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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Fonte da foto: www.algumapoesia.com.br/

VIRNA TEIXEIRA 


Nasceu em Fortaleza (CE), em 1971, e reside em São Paulo. É autora de Visita (2000) e Distância (2005), ambos publicados pela editora Sette Letras. Esta seleção faz parte do seu próximo livro de poemas, Trânsitos.

Nació en Fortaleza (CE), en 1971, y reside en São Paulo. Es autora de Visita (2000) y Distância (2005), ambos publicados por la editorial Sette Letras. Esta selección forma parte do su próximo libro de poemas, Tránsitos.

Publicado originalmente em http://www.letras.s5.com, e reproduzido com autorização do tradutor.
 

TEXTOS EM PORTUGUÊS  /  TEXTOS EN ESPAÑOL 

POEMAS

Seleção de Claudio Daniel
 

Nado em alto-mar, maremoto. Flutuar sobre naufrágios, resíduos. Submersa no que não era – afogamento. Mergulho, viagem marítima. Escapismo, estrelas-do-mar. Sentimentos líquidos.

 

Ebulição. Dissolução de formas. Novas, transitórias, fluidas. Tensão, polaridade.

 

Repetição, aprendizado: trajeto contra a correnteza até a margem.

 

Memória da água. Desenhos na areia, espuma.

 

DETOX

Enrolou os ferimentos em gaze. Feridas cicatrizam com o tempo. Ainda que restem entalhes. Memórias desenhadas nos ossos, adornos.

Tirou fotografias como registros. Meses após o trauma. Sem sangue nas conjuntivas.

Deixou para trás a câmera. Travesseiro, lençol branco, a água morna do banho. Inverno, lembrança noturna.

A transformação do rosto. Quando retirou as ataduras, as suturas.

No dia da partida, árvores. De perfil no trem, a luz sobre os cabelos, castanhos.

 

MEMORY LOST

Desde el trigésimo piso contempla la ciudad por la noche. Borra archivos, memorias.
Algunas retorcidas quedarán en el pensamiento como el edificio de ventanas góticas.
Prisión. Cine Voltaire.

En el alféizar una orquídea. Aislada contra  el crepúsculo violeta. Un contorno borrado de
edificios.

Un día de sol. Parejas pasean en el parque. Caminan entre gansos. Niños juegan
en el estanque de arena.

Hipocampo, extraña imagen. Esquinas, caminos que se bifurcan. Como si nunca hubiera
caminado por allí.

 

Nado em alto-mar, maremoto. Flutuar sobre naufrágios, resíduos. Submersa no que não era – afogamento. Mergulho, viagem marítima. Escapismo, estrelas-do-mar. Sentimentos líquidos.

Ebulição. Dissolução de formas. Novas, transitórias, fluidas. Tensão, polaridade.

Repetição, aprendizado: trajeto contra a correnteza até a margem.

Memória da água. Desenhos na areia, espuma.

 

Nado en alta ola, maremoto. Fluctuar sobre naufragios, sobre residuos. Sumergida en lo que
no era - ahogo. buceo, viaje. Escapismo de estrellas de mar.
Líquidas sensaciones.

Evaporación. Disolución de formas. Nuevos, transitorios, fluidos. Tensión, polaridad.

Repetición, aprendizaje: trayecto contra la corriente hasta la orilla.

Memoria del agua. Dibujos en la arena, espuma.

 

CONVERSA

entre sombras de
árvores, a noite

relva, onde
pesadas as
palavras

desabem, como
frutos

pequenas equimoses
sob as
polpas.


DISTÂNCIA


um telefonema de
três minutos

depois,
o silêncio

do outro lado
da linha.


NOITE

branca, a sala
a cor desta
ausência

teto

inalcançável

sofá, o vulto
imaginário
de um corpo.

