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MAURO FACCIONI FILHO
Maringá. 1962. Poeta. Autor de librOs como O grande monólogo de Madrija (1989), Olhos cegos (1990) y Helenos (1998).
Professor Pesquisador da Unisul. Graduado em Engenharia Elétrica pela UFSC, mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica (UFSC), Pós-Doutorado no tema "Social Network Analysis" pela University of London, Queen Mary College e coordenador de curso superior da Unisul. Foi um dos fundadores da revista BABEL POÉTICA.
Lea otros poemas de Mauro Faccioni Filho traducidos al castellano en: http://www.zapatosrojos.com.ar/Traducciones/Traducciones%20-%20M_%20Faccioni%20Filho.htm
Extraído de
BABEL POÉTICA. Revista de Poesia. Ano 1, N. 4 – Agosto/Setembro 2011. ISSN1518-4005. Editor Ademir Demarchi. babelpoetica.wordpress.com
todo acabado
todo torto todo ruim todo estragado
mas eu vou pela calçada sob o vento
ombros para trás cabelos levantados
lançando olhares como se fossem fogos
o mundo é meu - e meus passos de ouro
arrebentam as pedras do luar
camisa solta peito empinado sou um ás
minha mãe me despacha ao telefone
meu pai me despreza ao me olhar
e mesmo assim vou cavalgando
todo ruim todo torto todo a berrar
imensos uivos sob lágrimas e solfejos
que distribuo - pois sou um rei
meio de lado meio mancando
acreditando que o que foi não foi
e o que vem sou eu e será meu
mas sei que bem no fundo bem no íntimo
bem no meio deste meu caminho vazio
depois das mulheres que amei e que esqueci
do filho que gerei e que não vi
do meu gesto louco balançando em falso
sou eu este seu filho pobre e ruim
seu filho todo fraco todo ruim todo acabado
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Em colaboração com a revista mexicana ALFORJA- REVISTA DE POESÍA. Texto selecionado originalmente por Floriano Martins, publicado no n. XIX, invierno 2001.
Primeiro princípio da dualidade
sentei para escrever um poema e escrevi outro
sob os lençóis se mexeram seus pés nus
num livro - entre duas folhas - faltou a palavra
que na manhã seguinte estampou os jornais
a gota de sêmen - a peregrina lenta
enquanto aviões cruzaram o céu azul
a mesma rua que guardava em uma lembrança
surgiu numa manhã - bem longe da sua origem
e as placas estavam nos mesmos lugares marcados
mas vieram escritas numa língua estranha
sofrendo pela avalanche de perguntas sem respostas
você veio tocar-me a nuca sussurrando
e o que começou de um jeito acabou de outro
queimando verdades e véus e se apagando
Primer principio de dualidad
Traducción de Héctor Alvarado
me senté a escribir un poema y escribí otro
sobre las sábanas se mecen tus pies desnudos
en un libro —entre dos hojas— faltó la palabra
que la mañana siguiente apareció en los diarios
la gota de semen peregrina lenta
mientras aviones cruzan el cielo azul
la misma calle que guardaba en el recuerdo
surgió una mañana muy lejos de su origen
y los anuncios estaban en sus lugares marcados
aunque escritos en una lengua extraña
sufriendo por la avalancha de preguntas sin respuestas
viniste a tocarme la nuca susurrando
y lo que inició de un modo acabó de otro
quemando verdades y nieblas y apagándose.
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