LOURDES SARMENTO
Obra poética: Poemas do Despertar,1965; Explosão das Manhãs, 1973; Tatuagens da Solidão, 1991; Vingt-Cinq Poèmes de Passion, 1994, lançado pela UNESCO, em Paris/94; 7 Cartas e uma Confissão de Amor – Prosa e Poesia – Editora Comunigraf – Recife, 2004.
Organizou e participou de Antologias e obras coletivas, destacando-se: Poésie du Brésil – organizada por Lourdes Sarmento – Panorama da Poesia Brasileira, Editora Vericuetos / Chemins Scabreux, Paris, septembre, 1997, e a Amor nos Trópicos – Ensaios e Seleta de Poemas Contemporâneos – organização em parceria com Beatriz Alcântara – Universidade Federal do Ceará, com o apoio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará – SECULT – 2000; Águas dos Trópicos – Ensaios e Seleta de Poemas dentro do Projeto de Literatura dos Trópicos – organização em parceria com Beatriz Alcântara – Editora Bagaço – Recife – com o apoio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2000; Olhos de Tigre – Poesia – Editora Bagaço, 2001, Prêmio Dulce Chacon, da Academia Pernambucana de Letras e Prêmio Alexandro Cabassa, Hors Concurs em Poesia, pela União Brasileira de Escritures do Rio de Janeiro, 2002; Fauna e Flora nos Trópicos – Ensaios e Seleta de Poemas dentro do Projeto de Literatura dos Trópicos – organização em parceria com Beatriz Alcântara – SECULT – Ceará – 2002;Guardiã das Horas – Poesia – Cia. Editora Pacífica – Recife, 2003, Prêmio Manuel Bandeira para Poesia – Rio de Janeiro, 2003 e Prêmio Feminino de Poesia Lacyr Schettino – da Academia Feminina de Letras de Minas Gerais- Classificação: 2° lugar, Belo Horizonte, Minas Gerais, 2004. A Poesia é Eterna – em parceria com Waldemar Lopes, Dirceu Rabelo, Francisco Bandeira de Mello e Aluízio Furtado de Mendonça, Assessoria Editorial do Nordeste, 2003.
TEXTOS EM PORTUGUÊS / TEXTOS EN ESPAÑOL
Veja também>>> POÈMES EN FRANÇAIS
DESEJOS
Onde meu desejo floresceu
não me encontro
quanto mais olho atrás de mim
fico perdida no ciclo fechado do
tempo
os que me perturbaram
não têm rostos
o deserto agonizante de mim
própria, secou a fonte das feras
então caminho
Onde meu desejo floresce
ordeno-te:
segue teu destino
à procura de outras caças
estrangulo tua voz
serpente do mal
línguas e setas envenenadas
Não quero pensar no futuro
o futuro talvez seja o agora
o desejo floresce na minha pele
então caminho
METADE DO CAMINHO
Sob o olhar vazado
da pedra
estirei tua pele
que durma com as pedras
tua sedução
minha alma olha tua pele
retirada do meu corpo;
morta
Sou canto de pássaro liberto
da gaiola
eras a chuva que vinha
vinha e voltava
e eu o esperava
com o desejo atravessado
na pele
à porta de março
acordei
olho o mundo assustada
( na esquina da rua
o olhar de desejo do jovem )
olhos negros noturnos
não sei se ainda é verão
ESTRANHAS VISÕES
Estranhas visões
caminham no jardim
dormem no orvalho do corpo
corpo das madrugadas
estendido no horizonte do desejo
Estranhas visões
despertam a manhã
rosas vermelhas
bordam a terra
crivada de relva
espaço de vôo das borboletas
e uma revoada de andorinhas
riscando o céu escarlate
escarlate como o batom
esquecido no teu paletó cinza
PARA QUE NÃO TARDES
O galope do cavalo
chama a tarde
sonolenta e fria
abre a flor
pouco a pouco
pouco a pouco
como regente de uma sinfonia
comanda músculos e nervos
abre perfumes
embriaga a tarde
para que não tardes
ao banquete
banquete das flores
à beira do Sena
SARMENTO, Lourdes. Liberdade de pássaro. Recife, PE: Bagaço, 2014. 95 p. ilus. 14x21 cm Capa: Eduardo Souza. ISBN 978-85-8165-204-7 “Lourdes Sarmento” Ex. bibl. Antonio Miranda
“Sua sensibilidade, Lourdes Sarmento, tem alguma coisa de contido e de muito brilho como um “peurplier” que surge na aurora, exatamente na hora que os pássaros acordam. “ JEAN-PAUL MESTAS, Nantes, França
Canto IX
Eu penso
e por pensar
descubro caminhos
inversos na contramão
acenos da leveza da vida
fico e penso
e por pensar, escrevo
tranco meu mundo
perco a chave.