 

 

TEIXEIRA, Virna.  Visita.   Rio de Janeiro: Editor Multifoco, 2010. 49 p.  (Orpheu poesias)  13,5x20,5 cm   ISBN  978-85-7961-196-4    Apresentação de André Dick.  Capa: Guilherme Peres.  Obs. Existe uma edição anterior deste livro, de 2005.  Col. A.M. 

 

“Estamos, assim, diante de uma poesia — (...) — elaborada, vazada em flashes fotográficos, com referências ao coloquialismo e referências culturais diversas, tentando concentrar o máximo no mínimo — todos esses elementos em conjunto com um sentido incômodo de desgaste, de deslocamento, solidão e melancolia numa dose justa, sem aspirar a um tom elevado.”  ANDRÉ DICK

 

Visita

Criado-mudo:
Bíblia e
rosário de contas.

Na cama, ao lado
a nudez
sem nome.

 

Dorso

Revestir a nudez

primeira palavra:
toque.

Sílabas
desentendem
o silêncio.

 

Virna Teixeira lendo poemas nas RAIAS POÉTICAS,
em Vila Nova de Famalicão, Portugal, 2013.

 

 ---------------------------------------------------------------------------------

TEXTOS EN ESPAÑOL

 

Traducción: Leo Lobos

 

Nado en alta ola, maremoto. Fluctuar sobre naufragios, sobre residuos. Sumergida en lo que  no era - ahogo. buceo, viaje. Escapismo de estrellas de mar.
Líquidas sensaciones.

Evaporación. Disolución de formas. Nuevos, transitorios, fluidos. Tensión, polaridad.

Repetición, aprendizaje: trayecto contra la corriente hasta la orilla.

Memoria del agua. Dibujos en la arena, espuma.

 

DETOX

Cubrió las heridas con gasa. Las heridas cicatrizan con el tiempo. Auque nos falten talles. Memoria dibujada en los huesos, adornos.

Tiró fotografías como registros. Meses después del trauma. Sin sangre en los ojos

Dejó atrás la cámara. Almohada, blanca sábana, el agua tibia del baño.
Invierno, nocturno recuerdo.

La transformación del rostro. Cuando retiró las ataduras, las suturas.

El día de la partida, árboles. De perfil en el tren la luz sobre los cabellos castaños.

 

MEMORY LOST

Trigésimo andar: contempla a cidade, à noite. Deleção de arquivos, memórias. Algumas ficaram retorcidas no pensamento como o prédio, de janelas góticas. Cativeiro. Cinema Voltaire.

No parapeito, uma orquídea. Isolada contra o crepúsculo, violeta. O contorno borrado dos prédios.

Um dia de sol. Casais passeiam no parque. Caminha entre gansos. Crianças brincam no tanquinho de areia.

Hipocampo, estranheza de imagens. Esquinas, bifurcações. Como se nunca tivesse, tantas vezes, caminhado ali.

================================================================

Traducción de Cecilia Pavón


CONVERSACIÓN

entre sombras de
árboles, la noche

hierba, donde
pesadas las
palabras

se demoronan, como
frutos

pequeñas equimosis
bajo las
pálpebras.


DISTANCIA

un llamado de
tres minutos

después,
el silencio

del otro lado
de la línea.


NOCHE

blanca, la sala
el color de esta
ausencia

techo

inalcanzable

sofá, el bulto
imaginario
de un cuerpo.

 

Extraído de: CAOS PORTATIL – POESÍA CONTEMPORÁNEA DEL BRASIL
 – EDICIÓN BILINGUE. Selección de Camila do Valle y Cecília Pavón. Traducción de Cecilia Pavón. México:  Edicones El Billar de Lucrecia, 2007.  ISBN 978-970-95317-2-5
Apoyo del Fonde Nacional para la Cultura y las Artes


