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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

LARA DE LEMOS

 

 

Nasceu em Porto Alegre, em 1928.  Jornalista, professora, advogada e tradutora.  Colabora em jornais: “Correio do Povo” e “Última Hora”. Dedicada ao magistério e à administração pública, também exerceu diversas atividades no campo jornalístico e literário. É autora de muitas obras, sendo a mais abrangente sua Antologia Poética.

 


TEXTOS EM PORTUGUÊS  / TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

Extraídos de

ANTOLOGÍA DE LA POESÍA BRASILEÑA

Org. y Trad.  Xosé Lois García

Edicións Laiovento

Santiago de Compostela, 2001

 

 

 

UM DIA, DE REPENTE

 

Um dia, de repente,

arrastam-nos à força

para um lugar incerto.

 

Um dia, de repente,

Desnudam-nos impudica/

mente.

 

Um dia, de repente,

somos apenas um ser vivo:

verme ou gente?

 

 

CELAS – 1

 

Viajo entre túneis de sono

como un cão vadio à procura

do dono.

 

Viajo em barcos fastasma

onde o tempo retrocede em busca

da alma.

 

Viajo consultando arquivos

e a memória ilumina rostos

redivivos.

 

Viajo procurando portos

e me encontro no país

dos mortos.

 

 

CELA – 6

 

A hora dos

capuzes negros

é a hora mais negra

dos prisioneiros.

 

Descer às cegas

pelas cascatas

apalpando paredes

adivinhando fissuras

 

Pisando superfícies

escorregadias

de sangue

e urina.

 

 

Às cegas.

 

 

CELDAS – 11

 

Habitamos onde

só existe arbítrio

Partir é permanência.

Voltar não é regresso.

 

Um mundo absurdo

nos cerca,

fragmentado e triste.

Jogo sem acerto.

 

Onde somos medo,

morte, sono

e nosso selo

- o degredo.

 

=============================================================

 

 

De

Lara de Lemos

INVENTÁRIO DO MEDO

São Paulo: Massao Ohno, 1997.

 


"Uma voz como a de Lara de Lemos tem de ser ouvida. Falo por experiência, porque ouço esta voz há anos. E sempre a ouço com respeito e comoção. Encontrar a poesia de Lara de Lemos é encontrar a arte e a paixão, é encontrar a dignidade e a esperança. Nós precisamos da poesia de Lara de Lemos."  MOACYR SCLIAR

 

"Em "Inventário do Medo", Lara de Lemos procede à exumação de sua traumática experiências durante as décadas de chumbo, tempo que podemos definir, juntamente com ela, de "malsinado", ou como descreveu em versos: "esse tempo de ameação,/ de fuzis e metralhas,/ de seres marcados para a morte."

A coletânea de poemas se estrutura tematicamente sobre a injustiça de que a autora foi vítima ao ser, de modo sumário, encarcerada e torturada."  ASTRID CABRAL

 

 

DA RESISTÊNCIA

Cantarei versos de pedras.

Não quero palavras débeis
para falar do combate.
Só peço palavras duras,
uma linguagem que queime.

Pretendo a verdade pura:
a faca que dilacere,
o tiro que nos perfure,
o raio que nos arrase.

Prefiro o punhal ou foice
às palavras arredias.
Não darei a outra face.  



CELAS - 16

Inútil bater
nas aldravas
das portas.

Inútil a espera
e a esperança.
Inúteis as palavras.

Inútil a trava
na garganta,
amarga a mágoa.

Agonia absurda:
a espada que nos fere
é cega e surda.


CELAS - 20

Fomos incursos
num código inconcebível
em improvável delitos.

Só nos resta
cumprir a sentença
imprescritível.


CELAS - 23

Eis que me retornam
vestes, sapatos,
óculos, relógios.

Bolsa povoada
de lenços, moedas,
inúteis estojos.

Despojada até aos ossos
não sei o que fazer
de meus despojos. 