SARMENTO, Lourdes. El tempo de las ofrendas. Lima: Alejo Edicones, 2007. 71 p. 10x14,5 cm. Traducción. Jorge Ariel Madrazo. Tiragem: 500 exs. Col. A.M.
CHICOS DE LA CALLE
Ese niño lanza el escupitajo
el otro la cuchilla
el hambre es la medida
de la miseria,
corta los vientos
clausura el sueño.
Cosen sus harapos
con los erizos del mar,
no disponen de la belleza
cuerpos sin enjabonar,
Hieren-roban el día
roban la noche,
llevan bolsas y espejos
(se reflejan en el espejo
los ojos del hambre).
SILENCIO
La palabra dentro de mí
única compañera
que impregna las madrugadas
tiene ventanas de vidrio
cantero de jazmines,
es mi alimento.
Diseña paisajes
recorre el ayer
y el hoy
gime, adormece
y despierta el Tiempo
Mi silencio, compañero,
es mi escudo de guerrera
a nada hiere
nada explica
ocupa un espacio
se hace presente.
MITAD DEL CAMINO
Bajo el mirar vaciado
de la piedra
extendí tu piel
que duerma con las piedras
tu seducción
mi alma mira a tu piel
separada de mi cuerpo;
muerta.
Soy el canto del pájaro liberado
de la jaula
eras la lluvia que venía
venía y volvía
y yo lo esperaba
con el deseo atravesado
en la piel
en los umbrales de marzo
desperté
miro el mundo asustada
(en la esquina de la calle,
el mirar de deseo del joven)
ojos negros
nocturnos
no sé si es verano todavía.
SARMENTO, Lourdes. Guardiã das horas. Recife, PE: Ed.; do Autor, 2003. 134 p. 14x20,5 cm. Capa: azulejos do século XVIII do casarão da rua das Crioulas, no Recife. “Prêmio Manuel Bandeira para Poesia – União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro 2003. “ Lourdes Sarmento “ Ex. bibl. Antonio Miranda
A Cerca
O homem
laça o boi
e aposta
na posse.
O boi espreita
silencioso
qualquer gesto
a hora será incerta
Dentro da cerca
entre talos de capim
o olho do boi
esconde a liberdade
sem que a perca
Chove
chove granizos
o chão de barro pisado
afunda as patas do boi
e o sapato do homem
O boi espera a hora certa
de romper o laço
saltar fora
ou morrer na hora incerta.
SARMENTO, Lourdes. 50 poemas escolhidos pelo autor. Rio de Janeiro: Edições Galo Branco, 2009. 98 p. 14x21 cm. “ Lourdes Sarmento “ Ex. bibl. Antonio Miranda
RESSACA
de desejos morri
qual cigarra após seu canto
numa enorme taça de vinho
vinho tinto
morri
o que caminha agora
é um poema inacabado
de paixões, acabado
é a ressaca
sem desejos
é o desejo indo
indo
ao lado do poema
sem destino
videira sozinha
florindo
O MILHARAL
há no hálito da tarde
o desespero do homem
à boca de agosto
assobia o vento
vai o eco brotar no tempo
o verde que se desfez
na terra seca
não se houve o ferro
em seu gemido,
nem o canto existe
entre fumaça e nuvens
acenam as espigas
do milharal.
o homem dorme
no que resta
põe sementes no chão
ou abre as cicatrizes do mundo
SARMENTO, Lourdes. Tatuagens da solidão. Recife, PE: COMUNICARTE, 1991. 81 p. ilus. Capa: Ezilda Goyana. Ilustrações: Maria Carmen, Margot Monteiro, Tereza Costa Rêgo. Orelha do livro: Cyl Gallindo. “ Lourdes Sarmento “ Ex. bibl. Antonio Miranda
Uivo da vida
Temos sonhos
de saciar a fome dos homens
na rosa abrindo a tarde.