PAÍS IMAGINÁRIO. ESCRITURAS Y TRANSTEXTOS – POESIA EN AMÉRICA LATINA 1960-1979Selección y notas: Mario Arteca, Benito del Pliego, Maurizio Medo. Edición Maurizio Medo.  Madrid: Bolombolo, 2014.  631 p. (Colección Once)   ISBN 978-84-1614902-5  Inclui apenas dois poetas brasileiros: Virna Teixeira e Delmo Montenegro.  Ex. bibl. Antonio Miranda

Nesta antologia foram incluídos os poemas “conversación”, “distancia”, “noche”, “Detox” e “Memory Lost” que estão em outras antologias, que já reproduzimos nesta página dedicada a Virna Teixeira. A seguir, os dois poemas que estão apemas na presente antologia:


pavilhão 8
cela 63

faz quinze días                                         hace días
que eles prenderam                                  que ellos
você                                                        te aprehenderon

a inscrição nos dedos                                la inscripción en los dedos
fox                                                          fox

nas grades                                               en las rejas
dos olhos                                                 de los ojos
um cartão de visita                                   un gafete de visita
lá fora                                                     allá afuera
espera                                                     espera

a sentença                                               la sentencia

apuro                                                       aflicción
no silêncio                                                en el silencio
da enfermaria                                           de la enfermeira

“é perigoso, o que                                     “es peligroso, lo que
eu poderia                                                 yo pudiera
dizer”                                                        decir”

na neve, a raposa                                      en la nieve, un zorro
deixa rastros                                             deja huellas

 

(Traducción de Berenice Huerta y Jair Cortés)


Doppelgänger

dois corpos atados pelos braços
silhuetas sem rosto
uma mulher e sua sombra
o espaço vazado deixado na passagem
gestos moldados na penumbra
sobre a tela em branco
para onde foi a transparência
apenas uma projeção – o duplo
não reflete no espelho
duas gêmeas fendidas
intervalo de imagens, isómeras
tensão impossível de unidade

Embankment

empilhou a memoria
em moldes    de caixas
arquivos de poliuretano
transparentes
cubos     retângulos
caixas de pandora
segredos
andaimes de ausência
cidade-fantasma
um labirinto, dique
armazém
de recipientes
temporários
vazios

VARGAS & MIRANDA Compiladores.  Selección y revisión de textos por Salomão Sousa.  TRANS BRASILIANA  ANTOLOGÍA  36 MUJERES POETAS DO BRASIL. MARIBELINA – Casa del Poeta Peruano. 2012  134 p.      Ex. biblioteca de Antonio Miranda

 

Nado em alta ola, maremoto.
Fluctuar sobre naufrágios, sobre resíduos. Sumergida en lo que no era — ahogo, buceo, viaje. Escapismo de estrellas de mar.
Líquidas emociones.

Evaporación. Disolución de forma. Nuevos, transitorios, fluidos.
Tensión, polaridad.

Repetición, aprendizaje: trayecto contra la corriente hasta la orilla.

Memoria del agua. Dibujos en la arena, espuma.


DETOX

Cubrió heridas con gasa. Las heridas cicatrizan con el tiempo. Aunque
nos falten talles. Memoria dibujada en los huesos, adornos.

Tiró fotografías como registros.Meses después del trauma. Sin sangre
en los ojos

Dejó atrás la cámara.Almohada, blanca sábana,el agua tibia del baño.
Invierno, nocturno recuerdo.

La transformación del rostro. Cuando retiró las ataduras, la suturas.

El día de la partida, árboles. De perfil en el tren la luz sobre los cabellos castaños. 
                                        Traducción de Cecilia Pavón




CONVERSACIÓN

                          entre sombras de
                         árboles, la noche
                         hierba, donde
                         pesadas las
                         palabras

                         se desmoronan, como
                         frutos

                         pequeñas equimosis
                         bajo las
                         pálpebras.


DISTÂNCIA

un llamado de
tres minutos

después,
el silencio

del otro lado
de la línea.

*
Página ampliada em julho de 2024

 

Página publicada em janeiro de 2008, republicada em maio de 2009, ampliada em dezembro de 2016.



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