 

ANTOLOGIA DA NOVÍSSIMA POESIA BRASILEIRA.  Seleção e notas de Gramiro de Matos e Manuel de Seabra.  Lisboa: Livros Horizonte, s.d.   194 p. (Coleção Horizonte Poesia, 14)  14x21 cm.   Inclui os poetas: Adauto de Souza Santos, Francisco Alvim, James Anhanguera, Eudoro Augusto, Carlos Ávila, Ronaldo Azeredo, Alberto Luiz Baraúne, Antonio Carlos de Brito, Augusto de Campos, Haroldo de Campos, José Carlos Capinam, Ana Cristina César, Chacal, Mário Chamie, (Charles) Carlos Ronald de Carvalho, Moacy Cirne, Ronald Claver, José Falcon, Armando Freitas Filho, Leomar Froes, Mauro Gama, Pedro Garcia, José Ino Grunewald, Júlio Castañons Guimarães, Lara de Lemos, Florisvaldo Mattos, Gramiro de Matos, Leila Miccolis, Carlos Nejar, Afonso Henriques Neto, Torquato Neto, Libério Neves, Sebastião Nunes, Mário de Oliveira, Décio Pignatari, Roberto Piva, Fernando Py, Ricardo G. Ramos, Affonso Romano de Sant´Anna, Wally Sailormoon (Waly Salomão). Silviano Santiago, Olga Savary, Roberto Schwartz, Abel Silva, Adão Ventura, Bernardo de Vilhena, Ronaldo Werneck, Jairo José Xavier.  Col. A.M.

 

 

                                      Poema de Múltipla Escolha

 

                                                 EM QUE TEMPO VIVO

                                                 EM QUE HORA?

de aço ( )

de água ( )

de mágoa ( )

de arma ( )

 

                                                 EM QUE TEMPO VIVO

                                                 EM QUE HORA?

de faca ( )

de ferro ( )

de fúria ( )

de fuga ( )

 

EM QUE TEMPO VIVO

EM QUE HORA?

de canto ( )

castigo ( )

cegueira ( )

cadeia ( )

 

EM QUE TEMPO VIVO

EM QUE HORA?

de teia ( )

de muro ( )

de usura ( )

de guerra ( )

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

Extraídos de

ANTOLOGÍA DE LA POESÍA BRASILEÑA

Org. y Trad.  Xosé Lois García

Edicións Laiovento

Santiago de Compostela, 2001

 

 

DE PRONTO, UN DÍA

 

Un día, de pronto,

nos arrastran a la fuerza

hacia un lugar incierto.

 

Un día, de pronto,

nos desnudan impudica/

mente.

 

Un día, de pronto,

el duro frio

del oscuro catre.

 

Un día, de pronto,

somos apenas un ser vivo:

¿gusano o gente?

 

 

CELDAS – 1

 

Viajo entre túneles de sueño

como um perro vagabundo en busca

de su dueño.

 

Viajo en barcos fatasma

donde el tiempo retrocede en busca

del alma.

 

Viajo consultando archivos

y la memória ilumina rostros

resucitados.

 

Viajo buscando puertos

Y me encuentro en el país

de los muertos.

 

CELAS – 6

 

La hora de los

capuchones negros

es la hora más negra

de los prisioneros.

 

Descender a ciegas

por las escaleras

apalpando paredes

adivinando fisuras

 

pisando superfícies

resbaladizas

de sangre

y orina.

 

A ciegas.

 

 

CELDAS – 11

 

Habitamos donde

sólo existe arbitrio.

Partir es permanencia.

Volver no es regreso.

 

Un mundo absurdo

nos cerca,

fragmentado y triste.

Juego sin acierto.

 

Donde somos miedo,

muerte, sueño

y nuestro destino

el destierro.

 

 

Inventário do Medo, 1997

 

 

PARA QUE NO HAYA OLVIDO*

Tiempo sumidero.
El poema chispea
breve relámpago
en las tinieblas.

Árduo intento
de retener por milénios
el pájaro en su último
vuelo.

 


* escrito originalmente en castellano por la autora.

 

 

 

 

Pagina publicada em dezembro de 2007;ampliada e republicada em agosto de 2010. ampliada e republicada em outubro de 2013.

 





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