Inúteis
no círculo das horas
somos o silêncio
da voz que engole
a lágrima
que corre.
No gozo
que teu peito geme
geme o homem na calçada
e o vento junta as fomes
no uivo da vida.
SARMENTO, Lourdes. Metade do caminho. Jaboatão, PE: Editora Guararapes, 2015. 16 p. ilus. col. 20x13 cm. Editor: Edson Guedes de Morais. Edição artesanal, tiragem limitada. Ex. bibl. Antonio Miranda – Poesia brasileira – Poesia pernambucana.
Veja o e-book: https://issuu.com/antoniomiranda/docs/lourdes_sarmento/1
COLETÂNEA VIAGEM PELA ESCRITA.Vol. VIII - Homenagem ao escritor Tanussi Cardoso. Org. de Jean Carlos Drumond. Volta Redonda, RJ: PoetArt Editora, 2021. 104 p. Apresentações por Jean Carlos Gomes, Álvaro Alves de Freitas, Anderson Braga Horta, Antonio Miranda, Ricardo Vieira Lima, José Eduardo Degrazia, Gilberto Mendonça Teles, Cláudia Brino & Vieira Vivo, Carmen Moreno, Christovam de Chevalier.
Ex. bibl. Antonio Miranda
CAVALO VERDE
Vem cavalo verde
neste agosto
e outros meses,
trazes no teu tropel
o cheiro do mato
que me desperta
e me excita
quando a morte
já era meu pasto.
Vem horizontalmente verde
no vaivém da brisa
não importa tua rota
a cerca que nos cerca
é o espaço que me resta.
SUOR DE FEVEREIRO
Entrego-me
ao vazio que habito
oco, sem coar
que construí
quando a vida sumiu
na sala desaparecida.
Olhei meus olhos
no espelho dos teus olhos
choravas no meu choro
como quem engole a saliva do tempo.
Não sei o coração
que resta
e a visão das feras
que me golpearam
sei o punhal cortando
pingos de suor de fevereiro.
TEXTOS EN ESPAÑOL
SARMENTO, Lourdes. Rituales del deseo. Rituais do desejo. Edición bilíngue: español-português. Buenos Aires: Francachela, 2005. 86 p. 20x14 cm. ISBN 987-20895-2-3 Traducido por Jorge Ariel Madrazo. Capa: “El retrato” óleo sobre tela Luisa Osdoba. “ Lourdes Sarmento “ Ex. bibl. Antonio Miranda
DESEOS
Donde mi deseo floreció
no me encuentro
cuanto más miro detrás de mí
quedo perdida en el ciclo cerrado del Tiempo
los que me perturbaron
no tienen rostros
el desierto agonizante de mi
misma, secó la fuente de las fieras
entonces camino
Donde mi deseo florece
te ordeno:
prosigue tu destino
en busca de otras presas
estrangulo tu voz
serpiente del mal
lenguas y saetas envenenadas
No quiero pensar en el futuro
el futuro tal vez sea el ahora:
el deseo florece en mi piel
entonces camino
MITAD DEL CAMINO
Bajo el mirar vaciado
de la piedra
extendí tu piel
que duerma con las piedras
tu seducción
mi alma mira a tu piel
separada de mi cuerpo;
muerta.
Soy el canto del pájaro liberado
de la jaula
eras la lluvía que venía
venía y volvía
y yo lo esperaba
con el deseo atravesado
en la piel
en los umbrales de marzo
desperté
miro el mundo asustada
(en la esquina de la calle,
el mirar de deseo del joven)
ojos negros
nocturnos
no sé si es verano todavía
EXTRAÑAS VISIONES
Extrañas visiones
caminan en el jardín
duermen en el rocío del cuerpo
cuerpo de las madrugadas
extendido en el horizonte del deseo
Extrañas visiones
despiertan a la mañana
rosas rojas
bordan la tierra
cribada de hierba
espacio de vuelo de las mariposas
y una bandada de golondrinas
surcando el cielo escarlata
escarlata como el rouge
olvidado sobre tu saco gris
PARA QUE NO DEMORES
El galope del caballo
llama a la tarde
soñolienta y fría
abre la flor
poco a poco
poco a poco
como director de una sinfonía
comanda músculos y nervios
abre perfumes
embriaga la tarde
para que no demores en llegar
al banquete
banquete de las flores
en la orilla del Sena
JOYA – Florilegio de escritores iberoamericanos contemporáneos. Compilación de Santiago Risso. Lima: Alejo Ediciones (de Mammalia Comunicación & Cultura), 2020. 115 p. Col. A.M.
