PEDRO CANDELA
Quem é Pedro Candela? Achei o livrinho dele na estante de um sebo de Brasília. O nome dele em amarelo claro sobre o branco da capa, impossível de ler, mas a ilustração — do Federico Guerreros — figurava insinuante. “Primeira edição bilíngue”. O poeta Pedro Candelas, com 27 anos, residindo em Londres, fora publicado pelos amigos. Estudou Romantismo do Século XVIII em Oxford, Inglaterra e participara do XI Festival Internacional de Poesia de La Habana. Onde, em que editora, quando?!!! Na internet tem um vídeo (link mais abaixo...) com um poema dele em performance de jovens, do mesmo livro: XVII Paraguas e um plágio de Neruda.
TEXTOS EM PORTUGUÊS / TEXTOS EN ESPAÑOL
Traduções de Federico Guerreros
Paraguas V
mastigo lembranças
da infância
postas numa mesa
de espantalhos calvos
joga-se a morte
(sem-migos nem bingos)
com seus olhos
bem abertos e embaralhados
copos de pileque
correm
uvas roxas
pelo pano
branco
desfiando-se
como se surfassem
um atalho
inerente
às ondas macias
e no mais silencioso
despertar para a juventude
via cerrando
em
p
á
l
p
e
b
r
a
s
(as pobres viúvas)
que choravam a morte
de um poeta
desvinagrado
Paraguas XI
nuvem
nuvem
a Inglaterra é uma capa
de nuvens
também
colecionadores
de guarda-chuvas
(amarelos)
eu esmo
coleciono um
(rarefeito)
nuvem nuvem
colecionadores de palavras
- pedras transparentes -
(eu coleciono toalhas)
g
r
a
v
a
t
a
fincada no peito
(que nada!)
aguardo meus amigos
para um café forte
e um cigarro
morangos que
dançam no céu
repleto de
suspiros
sol erguido em retângulo
num dia
sob sombra
de lírios
tento esquecer
e o que vejo
são pensamentos
(sentados na chuva)
olho pra dentro
saudades são ruas
daquela terra boa
(apelidada pela proa)
de nossa senhora do Brasil
Um Plágio de Neruda
(um fragmento)
quantos ouvidos têm um grito?
emprestou sua forma de bico o tucano
ao inventor do saxofone?
é verdade que o inverno do Rio de Janeiro
ou cai na quarta, ou na quinta-feira?
é verdade que o quarto do poeta
não tem teto?
de que cor era a chuva
na noite que fui abandonado?
TEXTOS EN ESPAÑOL
Traduções de Federico Guerreros
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Paraguas V
mastico recuerdos
de la infância
puestas en una mesa
de espantapájaros calvos
se tira la muerte
(sin migos ni bingos)
con sus ojos
bien abiertos y confundidos
vasos de borrachera
corren
uvas violetas
por el paño
Blanco
deshilándose
como si surfeasen
un atajo
inherente
a las olas blandas
y em lo más silencioso
despertar para la juventud
veia cerrando
em
p
á
r
p
a
d
o
s
(las pobres viudas)
que lloraban la muerte
de un poeta
desvinagrado
Paraguas XI
nube nube
Inglaterra es uma capa de nubes
coleccionadores de palabras
- piedras transparentes -
(yo colecciono toallas)
c
o
r
b
a
t
a
hincada al peco
(¡qué bah!)
aguardo amigos
para un café fuerte
y um cigarro suave
frutillas bailan
em el cielo
repleto de
suspiros
sol erguido
en rectángulo
un día
bajo sombra
de lirios
intento olvidar
y lo que veo
son pensamientos
(sentados en la lluvia)
miro hacia adentro
de aquella tierra buena
(apodada por la proa)
de nuestra señora de Brasil
Un Plagio de Neruda
(un fragmento)
¿cuántos oídos tiene un grito?
¿le presto su forma de pico de tucán
al inventor del saxófono?
¿es verdad que el invierno de Rio de Janeiro
o cae el miércoles, o el jueves?
¿y que las estrellas que el vê
¿cómo entiende un pájaro
la ventana triste de mi casa?
Página publica em janeiro de 2010
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