RUY VASCONCELOS
Poeta e tradutor, reside em Fortaleza. Professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade de Fortaleza (Unifor), autor de Errante e Peregrino – Vida e Obra de José Albano, Edições Demócrito Rocha, Fortaleza, 2000; Colaborou em revistas impressas e eletrônicas, no Brasil e no exterior, e participou da antologia Nothing the Sun Could Not Explain.
Poeta y traductor, reside en Fortaleza. Colabora en revistas impresas y electrónicas, en Brasil y en el exterior, y participó en la antología Nothing the Sun Could Not Explain.
Publicado originalmente em http://www.letras.s5.com, e reproduzido com autorização do tradutor.
TEXTOS EM PORTUGUÊS / TEXTOS EN ESPAÑOL
POEMAS
Seleção de Claudio Daniel
NO ADRO DA IGREJA EM VIGO
sobre Martim Codax
No adro da igreja, em Vigo
e bailava o corpo esguio
Em Vigo, no adro sagrado
e bailava o corpo amado
E bailava o corpo esguio
de antemão bem-vindo
E bailava o corpo amado
de antemão sonhado
De antemão bem-vindo
e só no adro em Vigo
De antemão sonhado
e só em Vigo, no adro
FLOR É UM LUGAR
Con el pe(n)sar en Creeley
Flor é um
lugar dentro da
gente onde até
o inconsciente
fragra-nos
Dealbar de um
dia, de uma
canção – a voz em
pátina de
Cego Oliveira, lugar
onde tudo rebecas ar-
ranhando à terra
e seu rasto. Flor
ah, florando, a-
lém dos passos
pétalas
os tempos, perfumes, os
lugares incomuns
de amor
(Homenagem a Creeley)
TEXTOS EN ESPAÑOL
Traducción: Leo Lobos
EN EL ATRIO DE LA IGLESIA EN VIGO
En el atrio de la iglesia en Vigo
bailaba el cuerpo afilado
En Vigo, en el atrio sagrado
bailaba el cuerpo adorado
Y bailaba el cuerpo afilado
bienvenido de antemano
Y bailaba el cuerpo adorado
soñado de antemano
De antemano bienvenido
sólo en el atrio de la iglesia en Vigo
soñado de antemano
sólo en Vigo en el atrio de la iglesia
FLOR ES UM LUGAR
con el pe(n)sar en Creeley
Flor es un
lugar dentro de
uno donde incluso
el inconsciente
nos abisma
iluminado de un
día, por una
canción - una voz en
pátina de
Ciego Oliveira, lugar
donde rabeles arañan la tierra
rastro. Flor
floreciendo más
allá de los pasos
pétalos
tiempo, perfumes,
lugares unicos
de amor
(Homenaje a Creeley)
INIMIGO RUMOR – revista de poesia. Número 12 –
1º SEMESTRE 2002. Editores: Carlito Azevedo, Augusto Massi. Marcos Siscar, Rio de Janeiro, RJ: Viveiros de Castro Editora, 2002. 199 p. Editora, 2001. 204 p. ISSN 1415-9767.
Ex. bibl. de Antonio Miranda
RUA GUIARÁ
as aves do céu que não
semeiam nem colhem
cantam e cantam, numa
rua paulistana ao
araxá do dia
e à dobra da manhã
girando nos gonzos
um suave azul-sem-sol
sobre a fachada dos
pequenos sobrados
às primeiras árvores
que são verdes, ao
primeiro homem que
assustado, desce a
ladeira em mangas de
camisa, ao primeiro fur-
gão onde se pode ler
reportagem´ em letras
verdes sobre um fundo
branco, às últimas luzes
das garagens alter-
nando amarelos e vermelhos
ainda vivas, às luzes ao
longe, devoradas pelo serrar-
se do dia, à única lâmpada
acesa por trás de um
basculante à frente de
diferentes frascos à distância
de uma quadra, no terceiro e
último andar de um prédio
de uma noite, de um dobre
de finados, e à distância de
muitos e no último andar
de distância, a serra da
cantareira, impassível
no mais encantado
suave, sereno, suspenso
como o canto das aves
do céu que não semeiam
nem colhem, mas
calam as franjas do dia
*
Página ampliada e republicada em dezembro de 2023
Página publicada em janeiro de 2008
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