EL PRECIO DEL CANTO
La voz del poema
corta
el canto de la piedra
que ama las flores
los frutos
abriendo el suelo
de deseo
el precio del poema
es una granada explotando
en la vereda
el corazón arrancado
del sueño.
LA ELECCIÓN
Recuerdo el abril
en que te conocí
traía en las manos un pedazo de pan
y la juventud
no sé cómo viniste
saliendo de las sombras
que me asombraban.
Quería hablar contigo
no lo conseguía
nada había salvo el miedo
de las sombras
que me asombraban
sonreí, apenas sonreí
y tú me escogiste
tu amada.
En cada abril
te recuerdo dulcemente
tu cuerpo esbelto
tus manos aferrando tres rosas:
blanca
amarilla y
roja
treinta años signan el calendario
¿dónde estás ahora?
SOLO ESTRELLAS
Pliego la sábana
pliego la noche
rociada
de estrellas
allá afuera
la noche plegada
en la sábana
despierta el rostro
del sol soñoliento
solo estrellas
saldrán de tus ojos.
EL SILENCIO DE LA PIEDRA
Siento deseos de ser una piedra
nadie me preguntaría
cosa alguna
si fuera una piedra y su silencio
calcularía el Tiempo por el viento
por las nubes
ni soles, ni lunas
dividirían las horas
abrigaría en mi regazo
a los amantes
desearía a todos los riachos
con las Hores del campo tejería
mis vestidos
nadie sabría que mis ojos
observaban el mundo
volaría como gaviota de vidrio
mujer de vidrio, transparente
sobre el pasto al galope
te amaría entera
intensa
encendida
sería apenas, una piedra
nadie preguntaría cosa alguna.
LA LLAVE
Mi sombra de niña
sombra azul
azul de los ojos
sombra casi feliz
rodeada de gatos quietos
mi alma quieta
respiraba, con el corazón
en las manos
las manos dadas
al mundo en mutaciones
acomodaban las palabras
danzando vocales y consonantes
verano ardiendo soles
ventoleras de agosto
era ella: la palabra,
mi única llave.
EL PERFUME
Mi poema abdica
su ardor
quiero llegar a mi puerta
con la llave de plata
oír los pasos
de quien me espera
dejar que el agua moje
mi cuerpo
el perfume en las sábanas
la rosa blanca bajo el rocío
y tu cuerpo moreno
arder
serás tú mi poema.
RESPIRAR PROFUNDO
Cuando la calle duerme
en la mecedora
de mi sala
el alma de la soledad se aniña
cómplice de la Vida
emigra en el espacio,
crea el poema, se configura
el momento es sagrado.
Cuando la calle duerme
se oye el canto
de un pájaro alado,
el respirar profundo de los amantes
el momento es infinito
en la silla mecedora,
el poema mece
la soledad de la sala,
del mundo
la soledad.
CABALLO VERDE
Ven, caballo verde,
en este agosto
y otros meses.
Traes en tu tropel
el aroma a matorral
que me despierta
y me excita
cuando la muerte
ya era mi pasto.
Ven horizontalmente verde
en el vaivén de la brisa
no importa tu ruta
la cerca que nos cerca
y el espacio que me resta.
CARACOL ILUMINADO
Guardé el poema
con cuatro llaves
Tranqué dentro de la casa
el tiempo y el gozo
todo lo que queda
para respirar fuera de mí
que estoy viva.
Que despierte en mí
el canto del caracol
anunciando la muerte
entre mis muslos
o florezca en verano
la rosa amarilla
devorando tu sed.
¿Y después, qué
hacer con ella?
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* Página ampliada e republicada em fevereiro de 2022
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