   (Coleção Matéria de Poesia) ISBN 85-268-0278-X   20x21 cm. Ilus. “ Zuca Sardana “ Ex. bibl. Antonio Miranda


CANDENTE ORATÓRIA

 

Mala alto que o condor

voa a inflação

cujas penas das asas

são notas de mil •••

A desaceleração

do ritmo econômico

na praça mundial

já chegou ao ritmo

dolente das maracas

E a violenta freiada

o contravapor

em todos os investimentos

no velório de Dolores

foi o último cravo

cravado no caixão  •

 

 

 

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SARDAN, Zuca.  Ás de colete.  2ª. Ed.    Campinas, SP: Editora da UNICAMP,  1994.   123 p.  (Coleção Matéria de Poesia)  20x21 cm. Ilus.   ISBN  85-268-0311-5   “ Zuca Sardana “  Ex. bibl. Antonio Miranda


 

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

Poeta, diplomata, desenhista, nasceu no Rio de Janeiro, em 1933, é “poeta  original que tiene el raro encanto de tratar a la poesía con naturalidad y rigor. Es risueño pero sobreto burlón. No ataca a puñetazos las contradicciones que el orden económico y la vida cotidiana sino, más bien, con alfileres: hinca sin desangrar, pero demuele como la sal cuartea las cortezas.”  Abelardo Sánchez León.

Os poemas a seguir foram extraídos de uma edição peruana de traduções feitas dos textos do Francisco Alvim e do Zuca Sardana.

 

De
FRANCISCO ALVIM / ZUCA SARDANA
POEMAS
Introducción y traducción de
Abelardo Sánchez León
 Lima: Centro de Estudios Brasileños, 1978

 

Sorteando la vida

 

En el piso de arriba

la antigua bailarina

inclinada en la ventana

sacudía con la escoba

la alfombra persa

media agujereada

 

En el piso de abajo

el mago del parque de diversiones

sacaba de la chistera

un huevo duro

un plato de aceitunas

unas empanadas

y el diario del día

donde él leía

aquellas mismas noticias

de días atrás.

 

La esencia

 

La Economía es el estudio

de los hombres en sus actividades

más ordinarias.

 

En fin:

... el resto de la definición

es prescindible.

 

 

Arreglándoselas

 

Intentemos de nuevo…

La Economía es el estudio de los hombres

cn sus actividades ordinarias

según se ganen o gasten

los medios de vida:

unos para mejor, unos para peor.

 

O sea

gentil lectora, distinguido lector:

bien sabeis, cada cual

se las arregla como puede.

 

 

Haciendo fuerza

 

Economía es la manera de arreglárselas

como se pueda

Haciendo uso de recursos escasos

chupando aire

que hasta uno parece

camaleón sofocado:

los ojos desorbitados

haciendo de tripas corazón

 

 

Y después distribuir

los bienes producidos

vaya a saberse como

en el presente

o en el futuro, depende,

consultando tal vez a la gitana

pero subiendo siempre los precios.


 

Página publicada em fevereiro de 2009. Ampliada e republicada em abril de 2015.


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